Violência preocupante em Cruzeiro faz Prefeitura e Estado se movimentarem
Enquete do Jornal Atos dá mostras de que população ainda espera por reforços na segurança; tráfico de drogas é maior motivador de homicídios
Kassiane Ribeiro
Cruzeiro
Cidade com o maior índice de homicídios de acordo com levantamento da secretaria de Segurança Pública do Estado, Cruzeiro continua um desafio para o poder público e a própria população, que não mostra confiança no dia a dia do município. Nas últimas semanas, as notícias de ampliação no monitoramento e novo planejamento de delegacias deram mostras de movimentação no combate ao crime.
Os recentes homicídios em Cruzeiro alarmaram a população, que se sente insegura.
O estudo da SSP, que leva em conta taxas de homicídio doloso (quando há intenção de matar) por 100 mil habitantes, entre agosto de 2022 e julho de 2023, divulgado há dois meses, colocou a cidade como a mais preocupante na proporção. No período em que a RMVale (Região Metropolitana do Vale do Paraíba e Litoral Norte) atingiu 314 pessoas assassinadas, Cruzeiro apareceu com índice de 33,78 (vítimas de homicídio por 100 mil habitantes).
O ranking tem ainda Lorena (32,39), Caraguatatuba (25,91), Guaratinguetá (19) e Caçapava (15,67).
Em agosto, mais seis assassinatos, que elevaram a taxa deste ano para 24 homicídios nos oito primeiros meses, uma leve queda, se comparada ao mesmo período do ano passado, quando Cruzeiro registrou 25 mortes.
Delegado responsável pela Delegacia Seccional de Cruzeiro, João Paulo de Oliveira, atribui o atual cenário às guerras de gangues de diferentes bairros. “São jovens muitas das vezes, em sua grande parte envolvidos em atos de tráfico de drogas ou roubo, e que acabam em uma disputa territorial, aí se matando”, explicou.
Ele destacou que é necessário uma ação das polícias (Civil e Militar), além do Município, para inibir a criminalidade. Para otimizar os atendimentos e investigações, os distritos de Cruzeiro passaram por uma reestruturação, que consistiu na centralização dos atendimentos à população na Delegacia Seccional, que funciona como uma Central de Polícia Judiciária. O plantão, a partir dessa semana, passa a funcionar 24 horas todos os dias, permitindo que as outras delegacias possam direcionar seus trabalhos às investigações em andamento.
Oliveira entende que o controle da onda de violência demanda tempo para ser solucionado, mas vê com otimismo as perspectivas das operações. “Tenho a absoluta convicção de que vamos conseguir resolver esse problema. Só que a gente precisa do tempo. A gente sabe que não é em um passe de mágica que se resolve problema de segurança pública, mas temos trabalhado com consistência e com comprometimento”.
Entre as ações dos últimos anos, o aumento no efetivo e armamento da Guarda Municipal, investimento na iluminação pública e ampliação das câmeras no COI (Centro de Operações Integradas) são comemoradas pelo Município. A cidade faz parte do bloco atendido pelo primeiro pacote do projeto Cinturão Eletrônico (Muralha Paulista), que distribuirá 108 câmeras. Cruzeiro receberá dez aparelhos.
Para o prefeito Thales Gabriel Fonseca (PSD), a tendência é que com os esforços em conjunto das polícias, Do Estado e do Município, os índices diminuam. “Todas as nossas energias, grande parte delas serão dedicadas a crianças e jovens que serão a sociedade daqui a cinco, dez anos”.
Apesar das ações para reverter a perspectiva, nas ruas o principal sentimento é o medo. A reportagem do Jornal Atos foi às ruas ouvir a população sobre o dia a dia na cidade, com índices alarmantes de criminalidade.
