Atos e Fatos

“A força da alienação vem dessa fragilidade dos indivíduos, quando apenas conseguem identificar o que os separa e não o que os une”

Milton Santos, geógrafo

Congresso Nacional, em Brasília; Professor Márcio Meirelles comenta sobre a reforma tributária (Foto: Reprodução EBC)

Professor Márcio Meirelles

O PAÍS PARTIDO

A reforma tributária em tramitação no Congresso Nacional até agora só produziu incertezas.

A manutenção dos privilégios tributários a alguns estados, um valor de imposto que poderá ser o maior do mundo, movimentos regionais de defesa de estados, disputa eleitoral e o infindável problema de caixa de estados esbanjadores e incompetentes.

Se não bastasse estes problemas que criam uma crise federativa a posição do governador de Minas, Romeu Zema, ao definir os dezesseis estados nordestinos e nortistas como” vaquinhas que produzem pouco”, mas recebem um “tratamento bom” do produtor rural, no caso, o governo federal com mais recursos, gerou tensão.

Se não bastasse a sua falta de sensibilidade política demonstrou uma inabilidade terrível ao tratar de um assunto sensível aos estados das regiões norte e nordeste.

Longe da memória, o momento que o ex-presidente Bolsonaro definiu a região norte e nordeste composta por brasileiros que não gostam de trabalhar?

Falta de prática e vivência política em desconhecer que existem hoje, no país, mais de 20 grupos e movimentos organizados que, ainda, com poucas adesões, se manifestam publicamente nas redes sociais clamando por autonomia para seus estados.

Os movimentos separatistas pregam que estados e regiões se tornem independentes, abandonem a República Federativa e se tornem países, a exemplo da Escócia (Reino Unido), Califórnia (EUA), na Espanha o País Basco e a Catalunha.

Será que o governador nunca leu nada sobre a Revolução Constitucionalista de 1932, em São Paulo e a revolução Farroupilha de 1835, Confederação do Equador (Pernambuco, 1824) e das revoltas regionais ocorridas durante o Período Regencial (1831-1840), como a Cabanagem (Pará), Balaiada (Maranhão) e a Sabinada (Bahia)?

Os movimentos separatistas foram evocados por plebiscitos informais na época.

Sampadeus, um trocadilho com a palavra São Paulo e adeus, como o Brexit, a saída da Inglaterra da União Europeia.

O governador trouxe, inabiidade ou inocência, que nos movimentos separatistas há interesses oligárquicos, manifestações preconceituosas e discriminatórias, principalmente em setores do Sul e Sudeste.

O interessante que esta atitude do governador, um movimento político para angariar votos de uma direita que que não tem mais a marca do ex-presidente Bolsonaro, no Sul e Sudeste.

Se tinha alguma pretensão política de angariar o espólio do ex-presidente na região o fez com maestria: acertou o pé com um tiro bem dado.

De longe, não tem a habilidade de um político mineiro!

Em 2018, candidato do partido Novo (nasceu velho!) venceu os ex-governadores Fernando Pimentel (PT) e Antônio Anastasia (PSDB) mesmo sem nunca ter ao menos concorrido a algum cargo político.

Natural de Araxá, no Triângulo Mineiro, nasceu em 1964 e ganhou projeção no cenário estadual como empresário do varejo.

O seu grupo empresarial, ramo eletrodoméstico, distribuidoras de combustível, concessionárias de veículos e financeiras, em certa ocasião, chegou a 800 estabelecimentos distribuídas por cidades com mais de 50 mil habitantes.

Eleito ao seu primeiro cargo político em 2018, em uma “onda antipolítica”.

Daí, talvez, o seu perfil político ao adotar uma plataforma em uma “onda antipolítica” que o marcou profundamente.

Reeleito governador a sua administração marcada por uma tentativa de ajuste nas contas públicas do estado, onde enfrenta uma crise de atraso e parcelamento de salários do funcionário público, “herança maldita” do ex-governador Pimentel do PT.

Colocando no centro da discussão da reforma tributária a questão- quem ganha e quem perde – criou uma tensão e uma discussão delicada sobre o conceito federativo.

O fato de que o Sul e o Sudeste contribuíem com 80% da arrecadação dos tributos incita dúvidas e acirradas discussões.

Todavia, o que o país deveria discutir é o fato pelo qual os estados do norte e nordeste não se desenvolvem.

Geograficamente as regiões próximas da linha do equador tem baixa produtividade e a pergunta:

 – Por que os governos, até hoje, não incentivam atividades que se adequem ao clima da região?

Aprendemos que geografia é colorir mapas.

Há vastos exemplos no mundo.

Os políticos é que precisam de reformas!

Compartilhar é se importar!

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