Atos e Fatos

“A estupidez é o combustível dos ditadores e dos falsos profetas”.

Carlos Henrique Mascarenhas Pires

Sessão na CPMI que investiga os atos golpistas de 8 de janeiro; professor Márcio Meirelles comenta (Foto: Reprodução EBC)

Professor Márcio Meirelles
A CPMI E A DEMOCRACIA

A Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) de 8 de janeiro marcou um momento crucial na história política do Brasil.

Criada com o objetivo de apurar possíveis irregularidades no governo Bolsonaro que poderiam ameaçar a democracia do país, a CPMI se tornou o epicentro de debates acalorados e discussões políticas.

Durante quase cinco meses, deputados e senadores ouviram 21 depoimentos, quebraram sigilos, analisaram milhares de documentos, trocaram farpas entre si.

Um espetáculo para as suas bases eleitorais. Como sempre!

O relatório aprovado tem 1700 páginas e concluiu que houve uma tentativa de golpe de Estado.

A solicitação de 60 indiciados e o ex-presidente Bolsonaro, portanto, 61 suspeitos.

O parecer recebeu 20 votos favoráveis e 11 contrários.

A oposição queria demonstrar que o governo eleito facilitou a invasão, tese que não encontrou apoio nas discussões da comissão. Os governistas firmando a tese de que houve uma deliberada ação golpista do presidente Bolsonaro, diante da sua insistência em afirmar que as urnas eletrônicas podiam ser fraudadas, as palavras de ordem contra a autoridade de ministro e do próprio Supremo Tribunal Federal.

Insistente e cansativa as suas críticas!

O relatório da Comissão aponta o ex-presidente como o maior responsável pelos atos golpistas construindo uma narrativa que retrata a sua postura à frente da Presidência da República e suas críticas aos outros poderes, especialmente ao Supremo Tribunal Federal.

O 8 de janeiro foi precedido por uma “violência simbólica”.

Para entender completamente o significado da CPMI de 8 de janeiro, é essencial mergulhar no contexto político brasileiro.

Desde o início do governo Jair Bolsonaro, o país foi palco de divisões profundas entre seus cidadãos e líderes políticos.

O governo Bolsonaro foi marcado por políticas controversas, tensões com outros poderes do Estado e uma retórica política inflamada.

A Comissão tinha o papel crucial de investigar diversas alegações de irregularidades, que incluíam acusações de abuso de poder, interferência nas instituições democráticas e tentativas de minar o sistema democrático brasileiro.

Há dúvidas sobre estes fatos?

Entre os pontos de investigação estavam a disseminação de desinformação, o relacionamento com as forças armadas, e o resquício do desastre do combate a pandemia da Covid-19.

A Comissão convocou testemunhas-chave, incluindo ex-membros do governo, autoridades e outros envolvidos.

O Presidente Bolsonaro não foi ouvido. Deveria!

Os depoimentos revelaram detalhes surpreendentes sobre as ações do governo como as alegadas pressões sobre as instituições democráticas e as tensões políticas internas.

As audiências públicas foram acompanhadas de perto pela mídia e pela população.

Os resultados da Comissão tiveram um impacto significativo na política brasileira, onde se lançou luz sobre questões críticas sobre o exercício democrático, mas também aprofundou a divisão política no país.

A oposição apresentou um relatório paralelo repleto de suposições sem comprovações que foi rejeitado.

As conclusões devem afetar a popularidade do ex-presidente e influenciar o debate político em torno das eleições futuras.

Como a sociedade brasileira está acostumada a ver as Comissões Parlamentares de Inquérito caírem no esquecimento, talvez esta, tenha apenas o objetivo de gerar mais polêmicas em uma sociedade dividida entre direita e esquerda (?)

O que aconteceu com a Comissão Parlamentar Mista da Covid-19? Nada!

De qualquer forma, as conclusões da Comissão permaneceram como um ponto de virada na história política do Brasil, independentemente de como as descobertas afetem o cenário político.

Ela destacou a importância da transparência, da accountability (conjunto de práticas utilizadas pelos gestores para prestar contas e se responsabilizar pelas suas ações) e da manutenção da democracia em uma sociedade.

O Brasil, como muitos outros países, continua enfrentando desafios complexos e questões políticas profundas, e a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito de 8 de janeiro um capítulo crucial nesta jornada.

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