Região registra recordes de temperatura com nova onda de calor

Inmet, Inpe e Cptec fazem alerta para período entre o fim de ano e início de 2024; Cachoeira Paulista bate recorde por dois dias consecutivos

População enfrenta sol escaldante durante o dia; Inmet alerta para aumento de temperaturas na região (Foto: Arquivo Atos)

Thales Siqueira
RMVale

A RMVale (Região Metropolitana do Vale do Paraíba e Litoral Norte) deve continuar registrando números recordes de temperatura. Segundo o Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia), o Cptec (Centro de Previsão de Tempos e Estudos Climáticos) e o Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) novas ondas de calor devem ocorrer entre o final do ano e o início de 2024.

Esta quinta-feira (16) deve registrar o dia mais quente na região desde o início da nova onda de calor, que começou no fim da última semana. A previsão é que algumas cidades registrem temperaturas próximas aos 40ºC.

Assim como outras regiões do país, a RMVale está inserida em uma faixa do território brasileiro classificada como de “grande perigo”. O Instituto emitiu um alerta vermelho que é estabelecido quando as temperaturas ficam 5ºC acima da média podendo ocasionar problemas graves de saúde. Somente no sábado (18) as temperaturas devem ser amenizadas e o calor diminuir.

Apenas cinco cidades da região têm estação de medição de temperaturas sendo monitoradas pelo Inmet: Taubaté, Cachoeira Paulista, Bragança Paulista, São Luiz do Paraitinga e Campos do Jordão. Esses termômetros são utilizados como referência para as cidades vizinhas.

Nesta semana, Cachoeira Paulista bateu recorde de dia mais quente do ano por dois dias consecutivos. Na segunda-feira (13) o registro foi de 38,6ºC enquanto no domingo (12) marcou 37,8ªC. A temperatura mais elevada, até então, era de 37,7º registrada no dia 24 de setembro. Taubaté foi outra cidade da região a apresentar recordes de temperatura com a onda de calor. Na terça-feira (14), o município registrou 39,2ªC, sendo a primeira vez que ultrapassou os 39ªC desde quando começaram as medições feitas pelo Inmet.

O pesquisador do Inpe, Lincoln Alves, afirmou que o país deve ter novas ondas de calor até o final do ano e que o aumento das temperaturas tem relação direta com o El Niño, fenômeno responsável por deixar as águas do oceano mais quentes, e com o aquecimento global. É a quarta vez que ocorrem ondas de calor no país de forma sequencial já que houve registros nos últimos quatro meses.

“Durante esse fenômeno, o aquecimento anômalo das águas do Oceano Pacífico provoca alterações na circulação atmosférica global. Isso resulta em condições atmosféricas propícias para a formação e persistência de massas de ar quente e seco sobre parte do território brasileiro. Essas massas de ar quente, associadas a sistemas de alta pressão, acabam gerando as ondas de calor, aumentando a temperatura média e prolongando os períodos de altas temperaturas em várias regiões do país”, explicou o pesquisador, que disse ainda ser necessário reduzir drasticamente as emissões dos gases de efeito estufa e trabalhar medidas adaptativas a essa nova realidade para evitar novas ondas de calor cada vez mais intensas. “Medidas de adaptação como aumentar as áreas verdes nas cidades, utilizar materiais de forma isolante térmica para aumentar o conforto térmico dos ambientes. Trazer iniciativas que possam diminuir o impacto negativo na população”.

A reportagem do Jornal Atos entrou em contato com cidades da RMVale para questionar o que está sendo feito para amenizar os impactos das ondas de calor.

Crianças se refrescam em fonte da praça, no centro de Lorena; cidades devem registrar máxima de 40° (Foto: Arquivo Atos)

Em Cachoeira, a vereadora Thálitha Barboza (PT) fez um requerimento para o Executivo para perguntar quais medidas estão sendo elaboradas pela Prefeitura para amenizar o calor excessivo. “A Prefeitura respondeu que adquiriu alguns ventiladores para algumas escolas, mas é preciso fazer mais”, destacou a parlamentar em suas redes sociais.

Em Pindamonhangaba, a Prefeitura emitiu um decreto, nesta quinta-feira (16), flexibilizando a jornada de trabalho dos empregados públicos e permitindo o uso de bermudas e camisetas durante o trabalho, exceto nos casos de necessidade de uso de uniforme e equipamentos de proteção. A exceção do decreto são as atividades relacionadas às áreas de segurança pública e de saúde.

Em nota oficial publicada, o Executivo afirma que os servidores públicos que trabalham expostos ao sol trabalharão em dois períodos, das 6h às 12h e das 16h às 22h. “O decreto 6.510 vai permitir redução da jornada de trabalho dos servidores públicos que laboram sob exposição solar, enquanto perdurar a onda de calor, sem qualquer prejuízo à remuneração mensal”.

Cidades como Lorena e Cruzeiro mantém fontes públicas funcionando em praças para o uso da população. Em Lorena, a fonte da praça Arnolfo Azevedo é sucesso há anos, desde sua inauguração. Em um sistema parecido, a Prefeitura de Cruzeiro mantém fonte na praça Antero Neves, a praça da Cãmara. O local foi reformado com verba do MIT (Município de Interesse Turístico).

Apesar das medidas, as cobranças por cuidados e melhorias se fazem necessárias. Nesta quinta-feira, a professora de línguas, Letícia Zarbietti (27 anos), utilizou as estruturas do Laboratório de Análises Clínicas São José, prédio anexo à Santa Casa de Cachoeira Paulista. No local, ficou indignada ao ver que o único ventilador da sala de espera estava quebrado e os pacientes enfrentavam o forte calor de 28ºc, às 8h20. “A gente está em jejum para fazer o exame, com pressão baixa, um calor ‘do cão’ e não tem infraestrutura para a população. Isso é desumano. E aí, ‘autoridades’, poderiam colocar um ‘ventiladorzinho’ pra funcionar. Acho que isso dá pra fazer”, criticou em publicação nas redes sociais, onde marcou o prefeito Antônio Mineiro (MDB) e os vereadores Carlinhos da Saúde (PL) e Adriana Vieira (PTB). A parlamentar entrou em contato com a professora e garantiu que já havia procurado a secretaria de Saúde.

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