Caraguatatuba busca reinserção de moradores de rua no mercado de trabalho
Programa atende cerca de cinquenta homens e mulheres no abrigo municipal; assistidos são direcionados para entrevistas de emprego
Lucas Barbosa
Caraguatatuba
Tentando contribuir para que pessoas em situação de rua deixem essa condição em Caraguatatuba, a Prefeitura lançou na última semana um programa para reinserção deste grupo no mercado de trabalho. O projeto, realizado junto aos assistidos pelo Abrigo Municipal, atua no processo de preparação dos candidatos e encaminhamento para entrevistas de emprego.
Devido a intensa frente fria que atingiu o Litoral Norte no fim de julho, a equipe do Serviço Social de Caraguá intensificou suas ações de abordagem e de acolhimento de pessoas em situação de rua. A iniciativa contribuiu para que cerca de cinquenta homens e mulheres fossem encaminhados para o Abrigo Municipal. Além de dormitórios e refeições, o aparelho público oferece aos assistidos produtos de higiene pessoal e cortes de cabelo.
Após receberem os cuidados necessários, os acolhidos são recebidos por uma equipe do PAT (Posto de Atendimento ao Trabalhador), que identifica suas aptidões e o histórico profissional. Na sequência, os agentes auxiliam os interessados a criarem seus currículos e darem entrada no processo de emissão da Carteira de Trabalho. Após estes procedimentos, o PAT, que possui um banco de dados das empresas que buscam novos funcionários, direciona as pessoas em situação de rua para as entrevistas de emprego.
A iniciativa municipal já começou a colher frutos na última semana. Numa comovente entrevista publicada no site oficial da Prefeitura de Caraguá, Rafael (ele não teve seu sobrenome divulgado), 32 anos, relatou que foi abandonado pelos pais ainda na infância, desde então morando na rua. Graças ao programa de reinserção ao mercado de trabalho, ele atua desde o último final de semana como pizzaiolo de um restaurante do bairro Sumaré. “Desde criança todas as minhas chances de ter uma vida melhor foram rompidas. Com 18 anos, virei cozinheiro e achei que finalmente iria me estruturar, mas mais uma vez não deu certo. Estou em Caraguá há quatro meses e quando recebi o convite para vir ao abrigo não pensei duas vezes. Tenho certeza que esta é minha chance de finalmente ter meu lar”.
Paralelamente ao projeto de reinserção ao mercado de trabalho, que será mantido por tempo indeterminado, a atual gestão municipal promove no abrigo um trabalho que busca localizar as famílias dos assistidos, tentando garantir que eles consigam retornar aos seus lares e cidades de origem. Já os moradores em situação de rua que sofrem de dependência química são encaminhados para clínicas de reabilitação do Estado.