Funcionários do Estado protestam contra abono que prioriza professores

Pinda está entre cidades paulistas que registram protestos; trabalhadores pedem que sejam incluídos em benefício anunciado por João Doria

Manifestação de profissionais da Educação do Estado, em Pinda, excluídos de abono salarial (Foto: Bruna Silva)

Bruna Silva
Pindamonhangaba 

Mais de quinhentas cidades no estado, incluindo Pindamonhangaba registraram, nesta segunda-feira (18), atos contra a medida de abono salarial (que beneficia somente professores) anunciado pelo governador João Doria (PSDB), na última semana. Os manifestantes reivindicaram também aumento salarial, além de reajustes nos vales refeição e alimentação.

Cerca de sessenta pessoas estiveram na porta da Diretoria de Ensino, em Pinda, apontando os descontentamentos com à medida que para o grupo “desvaloriza a classe”. O abono salarial, que totaliza investimentos de R$ 1,5 bilhão, anunciado na última sexta-feira (15), visa homenagear o quadro de funcionários do magistério. O projeto de lei que viabiliza o pagamento do abono deve ser enviado para a Alesp (Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo) no próximo mês. A aprovação permitirá que todos os professores com exercício efetivo em 2021, efetivos ou não, receberão o benefício. Serão contemplados com o bônus salarial: os dirigentes regionais de ensino, diretores de escola, professores da educação básica 1 e 2, supervisores de ensino e coordenadores pedagógicos. “Eu me senti um lixo na sexta-feira”, confessou uma manifestante ao comentar o anúncio que exclui agentes de organização escolar e também funcionários do administrativo das unidades estaduais. Após cerca de quarenta minutos de discursos e gritos por valorização, os trabalhadores foram recebidos pela diretoria regional. O próximo passo é organizar um abaixo-assinado com apoio de todos os funcionários e o registro de requerimento para que sejam levados até a secretaria estadual de Educação.

“Cadê? Aqui não tem ninguém nos apoiando. Só nós! Na hora que pedem para fazer greve de professores, eles vêm até pedir apoio pra gente. Mas nessa hora que o bolso deles tá cheio, ninguém tá aqui (sic)! Ninguém quer ajudar! (…)”, afirmou outra manifestante, que continuou. “Eu fui uma que fiquei 15 dias trancada dentro da minha casa. Porque alguém que estava contaminado foi até a escola… E eu moro com meus pais idosos. Esse é o risco que a gente corria no dia-a-dia. E hoje a gente tá fora!”.

Protesto é marcado por funcionários com cartazes e gritos por valorização da classe (Foto: Bruna Silva)

Por meio de nota, a secretaria estadual de Educação informou que está ciente sobre as demandas dos trabalhadores, e que, no momento, a lei federal 173/2020, que vigora desde maio de 2020, impede o reajuste no salário de servidores federais, estaduais e municipais. A pasta destacou também que tem buscado formas de viáveis e legais para realizar melhorias para a categoria. “O Projeto de Lei Complementar nº 026/2021 (PLC 26) foi enviado à Assembleia Legislativa de São Paulo e prevê uma adequação na carreira dos trabalhadores com ênfase em uma base pedagógica, o que permitirá que, no futuro, os servidores da classe possam ser contemplados em ações da secretaria que hoje, por conta de normativos anteriores, não podem participar, como o pagamento do abono e de gratificações, programas para formação continuada, subsídio na compra de equipamentos, entre outras”.

O Estado afirmou ainda que o projeto prevê a valorização dos servidores através de aumento salarial a partir de 2022, atendendo parte da reivindicação da classe.

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