Provedor da Santa Casa confirma informações de Zambelli sobre internação gratuita de hacker em Guará

Investigados pela Polícia Federal, deputada e Delgatti receberam atendimento de hospital; ligação entre parlamentar e entidade foi revelada em meio a processo de invasão online do CNJ

Evento realizado na Santa Casa, com a participação da deputada Carla Zambelli, ao lado de Barros, Soliva e Yasumura (Foto: Reprodução)

Da Redação
Guaratinguetá

A estreita ligação entre a deputada federal Carla Zambelli (PL) e a Santa Casa de Guaratinguetá chamou atenção da Polícia Federal (PF) depois que o processo de investigação, com escutas e avaliação de documentações, revelou a internação do hacker Walter Delgatti Neto. O provedor do hospital, Rômulo Augusto Barros, comentou o caso em entrevista à Rádio Máxima FM, após a PF solicitar ao STF (Supremo Tribunal Federal) uma apuração sobre o atendimento em meio às investigações de invasão online ao site do CNJ (Conselho Nacional de Justiça).

Na última sexta-feira (1), o caso foi divulgado em matéria no G1, portal de notícias do Grupo Globo, destacando o relatório da Polícia Federal com a solicitação ao STF, entregue na última quinta-feira (29), para apuração sobre o contato que levou Delgatti a Guaratinguetá.

O hacker e Carla Zambelli são suspeitos de terem invadido o sistema online do CNJ para inserir documentos falsos que teriam como alvo o ministro do STF, Alexandre de Moraes. Além de invasão de dispositivo informático, a dupla é acusada de falsidade ideológica.

À emissora de Guaratinguetá, Barros seguiu a linha apresentada pela deputada ao G1 e contrariou pontos da PF que havia indicado uma tentativa de ocultar a identidade de Delgatti, possivelmente para evitar expor a relação existente entre o hacker e a parlamentar.

O G1 frisou que a deputada revelou, em novembro de 2023, ao blogue da jornalista Andréia Sadi, que havia providenciado o transporte de Delgatti até a Santa Casa, em viagem entre Brasília e Guaratinguetá, negando irregularidades no episódio, versão acompanhada pelo provedor “… ela (Carla Zambelli) me ligou e falou ‘Rômulo, eu tô (sic) com um membro da minha equipe que é da área de informática, que cuida do meu site e ele está muito mal. Estou precisando que você me ajude’. Eu falei ‘Lógico, Carla, você encaminha ele pra cá’. Aí eu perguntei a ela ‘Mas por quê?… aí em Brasília não tem hospital que possa?’. Ele (Delgatti) estava em Brasília, veio de carro”, contou.

Barros negou que a parlamentar teria pedido sigilo sobre o nome do paciente e afirmou que nos registros da Santa Casa constam o nome de Walter Delgatti Neto. Perguntado se os dados do paciente no prontuário estariam à disposição da investigação da PF, o provedor garantiu que não haverá problema para uma possível busca sobre o caso.

“O nome que está é do Walter, ficou uma semana conosco. Sobre o prontuário, já pedi pra levantar, porque surgiu (denúncia) no fim de semana, eu acho. Então pedi já pra administração levantar o prontuário pra deixar à disposição das autoridades que quiserem observar”.

O relatório da Polícia Federal revela que durante depoimento, o hacker disse que ficou na ala particular da Santa Casa, sem pagar nada pelo atendimento. A informação levantou suspeitas da PF sobre influência política, já que Zambelli enviou recursos por meio de emendas parlamentares para o hospital nos últimos anos, como um repasse de R$ 3 milhões. “Não vejo relevância, porque não é só Walter que nós tratamos de uma maneira… graciosa, sem cobrar. Alguns pacientes a pedido do Bertaiolli (Marco Aurelio, ex-deputado federal), a pedido da Adriana Ventura (deputada federal pelo Partido Novo) e a pedido de outros deputados, atendemos também como cortesia, em agradecimento à emenda parlamentar que nos é enviada”, exemplificou Barroso.

Uma matéria publicada pelo Jornal Atos, em outubro de 2023, traz informação sobre a participação da deputada no evento que comemorou a entrega de um tomógrafo, ao lado do provedor, do prefeito Marcus Soliva (Republicanos), e do parceiro correligionário e vice-prefeito Régis Yasumura (PL). A compra do equipamento e a reforma de instalações do hospital foram executadas com recursos destinados pela deputada por meio de emenda parlamentar. “Ela (Zambelli) não doou (destinação parlamentar) R$ 3 milhões, ela doou R$ 4 milhões. Tinha doado (sic) quase R$ 1 milhão antes, por uma visita que nós fizemos a ela, em Brasília. Se sensibilizou com o hospital.”, contou o provedor, que frisou ainda o motivo pelo atendimento gratuito a Delgatti. “Ela não pediu para ser gratuito. Nós, da Santa Casa, achamos por bem, por cortesia e por gratidão, não cobrar. Essa despesa do rapaz foi em torno aí de uns R$ 10, R$ 12 mil. Perto do que ela nos enviou, de emendas, não é nada”.

A reportagem do Jornal Atos procurou a diretoria do hospital para mais detalhes sobre o caso, mas nenhuma resposta foi encaminhada até o fechamento desta edição.

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