RMVale registra alta de 26% de estupros no primeiro semestre

Delegada diz que violência contra mulher cresce devido ao aumento de denúncias; último ano foi marcado por maior índice de casos no Brasil

DDM em Lorena; delegada acredita que aumento de denúncias é importante para o combate ao crime (Foto: Andréa Moroni)

Andréa Moroni
RMVale

A RMVale (Região Metropolitana do Vale do Paraíba) registrou aumento no número de estupros. O levantamento reúne todos os registros realizados pelas delegacias de Polícia Civil das cidades da região de São José dos Campos, Litoral Norte e Serra da Mantiqueira.

De janeiro a junho desse ano foram anotadas 399 ocorrências, enquanto em todo o ano de 2022 foram 315 casos, alta de 26%.  Os dados foram divulgados pela secretaria de Segurança Pública).

As cidades com maior aumento dos casos no primeiro semestre de 2023 foram: Cachoeira Paulista (500%), Santa Branca (300%), Igaratá (200%), Paraibuna (200%), Ilhabela (160%), Tremembé (133,3%) e Lavrinhas (100%).

Para a delegada responsável pela DDM (Delegacia de Defesa da Mulher de Lorena), Adriana Gonçalves, ainda que exista no país a crença de que o estupro acontece em uma rua, fora da casa da vítima, a realidade é diferente. “Não é assim que a maioria dos casos ocorrem. Eles acontecem com autores em que a vítima conhecia, confia, seja um familiar, um amigo. Tem também o estupro marital, que muitas vezes não é admitido. É difícil de se provar, mas ocorre”.

Em Lorena, o número de estupros ficou estável em relação ao mesmo período do ano passado. Nos primeiros seis meses de 2023 foram 14 ocorrências contra 15 do mesmo período de 2022.

No cenário nacional, a situação também é preocupante. Em todo ano passado, o Brasil registrou74.930 vítimas, de 17ª edição do Anuário Brasileiro de Segurança Pública, publicado na última quinta-feira (20). Este é o recorde histórico nos registros de estupros (os dados reúnem também os casos de estupros de vulneráveis. Segundo o levantamento, foram 205 registros de estupros por dia em 2022.

O crime prescreve depois de vinte anos. “Mas se na data de ocorrência ela for menor de idade, os anos começam a contar depois que ela for menor de idade. Então, se ela for vítima com dez anos de idade, a prescrição do crime só começa a contar quando ela fizer 18 anos”, explicou Dra. Adriana.

A delegada afirmou que o registro de violência contra a mulher tem aumentado a cada ano. “O que a gente percebe não é que a violência doméstica aumentou, foram os registros das denúncias que aumentaram. As campanhas de esclarecimento, as palestras em escolas, a mobilizações do governo, da Polícia Civil levam a esse aumento de registros”.

Dra. Adriana informou que também tem acontecido uma mudança no tipo de registro. Segundo ela, antigamente eram muito mais casos de lesão corporal e menos casos de ameaça. “Hoje, as mulheres fazem as denúncias antes de efetivamente serem agredidas fisicamente”.

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