Na espera por zona azul, moradores reclamam da falta de estacionamento e trânsito de Cruzeiro

Sistema de cobrança tem previsão para outubro; estacionamento irregular da Rua Dois vira opção para fácil acesso

Andreah Martins
Rafael Rodrigues
Cruzeiro

Os motoristas que circulam pelas ruas de Cruzeiro enfrentam frequentes problemas para estacionar em vagas próximas ao centro comercial.

Congestionamentos e lentidão nos horários de picos são recorrentes, principalmente após às 17h. Motoristas da cidade pedem que seja intensificada a fiscalização no trânsito e a implantação da zona azul, que está com a licitação em desenvolvimento, após impugnações que adiaram o processo.

Não são poucas as histórias de reclamações, como o caso do taxista Anderson Gonçalves, que está na cidade há 23 anos e têm dificuldade no desembarque de passageiros. “Dependendo do local, quando não tem vaga, a gente tem que colocar o carro em uma garagem, ligar o ‘pisca alerta’ para o passageiro poder desembarcar”, reclama.

Com as ruas saturadas, uma das saídas encontradas pelos motoristas é o estacionamento irregular da rua Engenheiro Antônio Penido, a Rua Dois.
O terreno, que faz parte das dependências da antiga Estação Ferroviária, atua há anos de forma ilícita. Monitorado por ambulantes, a alternativa é utilizada pelo funcionário público Jairo Roberto de Carvalho. “Eu tirei minha carteira ano passado, dirijo pouco aqui na cidade, mas quando eu preciso estacionar, eu já vou direto naquele da Rua 2, porque é mais fácil, sempre tem vaga. Na cidade é complicado”.

Questionada sobre a fiscalização e a irregularidade do local, a Prefeitura não respondeu até o fechamento desta edição.

Nas ruas, a expectativa é de que a implantação da zona azul seria uma solução para diminuir o congestionamento de carros estacionados. “Aqui faz uma falta constante a zona azul, porque estacionamento é complicado, principalmente em horário de pico; além de mais fiscalização no trânsito, que é esporádico também”, completou Gonçalves.

De acordo com a Prefeitura, o sistema de estacionamento rotativo deve se tornar uma realidade ainda em outubro. O secretário de Planejamento e Obras, Rodolfo Scamilla, confirmou que até o próximo dia 31 seja cumprida a última etapa da licitação, que é a análise das ofertas das empresas no páreo. “Nesse momento, o processo está no Departamento Jurídico em uma avaliação e, posteriormente, vamos abrir os envelopes com os dados técnicos e financeiros. Essa abertura será no final de agosto”.

Após a etapa, mesmo que haja recursos proferidos pelas empresas derrotadas, a vencedora terá um prazo para implantação da estrutura, previsto para setembro. “As empresas que perderem a licitação podem até realizar algum tipo de questionamento, mas isso não vai mais travar o procedimento. Quem vencer a licitação terá um mês para cumprir as obrigações do edital”, afirmou o secretário.

Entrave – Desde agosto de 2017, a Prefeitura tenta, sem sucesso, finalizar o processo de licitação da zona azul. Depois de várias impugnações, o edital foi suspenso pelo Tribunal de Contas do Estado, para análise. Só depois de cinco meses de estudo, o órgão liberou a documentação com alterações.
“Só em maio desse ano que conseguimos reabrir o edital. Diante disso, em 12 de julho fizemos a primeira análise das empresas interessadas, com a abertura dos envelopes (com a documentação exigida)”, explicou Scamilla.

O responsável pela pasta informou ainda que de seis empresas, apenas quatro estão aptas a continuarem o processo licitatório do serviço de cobrança de vagas.

De acordo com o edital, será de responsabilidade da empresa vencedora administrar 510 vagas nos primeiros dois anos de contrato, mas existe uma exigência no documento que, após esses primeiros anos, a empresa consiga dobrar o número de espaços para estacionamento, que alcance oitocentas vagas em 2020.

O valor inicial cobrado de R$ 1,50 poderá ser pago com a compra do bilhete no comércio, e nas ruas com os agentes contratados pela empresa vencedora. O secretário garantiu ainda que os motoristas poderão adquirir o bilhete por meios tecnológicos. “A cobrança será feita por parquímetro, aplicativo para celular, mensagens de SMS, Central de Vendas e por e-mail”.

Para que a empresa vença a licitação no final de agosto, o principal quesito a ser cumprido é o percentual de repasse que será destinado à Prefeitura, após dois anos de uso do serviço. “Conforme lei municipal, devido ao valor de instalação, a empresa não vai repassar nenhum valor para à administração. Mas é bom deixar claro que, após dois anos de serviço, o repasse mínimo para o poder público é de 15%. Essa é a concorrência, quem der o maior valor de repasse é que vencerá o certame”, finalizou Scamilla.

O último balanço do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), realizado em 2016, apontou que a frota de veículos em Cruzeiro ultrapassa 38 mil automóveis. Enquanto o número de carros chega a 23 mil, as motos computam 8,5 mil.