Estudo aponta que apenas 6% dos hotéis de Aparecida possuem acessibilidade

Adaptação estrutural de espaços para atender pessoas com deficiência é exigência para empresariado do setor, mas cidade está longe de cumprir meta municipal estipulada

Área tomada por hotéis em Aparecida; cidade tem apenas 6% dos estabelecimentos com acessibilidade (Foto: Arquivo Atos)
Área tomada por hotéis em Aparecida; cidade tem apenas 6% dos estabelecimentos com acessibilidade (Foto: Arquivo Atos)

Rafael Rodrigues
Aparecida

Hotéis e pousadas em Aparecida estão longe de oferecerem qualidade de atendimento adequados para pessoas com deficiência, ou seja, a palavra acessibilidade parece não fazer parte dos serviços que a rede hoteleira da capital católica oferece aos hospedes.

Pelo menos é isso que indica um estudo realizado pelo especialista em mobilidade urbana e acessibilidade, Valmir da Silva, que apontou que menos de 6% dos hotéis e pousadas da cidade oferecem estrutura para atender pessoas com algum tipo de deficiência.

De acordo com o autor do estudo, o artigo 45 da Lei de Inclusão diz que hotéis, pousadas e similares devem ser construídos observando-se os princípios do desenho universal, além de adotar todos os meios de acessibilidade, conforme legislação em vigor. A regulamentação da lei começou a vigorar no último dia 1 de março.

Segundo Valmir, desde então, construções novas já devem ser realizadas cumprindo a porcentagem de acessibilidade exigida por lei, e a partir de agora, as construções anteriores à 2014, têm ainda 4 anos para se adaptarem. “A rede hoteleira precisa de adequar, porque desde o dia 1 de março entrou em vigor uma regulamentação que obriga toda obra ou reforma nova, se adequem as necessidades. As demais têm agora quatro anos para se adaptarem e terem 5% dos leitos adequados para receberem pessoas com deficiência”, explicou o especialista.

Para Valmir, a conclusão do estudo é que um percentual muito pequeno de hotéis está adequado, e a cidade ainda tem outro grande problema que é a clandestinidade, com muitos leitos clandestinos.

De acordo com o estudo, o principal problema encontrado foi a falta de acessibilidade para atender pessoas com deficiências visual e auditiva. “Não encontrei adaptações para atender esse público de pessoas. O cego e surdo vão sofrer muito ou sofrem ao virem para Aparecida. Para o cadeirante ainda encontramos algumas adequações”, avaliou.

A ideia, a partir de agora, é estender a coleta de dados para o poder público. “A Prefeitura recebeu com muito bons olhos. Já dialogamos com os vereadores, e a ideia é estender essa leitura e fazer uma orientação para confeccionar uma cartilha para mostrar o que precisa ser feito, e ainda se possível colocar prazos”, afirmou.

O vereador Waldemir José Pedroso, o Wadê (DEM), foi responsável por trazer o especialista para coletar os dados. Cadeirante, o parlamentar tem como uma das principais bandeiras a busca por mais acessibilidade no município.

Segundo Wadê, é evidente que o turismo é muito importante para cidade, mas é necessário fazer com que todos entendam que algumas melhorias de atendimento devem ser feitas, entre elas, a acessibilidade. “Precisamos fazer com que a rede hoteleira seja adaptada. Precisamos melhorar a infraestrutura das calçadas, e tem muito o que ser feito. Por isso vamos conversar muito com o Poder Executivo para que todos tenham a sensibilidade de que precisamos de acessibilidade”, finalizou o parlamentar.

Palavra do setor – O presidente do Sinhores (Sindicato dos Hotéis, Bares, Restaurantes e Similares de Aparecida e Região), Francisco Viviani, afirmou que entende a necessidade de se realizar uma mudança estrutural para atender às necessidades de pessoas com deficiência, mas destacou as dificuldades enfrentadas por parte dos empresários com a crise financeira. “Estamos recomendando nossos hoteleiros, mas diante da crise que estamos vivendo em nosso País, muitas pessoas não estão investindo. Mas estamos diante desse fato, instruir ao máximo a rede hoteleira para que tenhamos um avanço nessa área”, contou.

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