Estudo sobre última década aponta refração do PIB regional e recuo do salário médio após fechamento de indústrias

Alteração do perfil econômico da RMVale tem efeito direto na geração de emprego e renda das famílias

Trabalho na produção da AGC, uma das empresas instaladas na região durante a última década (Foto: Reprodução)

Leandro Oliveira
RMVale

Com bom escoamento de produção para três das maiores cidades do país, Rio de Janeiro, São Paulo e Belo Horizonte, a RMVale (Região Metropolitana do Vale do Paraíba e Litoral Norte) luta para não perder a característica econômica industrial. O fechamento de indústrias e as consequentes demissões impactam diretamente na mudança de perfil econômico. Um estudo publicado pelo Programa de Mestrado e Planejamento e Desenvolvimento Regional da Universidade de Taubaté aponta o empobrecimento da região ao longo dos últimos anos, com recuo do salário médio e até refração do PIB (Produto Interno Bruto).

O estudo leva em conta uma alteração no perfil nacional econômico, em que há uma mudança na produção do país nos últimos quarentas anos. Na década de 1980, cerca de 25% de tudo que era produzido no Brasil vinha da indústria. Atualmente, apenas 10% do volume é industrial. As regiões mais afetadas com essa mudança de cenário são as que tem como perfil principal a indústria, como o RMVale. O levantamento foi realizado com dados analisados de 2010 a 2019. Os anos da pandemia não foram levados em conta.

Renda – O salário-médio da região recuou 6,6% neste período, enquanto o salário-médio no estado de São Paulo teve alta de 2,66%. Taubaté (-14%), São José dos Campos (-10,7) e Cruzeiro (-5%) são os municípios que mais perderam renda.

Já o salário-médio industrial teve recuo ainda maior, de 10,9%. No estado houve redução de 2,6%. São José (-18%), Taubaté (-11,8), Jacareí (-5,9%) e Pindamonhangaba (-3%) tiveram os principais recuos do setor. Apesar dos dados, Pinda tem sido destaque em ações pelo setor, com investimento no polo industrial e acesso ao distrito de Moreira César e aporte de grandes marcas do setor.

“A atividade industrial é aquela que melhor remunera seus trabalhadores. Consequentemente, a redução do emprego na indústria impacta diretamente em outros setores de atividades”, explicou o economista Edson Trajano, um dos responsáveis pelo estudo.

O PIB da indústria regional despencou em diversos municípios, entre 2010 e 2019. Caçapava (-37,8), Taubaté (-33%), Cruzeiro (-25,7) registraram os maiores recuos. A variação do PIB total nos mesmos municípios também foi negativa, com -17,5%, -16,6% e -5%, respectivamente.

Emprego – Entre 2010 e 2019, o Vale do Paraíba teve variação de -0,33% na geração de empregos totais formais, de acordo com o Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados). No mesmo período, porém, apenas levando em conta as admissões e demissões do setor industrial, a região teve oscilação de -13,52%. Foram mais de 27 mil demitidos a mais do que contratados pela indústria. Taubaté (-30), São José (-20%) e Cruzeiro (-17,6%) são as que mais fecharam postos de trabalho.

“Esses trabalhadores industriais são os que tem carteira assinada, plano médico, e isso ajuda bastante no processo de desenvolvimento, que acaba gerando renda, que incentiva o avanço das atividades de comércio e serviços. Então, o Vale do Paraíba fica cada vez mais pobre com a redução da participação das atividades industriais”, detalhou o economista.

Em 2021, LG e Ford fecharam suas unidades em Taubaté. No ano passado, a Caoa Cherry também encerrou as atividades, em Jacareí. A MWL de Caçapava decretou falência em 2022 e demitiu todos os funcionários.

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