Guaratinguetá é pré-selecionada para receber escola cívico-militar

Município estuda unidade e aguarda consulta pública com pais de alunos; professor questiona métodos e implantação de programa na cidade

Unidade teste da escola cívico militar no Brasil; Guará está entre cidades com liberação para o sistema (Foto: Reprodução EBC)

Leandro Oliveira
Guaratinguetá

Guaratinguetá foi pré-selecionada para receber o Pecim (Programa Nacional de Escolas Cívico-Militares). A proposta é de âmbito nacional e o recebimento dela foi confirmado pela secretaria de Educação. O MEC (Ministério da Educação) divulgou uma lista com os municípios de todo o país que estão aptos a receber o programa. Na região, apenas de Frei Galvão.

No estado de São Paulo, Guará é acompanhada por Santos, Americana, Botucatu, Bauru, Piracicaba, Pedro de Toledo, São José do Rio Pardo e Caçapava.

De acordo com nota encaminhada pela Prefeitura, Guaratinguetá ainda está na fase de espera por mais informações do Ministério da Educação. “É necessário aguardar mais informações que ainda serão enviadas para a Prefeitura pelo MEC, com os procedimentos e documentos necessários para que o acordo de cooperação técnica efetivamente aconteça”, destacou o Município por meio de nota.

Em entrevista ao Jornal Atos na última sexta-feira (14), a secretária de Educação, Elisabeth Sampaio, confirmou que três escolas da rede municipal de ensino estão na disputa para receber o programa. Apenas uma será contemplada. Após a definição, será realizada uma consulta pública com os pais e mães dos alunos dessa unidade. “Só após a consulta que a Prefeitura deve indicar se será ou não implantada. A consulta deve ser enviada até 14 de fevereiro. Não temos ainda uma escola que atenda todos os critérios e vamos aguardar a decisão do nosso prefeito”, citou a secretária.

Para o professor da rede pública de ensino, João Luís Lemos, o programa não tem embasamento pedagógico e os investimentos focados em apenas uma unidade escolar, poderiam ser destinados a outras melhorias coletivas.  “Outra questão que a gente vê, que já era um receio grande antes da implementação, é a questão da restrição da prática docente de determinados temas serem abordados, que são previstos no currículo, na ABNCC (Base Nacional Comum Curricular) e em documentos da Educação, como a questão de se ter uma educação crítica com relação ao racismo, homofobia, diversos preconceitos que existem na nossa sociedade”.

Entre os apontamentos feitos pelo professor, consta a padronização dos alunos. “Uma das questões é a excessiva uniformização. Se você pega o debate que é feito na educação hoje, é a importância de valorizar a diversidade, dos sujeitos estarem em desenvolvimento próprio de acordo com a realidade de cada estudante”, apontou.

A secretária de Educação informou que ainda não foi orientada sobre como vai funcionar o programa, caso seja implantado no município, mas ela garantiu que o cronograma de ensino de todas as escolas será mantido na unidade escolhida como método cívico-militar.
“Não tivemos nenhuma orientação de como vai funcionar pedagogicamente essa escola cívico-militar. Não sabemos como isso vai ocorrer. Não posso afirmar que há direcionamento, intervenção com a prática pedagógica do professor, que há intervenção em relação ao nosso planejamento escolar, porque nas escolas de Guaratinguetá, nós temos uma unidade”, salientou Lemos. “Todas trabalham o mesmo planejamento. As práticas pedagógicas são as mesmas. São os mesmos projetos. Acredito que a escola cívico-militar não vai desrespeitar o projeto político-pedagógico das escolas municipais”, completou.

A secretária não divulgou os nomes das três escolas que disputam receber o programa. O Município tem até 14 de fevereiro para definir a unidade escolar, realizar uma consulta pública com os pais dos alunos matriculados nesta escola e encaminhar ao Ministério da Educação.

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