Maxion e sindicato debatem redução de jornadas e salários

Adesão a plano do governo federal faz parte da tentativa de impedir novas demissões em 2016

Amisted Maxion
(Foto: Arquivo Atos)

Da Redação

Cruzeiro

Uma assembleia com os funcionários debateu nesta sexta-feira (16) a adesão da indústria metalúrgica Iochpe Maxion ao PPE (Programa de Proteção ao Emprego), reduzindo a jornada de trabalho e os salários. A medida tenta impedir uma nova onda de demissões na empresa de Cruzeiro, que dispensou 860 empregados no primeiro semestre.

Um dos focos da crise em Cruzeiro, a Maxion tenta evitar a retomada do período de baixa, com elevação do desemprego, o que agravou os problemas na cidade, que sofre com a falta de recursos para o funcionalismo e o atendimento na saúde.

A intensão da fabricante em aderir ao plano do governo federal é estabilizar os gastos com os funcionários para evitar demissões.

Para o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos, Jumar Batista da Silva, a proposta da Maxion tem que ser analisada com responsabilidade, já que a prioridade é manter os empregos. “Qualquer alternativa que vier para evitar novas demissões será analisada. Não queremos perder outros postos de trabalho, uma vez que a cidade vive em função da Maxion”, destacou o sindicalista, que já enviou uma contraproposta para aceitar o PPE com 5% de reajuste salarial em janeiro de 2016; abono de 15% a ser pago em parcela única em dezembro; PRÓ 2016 a ser pago em parcela única, em julho, no valor de R$ 1,8 mil; manutenção dos 5% de subsídios na compra de remédios com receita médica; validade de seis meses para o acordo e a estabilidade de emprego até abril de 2017.

Silva ressaltou que o acordo entre trabalhadores, empresa e sindicato no primeiro semestre, ainda está mantido. “Todos os funcionários terão a garantia do emprego até 31 de dezembro de 2015, porém estamos trazendo para o trabalhador decidir juntos a aceitação da adesão ao PPE devido ao prazo do governo, que também termina em dezembro”, explicou.

Crise – As dificuldades econômicas do país atingiram em cheio o setor automobilístico. Com a queda nas vendas, a produção de montadoras acabou sofrendo retração, brecando também a produção na Maxion.

De acordo com levantamento da Anfavea (Associação das Fabricantes de Veículos), a queda foi de 42,1% na produção de automóveis, comerciais leves (picapes e furgões), caminhões e ônibus em setembro, na comparação com o mesmo mês do ano passado.

Durante o último mês, o oitavo consecutivo de queda na produção, foram fabricados 174,2 mil veículos, contra 300,8 mil em setembro de 2014, uma redução de 19,5%.

Com a baixa, as principais montadoras do país, que mantém contratos com a Maxion anunciaram desaceleração e demissões. A fabricante de Cruzeiro colocou em prática, em agosto e setembro, um sistema para a suspensão temporária dos trabalhos, na tentativa de impedir prejuízo na linha de chassis da Iochpe Maxion, afetada pela greve da GM (General Motors), que durou duas semanas e da Mercedes, que havia anunciado cortes de três mil postos de trabalho.

Cerca de 1500 trabalhadores dos setores da linha de produção de chassis, prensados e rodas tiveram que ficar em casa. Sindicato e Maxion chegaram a um acordo em julho para evitar novas demissões na cidade.

No primeiro semestre, a empresa chegou a dispensar 860 trabalhadores e projetava mais quatrocentas demissões de cargos ociosos na linha de produção.

Saída – Lançado pelo Governo Federal, em julho, o PPE (Programa de Proteção ao Emprego) garante a diminuição da carga horária em até 30%, com redução de salários em até 15%. Os outros 15% são custeados pelo próprio governo, com recursos do FAT (Fundo de Amparo ao Trabalhador).

Em Cruzeiro, a expectativa é de acerto do PPE com redução da jornada e salário de 20%, sendo descontado 10% do trabalhador e 10% do governo.

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