Jovens aguardam investigação após denuncia de agressão e homofobia em Aparecida

Vídeo divulgado mostra trocas de socos e apontam para participação de funcionários de pizzaria; estabelecimento nega envolvimento de colaboradores

Casal se fere em aparecida após agressão motivada por homofobia, em Aparecida (Foto: Colaboração)

Thales Siqueira
Aparecida

Uma denúncia de agressão e homofobia, na madrugada do último domingo (16), gerou revolta em Aparecida. Um jovem de 22 anos relatou que ele, seu marido e um amigo foram vítimas de ataques físicos em um restaurante na região central da cidade. O casal Augusto Felipe e Thiago Ribeiro e seu amigo Rafael Oliveira, que aguardam as investigações, tiveram ferimentos no corpo e precisaram ser atendidos na Santa Casa.

Um boletim de ocorrência foi feito na segunda-feira (17) e medidas judiciais estão sendo tomadas contra o estabelecimento e contra os agressores. Ao Jornal Atos, o maquiador contou que estavam passando na rua em frente a uma pizzaria, quando foram agredidos verbalmente por duas mulheres que consumiam no local. Minutos depois, quando seu amigo decidiu pegar o celular para poder gravar o flagrante de homofobia, surgiu um rapaz que o atingiu com um soco na direção do seu rosto e do seu celular.
“Elas começaram a falar ofensas homofóbicas, como ‘vocês estão lindas menininhas’, com muito deboche e muita ironia. Eu perguntei o porquê delas estarem fazendo isso, porque a gente só estava passando pela rua. Aí quando meu amigo decidiu gravar o caso de homofobia, surgiu um homem que lhe deu um soco no seu rosto e bateu no celular. E aí começaram as agressões”, contou Augusto Felipe. “Eu e meu marido tentando ajudar nosso amigo a se defender, a sair daquela situação”, frisou o rapaz.

O jovem revelou que o mais revoltante foi o fato dos garçons e funcionários da pizzaria não terem feito nada para ajudá-los. “Os garçons não fizeram nada para nos ajudar. Absolutamente nada! Nem para apaziguar a situação nem para separar a briga. Eles simplesmente se envolveram na briga e depois nos expulsaram de lá. Chamaram um guarda para poder tirar a gente de lá, como se a gente tivesse errado”.

Felipe contou ainda que após o ocorrido, precisaram receber atendimento na Santa Casa, pois ficou com o braço machucado, enquanto seu amigo teve uma luxação no pé e machucado no olho. O cabelereiro Thiago Ribeiro teve lesões nos joelhos e uma fratura na mandíbula.

Ainda em frente ao restaurante, na noite do episódio, o maquiador teve a ideia de postar um desabafo nas redes sociais, denunciando o crime por homofobia. Até o momento, o vídeo já obteve mais de 86 mil visualizações, mais de duas mil curtidas e seiscentos comentários.

Na segunda-feira foi feito também um boletim de ocorrência na Delegacia de Polícia de Aparecida. Um exame de corpo delito também foi realizado no IML (Instituto Médico Legal). Desde então, a advogada dos jovens, familiares e amigos seguem tentando identificar os responsáveis pela agressão, para tomarem providências.
“O sentimento que fica é de angústia, aquela dor no peito, aquela ansiedade, aquele desespero de saber que você foi atacado, você foi espancado simplesmente por você ser quem você é”, lamentou. “Simplesmente por você estar passando de mãos dadas com o seu namorado na rua”.

Depois que postou o vídeo, o casal recebeu muitos relatos de pessoas que teriam sido humilhadas na mesma região da cidade. “Já foram feitas de chacota pelos garçons. Então é uma coisa que já vem acontecendo já faz um tempo e a gente está lutando para que isso não aconteça mais”, lamentou o rapaz.

Estabelecimento – A equipe do Jornal Atos procurou o restaurante-pizzaria, mas não conseguiu contato com o proprietário. Em nota publicada nas redes sociais, os responsáveis pelo estabelecimento confirmaram a ocorrência, mas negaram a participação dos funcionários na agressão dos jovens.
“… nossos colaboradores, frente ao desentendimento instaurado, tentaram compreender as circunstâncias e pacificar possíveis agravamentos. Diante do insucesso em acalmar os ânimos das pessoas envolvidas, agora em via pública, deu-se início a um conflito corporal, sem qualquer participação ou agressão dos colaboradores do nosso estabelecimento, senão tão somente para mitigar a desavença (trecho da nota)”.

Ainda segundo o texto de esclarecimento, os jovens teriam atirado cadeiras e cascos de cerveja promovendo a desordem.

Ao final do comunicado, a equipe do restaurante afirmou que não compactua com nenhuma forma de discriminação e que repudia quaisquer atitudes similares.

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