Atos e Fatos

“Mar calmo não faz bom marinheiro”

  Dito popular

Gráfico indicador da economia; professor comenta sobre impacto de macrotendências (Foto: Reprodução EBC)

Professor Márcio Meirelles

IMPACTO DAS MACROTENDENCIAS

Mais uma vez, a última, peço licença ao leitor para tratar de um assunto preocupante para o mundo e principalmente para o nosso país.

São desafios a enfrentar e parece que o governo e suas instituições não estão preparados para enfrentá-los.

São desafios, mas oportunidades para o nosso país.

As macrotendências são mudanças que ocorreram em grande escala a longo prazo, permanecendo por muitos anos na sociedade.

Afetam diferentes segmentos do consumo e refletem inovações, identidades e comportamentos socioeconômico-culturais.

Desde 2020 tivemos que aprender a viver diante de uma pandemia – parece que esquecemos que existiu -, em seguida, o conflito Ucrânia e Rússia – parece que esta guerra acabou – uma tragédia humana com grandes repercurssões.

A primeira tendência a nos incomodar é a possibilidade de uma desaceleração econômica global.

Para um país que se sustenta na exportação de commodities uma preocupação.

A nossa inflação em baixa, mas acima da meta,  uma taxa de juros elevada, talvez longa, diante do aumento de gastos do governo e o  crescimento médio do PIB para os próximos anos abaixo das expectativas.

A segunda tendência macroeconômica se refere a aceleração dos compromissos assumidos pelo mundo e o nosso país na questão climática.

Na Europa, a legislação exigindo rigor nas importações dos países emissores de carbono, no caso do nosso país, desmatamento, proteção ao meio ambiente.

Apesar de termos construído um sistema estruturado, de proteção ao meio ambiente baseado na Constituição Federal e legislação específicas nos três entes federativos, a precária situação dos órgãos de fiscalização, falta de recursos, a complexidade da distribuição de competência entre os entes federativos.

A falta de estrutura administrativa, pessoal, a prevaricação e a enraizada corrupção: o dano ambiental fica sempre impune.

A terceira tendência a crescente demanda por commodities, quando atingiremos 8 bilhões de habitantes,

Para alimentar tantas pessoas precisamos crescer, mas o planeta resistirá a este crescimento?

Nos apresentamos como fornecedores confiáveis nas commodities agrícolas, minerais e outras, mas seremos sustentáveis?

A necessidade de investimentos em inovação pelo uso da tecnologia digital no campo que permitem maior produtividade baseado em capital privado, pois o nível de investimento público em inovação é insignificante em relação ao tamanho do país.

Outra tendência preocupante: a reconfiguração das cadeias de suprimento.

No processo de globalização as cadeias de suprimentos mudou o perfil econômico de muitas regiões do mundo.

Para empresas com cadeias complexas os fatores de custo, disponibilidade e cobrança social são considerados para a mudança de base de fornecimento.

Com um reforma tributária com subsidios dadivosos a certos grupos, uma reforma trabalhista a ser descontruída, a volta de ideias de um sindicalismo ultrapassado a rondar o país, a profissionalização do uber e vai por aí.

Estamos na contra-mão da história. Como sempre!

Por último, a evolução do mercado de trabalho.

As novas formas de organização do mundo do trabalho – o país insistir em regredir -; as pessoas com expectativas diferentes de evolução de carreira; onde o modelo de organização hierarquizada está em crise.

Uma tendência constatada: o número crescente de pessoas que pede demissão mesmo sem o segundo emprego em vista; e o segundo é a desistência silenciosa entre os jovens em fazer apenas o mínimo necessário para manter a sua função.

O modelo escolar trágico do país, onde os poderes constituídos não dão bola para o problema.

Em recente pequisa a professora Laura Machado, constatou que passamos de uma população com 2,6 anos para 8,1 de escolaridade, 211% e a sua contribuição no PIB foi de apenas 3%.

Conclusão: um país que não investe no ensino básico está fadado a  ter uma baixa produtividade.

Resultado da baixa qualidade de ensino nas redes municipais e estaduais de ensino básico.

O retrato da ineficiência burocrática em sua lentidão na solução dos problemas.

Os marinheiros que se cuidem, terão que aprender a remar em um mar de tormentas.

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