Atos e Fatos

“O poder despreza aqueles que não sabem ocupá-lo”

Talleyrand, diplomata francês

Ex-presidente Dilma Rousseff, Professor Márcio Meirelles comenta Governo (Foto: Reprodução EBC)

Professor Márcio Meirelles

GOVERNO DILMA (2010-2016)

A presidente Dilma Rousseff assume o governo com o ex-presidente Lula atingindo a maior taxa de popularidade, 80%,

“Nunca antes na história desse país”, parafraseando o presidente Lula, teve um presidente com tão alto grau de popularidade.

A sua eleição baseada no marketing político a “Presidente que não é política” antecipava o seu destino fatal onde governar é apoiar políticos no Congresso numa barganha conhecida como recurso de governabilidade.

A eleição de Dilma, primeira mulher eleita presidente do Brasil foi animador, auspicioso, sobre vários aspectos.

Os cargos ocupados por Dilma Rousseff, Ministra de Minas e Energia, Casa Civil (ocupa o lugar de José Dirceu envolvido no escândalo do Mensalão), vista pelo presidente Lula como uma militante de perfil técnico e capacidade gerencial.

Vence a eleição de 2010.

Iniciou o governo cortando gastos no governo eliminando excessos do governo Lula.

Em 2010 a economia cresceu 7,5% gerando momentos de euforia poucas vezes vistos.

Os ministros envolvidos em corrupção foram afastados na operação “faxina” da presidente.

As avaliações de seu governo eram extremamente confortáveis com apenas 7% de ruim e péssimo e o de aprovação subia para 65% legitimando o seu governo.

O movimento de rua de 2013, os protestos contra o aumento das tarifas de transporte urbano, a sua avaliação despenca para 30%, mas assim mesmo se elege em 2014.

A sua candidatura para a reeleição magoou o presidente Lula, pois a sua intenção era voltar à presidência.

A mágoa de Lula foi relatada em diálogo com o ex-ministro Delfim Neto: “Ela sequer teve a dignidade nem de me telefonar para dizer que seria candidata”.

O presidente Lula não se entusiasmou com a sua campanha e chegou a relatar a amigos que seria preferível que ela perdesse, mas, enfim, aceitou a sua candidatura.

Os próximos ao presidente a chamavam de “doida”!

Segundo relatos na época, Lula aceitou a candidata Dilma porque ela fazia tudo que ele pedia quando ministra de Minas e Energia e Chefe da Casa Civil.

Eleita deixou de fazer as vontades do presidente. Deu no que deu!

O governo Dilma Rousseff inaugura o fim de um ciclo econômico.

Durante o governo Lula perdurou uma série de fatores que os economistas definiram como o “quadrado mágico”, favorável ao crescimento: os níveis de preços de nossas commodities; juros externos próximos de zero; o alto nível de desemprego em 2003 permitia o crescimento da economia; e o cambio depreciado propiciado, na época, pelo “risco Lula”.

Enfim, nada disso seria duradouro.

A partir de 2011, os índices de preço cairiam, as taxas de juros davam sinais de que não continuariam baixos, a taxa de desemprego parou de cair e a taxa de câmbio cresceu 60% em relação ao ano anterior.

O “espetáculo do crescimento” do presidente Lula não se consolida em função dos problemas estruturais como: falta de educação de qualidade; níveis inadequados de poupança e investimentos; gasto público elevado; falta de infraestrutura adequada; baixa produtividade.

No início do governo Dilma a economia rodava a 7.5% e o PIB o país caminhava para uma taxa negativa de 4,5 – 5%.

As inconsistências do governo Dilma eram latentes.

Os indicadores micro e macroeconômicos e o desarranjo dos setores de energia – elétrico e petróleo -, áreas de sua influência, se tornavam a cada dia mais evidentes e o aumento da dívida fiscal.

A desfiguração do tripé macroeconômico do Plano Real – dívida pública, controle da inflação e câmbio flexível – os problemas de gestão política conflituosos entre o Poder Executivo e Legislativo se tornam cada vez mais tensos.

As políticas oficiais estimulando o consumo e o gasto não davam sinais de crescimento e o PIB definhava a cada dia e a piora do ambiente de negócios no país era visível.

O relacionamento conturbado do Executivo e Legislativo, aliada à sua falta de experiência, – no jargão político “traquejo” -, a inaptidão de se cortejar a simpatia dos parlamentares gerou uma crise política que rompeu com o seu impeachment.

A oportunidade que o país teve de escolher entre adiar o enfrentamento dos problemas e ajustar a economia, preferiu esquecer o enfrentamento dos problemas.

Este era o desafio de Dilma e a saída para o país!

Deu no que está dando!

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