Após três anos, Max e Piscina são condenados a pagarem indenização à Doutor Coragem

Em 2021, vereadores intimidaram médico e o acusaram de negar atendimento na Santa Casa de Cachoeira; dupla deve pagar R454 mil entre indenização e honorários

Em vídeo de 2021, vereadores invadem a sala de descanso do profissional com agressões verbais (Foto: Reprodução)

Thales Siqueira
Cachoeira Paulista

Após três anos do episódio em que os vereadores Felipe Piscina (União) e Max Barros (PL) invadiram a Santa Casa de Misericórdia de Cachoeira Paulista e acusaram o médico Rodrigo Coragem de deixar os pacientes à espera de atendimento, os parlamentares foram condenados a pagarem uma indenização ao profissional. A dupla terá que repassar R$ 47 mil e mais R$ 7 mil de honorários.

O valor de R$ 47 mil será dividido em 12 parcelas mensais e iguais de R$ 3.916,66, sendo que o primeiro pagamento deve ser realizado até esta sexta-feira (5). Já os honorários deverão ser pagos em até trinta dias após a quitação da última parcela.

Em março de 2021, em plena pandemia da Covid-19, durante um plantão de 36 horas, Doutor Coragem foi abordado, na sala de descanso para plantonistas da Santa Casa, pelos vereadores que o agrediram verbalmente. O caso aconteceu após a realização de uma sessão extraordinária na Câmara, onde Piscina garantiu ter recebido uma série de reclamações sobre a demora nos serviços do hospital. Os parlamentares acusaram doutor Coragem de estar dormindo enquanto pacientes esperavam por atendimento.

Após o vídeo postado por Piscina viralizar e receber mais de quinhentos comentários negativos, o parlamentar optou por apagar a publicação. A ação causou revolta entre a população e ganhou ainda mais repercussão na mídia e redes sociais, com críticas aos vereadores.

No dia seguinte à postagem, o prefeito Antônio Carlos Mineiro (MDB) e o secretário de Saúde (na época), Gabriel Tadeu Rodrigues, participaram de um ato de apoio aos profissionais da saúde. Na ocasião, o chefe do Executivo pediu respeito à classe que estava na linha de frente do trabalho contra a Covid-19. A Santa Casa também chegou a emitir uma nota de repúdio nas redes sociais afirmando que a ação dos dois vereadores teve como objetivo único constranger o médico em seu local de trabalho e no seu direito ao descanso.

Uma semana após a polêmica com o médico, a Câmara de Cachoeira aprovou a abertura de uma comissão processante contra Max e Piscina. Os colegas de Tribuna foram acusados de quebra de decoro parlamentar, perturbação de sossego, abuso de autoridade e assédio moral contra Dr. Coragem.

Em maio de 2021, a processante foi arquivada com seis votos favoráveis e três contra. Apenas as vereadoras Adriana Vieira (PTB), Thálitha Barboza (PT) e Alexandre Alves (vereador na época) votaram contra o arquivamento. A justificativa para o arquivamento da representação foi baseada no regime interno e elaborado em 2016. Segundo a resolução 28.2016, “… os atos praticados pelos vereadores em questão não estão entre aqueles listados como atos contrários à ética e a postura parlamentar, por isso não é cabível nenhum ato punitivo…”.

A indenização a ser paga ao Doutor Coragem foi decidida após um acordo amigável entre os advogados de Max e Piscina e do médico. Após ambas as partes envolvidas entrarem em um consenso foi homologado um acordo na Justiça que prevê o pagamento.

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