Santa Casa quer contribuição de R$ 1 junto à conta de água em Cruzeiro

Provedor apresentou projeto  para implementar taxa facultativa; hospital enfrenta dívida de R$ 19 milhões

Ponciano Santa Casa Cruzeiro (22)
Em quarto duplo, pacientes recebem visita e conforto espiritual de religiosa; crise pode agravar sistema de internação (Foto: Francisco Assis)

Francisco Assis
Cruzeiro

A crise não é realidade recente para a Santa Casa de Cruzeiro. O hospital segue a sina de outras unidades pelo estado, que enfrentam problemas com a demanda no atendimento e tenta se manter na rotina de dívidas crescentes. Para sair do buraco, a diretoria busca alternativas, como a apresentada na última semana à Câmara, pedindo a criação de uma contribuição à entidade, cobrada na conta de água.

A proposta, levada à Casa pelo provedor do hospital, José Ponciano, durante audiência no último dia 26, deve ser votada em duas semanas. No cargo desde outubro, quando a dívida divulgada era de R$ 14 milhões, Ponciano argumentou que a dificuldade financeira do hospital torna quase impossível a adequação do serviço, alvo de críticas na cidade.

De acordo com o provedor, a ideia é implantar nas contas de água um mecanismo voluntário de ajuda financeira à Santa Casa. “Esse projeto pede a autorização da Câmara para a implantação dessa contribuição, como forma de auxiliar a Santa Casa. Seria uma ajuda facultativa, a partir do valor de R$ 1”.

O projeto, protocolado no último dia 5, foi discutido no Jurídico da Prefeitura, com avaliação do Saae (Serviço Autônomo de Água e Esgoto de Cruzeiro) e do prefeito Rafic Simão (PMDB). A proposta vem sendo repassada à população, por meio de panfletos, na tentativa de ganhar apoio popular.

No encontro com os vereadores, Ponciano repassou informações sobre a situação do hospital, respondendo perguntas sobre as dívidas, que atualmente ultrapassam os R$ 19 milhões.

“Hoje, o trabalho na Santa Casa é uma atividade deficitária, com fechamento mensal de R$ 100 mil ou R$ 200 mil de prejuízo. Não conseguimos reduzir essa dívida”, apontou o provedor.

O atendimento da Santa Casa é atualmente custeado por repasses da Prefeitura, em R$ 730 mil, para o serviço do Pronto Socorro, e R$500 mil atendimento SUS. “Mas isso é insuficiente. Para que as pessoas tenham uma idéia, se alguém aparecer e pagar toda nossa dívida, no final do ano estamos com nova pendência, porque esse serviço é deficitário. Esse é o motivo de pedirmos a criação de uma receita alternativa”.

A entidade enfrenta também atrasos em repasses, como o Pró Santa Casa, convênio com o governo do Estado que custeia parte do atendimento a pacientes de outros municípios (parte dos gastos são repassados pelas cidades atendidas).

O hospital tenta também empréstimos junto à Caixa Econômica Federal por meio do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social). No primeiro semestre, a entidade já havia emprestado R$2 milhões para compra de medicamentos e pagar médicos. A expectativa da diretoria é de ser atendida pelo BNDES com R$ 12 milhões. “Isso seria uma sobrevida”, frisou José Ponciano.

A proposta da tarifa foi encaminhada para análise no Legislativo, e deve entrar em pauta a partir da sessão do dia 14. Uma nova reunião deve ser marcada para que o provedor faça a prestação de contas detalhada da Santa Casa.

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