Aposta para ampliar ações culturais, Solar dos Pinto Antunes vira palco de confronto entre Fradique e Marcondes

Prédio histórico é chamado de “presente de grego” por vereador, que questiona compra em 2020; ex-prefeito nega irregularidades e aponta falta de comprometimento com a cultura local

O Solar Baptista D’Azevedo, comprado pela Prefeitura em outubro de 2020, mas que continua fechado (Foto: Arquivo Atos)

Da Redação
Lorena

O Solar Baptista D’ Azevedo, o “Casarão da dona Mariazinha Pinto Antunes” voltou a ser pauta em Lorena, nesta semana. Taxado como “presente de grego” e “grande abacaxi” pelo vereador Maurinho Fradique (MDB), o prédio é tema de discussão por utilidade pública no município. O ex-prefeito, Fábio Marcondes (sem partido), responsável pela compra, nega irregularidades com aquisição de R$ 1,6 milhão em 2020.

Fradique afirmou que teria recebido um suposto pedido de utilização da tribuna livre na Câmara, por parte de uma moradora da cidade, a professora universitária e presidente da Academia de Letras Lorenense, Neide Arruda, que estaria em busca de apoio para um projeto de utilizar o espaço para entidades culturais da cidade (a professora foi procurada pela reportagem do Jornal Atos, mas não houve retorno até o fechamento desta edição).

Em seguida, o vereador voltou à tribuna para falar sobre a compra do imóvel. Segundo Fradique, o prefeito Sylvio Ballerini (PSDB) recebeu o prédio como um “abacaxi”, que precisa ser resolvido juridicamente, para posteriormente ser revertido em trabalhos junto à sociedade. “O atual prefeito na verdade recebeu um presente de grego do ex-prefeito. Me compram um imóvel com situações contratuais, na Justiça a qual se gasta R$ 1,6 milhão e agora fica muito simples e fácil até dizer que o atual prefeito não está fazendo os trabalhos na casa da Mariazinha Pinto Antunes. Quando isso não é verdade!”, exclamou.

O parlamentar ainda chamou a compra de irresponsável e real “lambança” cometida pelo ex-chefe do poder Executivo.

Em resposta, Marcondes negou que haja qualquer irregularidade contratual ou impetrada na Justiça com a aquisição ainda em 2020 e reforçou o peso histórico cultural de preservação do espaço, que tinha como projeto a implementação de um museu, utilização de entidades sociais como o Projeto Guri e a licitação para uma cafeteria. “Efetuei o pagamento à vista na passagem da escritura. Não há problema nenhum e, com certeza, posteriormente também. Depois de escritura lavrada, não tem problema nenhum, não existe nada. Posso afirmar aqui que é uma mentira esfarrapada do vereador na tribuna”, salientou Marcondes ao citar que, na última terça-feira, pós-sessão, pediu ao seu advogado que averiguasse se haveria alguma ação relacionada à dona Mariazinha ou seus familiares, e nada foi encontrado.

O ex-prefeito criticou ainda o posicionamento do parlamentar ao utilizar termos chulos a um prédio que faz parte da história de Lorena. “Temos que considerar que a capacidade e a bagagem cultural e literária dele (Maurinho Fradique) é abaixo de zero. Ele não tem compromisso nenhum, como homem público e como ser humano, de compromisso com a cultura e com o resgate da história de Lorena”.

Em outubro de 2020, pouco mais de um mês de tratativas, Marcondes oficializou a aquisição do imóvel, desabitado há cerca de quatro anos, com recursos próprios. Uma área de 3.119.20m², sendo 670m² apenas de área construída e ainda uma área verde variada com espécies raras de arvores. “Se você dividir, sem o patrimônio cultural histórico, a edificação antiga, só a grade quadrada, o terreno na cidade extrapola o valor de R$ 1,6 milhão, tranquilamente”, valorizou o ex-prefeito ao lembrar a qualidade da localização do prédio no Centro do município.

O Jornal Atos também buscou um posicionamento da Prefeitura sobre o ocorrido, mas não obtivemos respostas dos questionamentos até o fechamento desta edição, porém, o Executivo garantiu que na próxima segunda-feira (23) iria averiguar as supostas irregularidades citadas pelo vereador. Também é aguardada a exposição do projeto cultural dos irmãos Ballerini’s para o espaço, atualmente inutilizado.

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