Em meio à polêmica de áudio sobre compra de votos, Câmara rejeita investigação sobre Rogéria Lucas

Conteúdo, que viralizou nas rede sociais, aponta quatro vereadores de Cachoeira entre os que teriam recebido para apoiar Edson Mota

Rogéria Lucas (esc.) que se livrou de processante na Câmara; vereadora acusa Adriana e Thálitha (dir.) por indução por fala em áudio (Foto: Arquivo Atos)

Thales Siqueira
Cachoeira Paulista

A Câmara de Cachoeira Paulista rejeitou na noite da terça-feira (23) um pedido para abertura uma processante contra a vereadora Rogéria Lucas (Podemos) por quebra de decoro e procedimento incompatível com o Legislativo. A parlamentar é acusada de negociar o seu voto a favor do ex-prefeito Edson Mota (PL) e contra o parecer do TCE (Tribunal de Contas do Estado), além de divulgar o nome de outros envolvidos e não ter comunicado à Comissão Ética.

A vereadora está no núcleo de uma polêmica após um áudio viralizar nas redes sociais com ela revelando que quatro parlamentares teriam sido pagos para votar a favor do ex-prefeito Edson Mota (PL). No áudio, ela conta que pediu que Mota assuma as prestações do seu carro e cita que o colega de Tribuna, Nenê do São João (PSB), como autor da oferta de R$ 5 mil a mando do ex-prefeito para aprovar suas contas.

Rogéria alega ter sido induzida pelas vereadoras Thálitha Barbosa (PT) e Adriana Vieira (PTB) a falar sobre os outros parlamentares e sobre Mota.

A solicitação pela processante, feita por Helena Haritidis Luiz, moradora de Cachoeira, foi rejeitada por 7 votos a 4. Todos os vereadores que são citados por Rogéria no áudio: Nenê, Dil Fonseca (PSD), Carlinhos da Saúde (PL) e Ângela Protetora (MDB) votaram pela rejeição. Além deles, Max Barros (UNIÃO) e Brejão (PSC) também foram contra o pedido.

Já Thálitha Barbosa, Adriana Vieira, Agenor do Todico (PL) e Felipe Piscina (União) votaram a favor da investigação. O vereador Rodolpho Borges (Rede) não compareceu à sessão e o presidente da Casa, Léo Fênix (PSB) não vota.

O que chamou a atenção de quem acompanhou a votação é que a própria Rogéria Lucas pode votar contra abrir a processante contra ela mesmo. A reportagem do Jornal Atos procurou o presidente da Câmara que afirmou que esse procedimento é previsto no decreto-Lei 201/67 do regimento interno da Casa. “Esse diploma veda a votação apenas quando o vereador é o denunciante. Não diz nada quando se trata de denunciado”, contou o chefe do Legislativo.

Na tribuna livre, Rogéria disse que já foi ouvida na Polícia Federal e que as vereadoras Adriana e Thálitha pediram que as acompanhassem até a delegacia seccional, em 2022, para que reclamassem dos colegas de tribuna. A parlamentar garante que foi induzida pelas duas colegas a falar mal do ex-prefeito e dos parlamentares mencionados no áudio.

“Elas gostam de ‘pilhar’ a gente, com a vereadora Adriana falando na cabeça. Porque elas não têm coragem, se escondem debaixo das asas da gente. Eu já sou assim, chego e falo. Aí a Adriana virou e falou pra mim ‘Ah já que a gente vai lá mesmo (polícia) porque você não aproveita e já acaba com os seus colegas? Eles nunca se preocuparam com você. Sempre te usaram, te detonaram. Aproveita e fala das contas, fala do ex-gestor’. Eu não gosto que as pessoas fiquem ‘isqueirando’”, atacou Rogéria, na tribuna.

A parlamentar ainda disse que o áudio está na íntegra na Polícia Federal, e que as vereadoras Thálitha e Adriana, além do delegado que participou da conversa, também serão ouvidos.

“No impulso, na raiva, eu fui mostrar que era a ‘boazuda’, a gostosona (sic). Elas foram lá para reclamar dos colegas, porque elas são perseguidas, onde eu falei isso”, contou.

Acusada por Rogéria de enviar um pendrive com o áudio para o delegado, Adriana Vieira lamentou o resultado da votação sobre a processante. “A política é uma coisa séria e está muito desacreditada por conta dos maus políticos. Quantas vezes a gente (ela e Thálitha) foi agredida aqui em tribuna? A gente não vai se abater, vamos continuar firme no nosso propósito”.

Sobre as acusações, Thálita Barboza disse que não induziu ninguém a nada. “Aquilo foi uma confissão que ela fez, de livre e espontânea vontade”.

No áudio vazado, Rogéria apontou Nenê do São João como responsável pela negociação em nome de Edson Mota. Mesmo assim, o vereador decidiu focar sua resposta a Adriana Vieira. Ele utilizou a Tribuna para dizer que não existe áudio seu negociando com nenhum vereador a favor de Mota, e que o objetivo deste vazamento é desestabilizar a Câmara por causa da processante contra o prefeito Antônio Carlos Mineiro (MDB), que responde processante aberta pela falta da construção da ponte do Turma 26 (a obra está em andamento, após liberação do Estado).

Nenê disse que vai processar a Adriana por difamação. “Eu vou entrar com um processo. “Foi meu nome que foi falado, eu quero provas. Vou lhe processar (Adriana) porque eu fui difamado. E não vai ser um processo não, vai ser um meu, um do Carlinhos, um do Dil e um da Ângela”, ameaçou.

Carlinhos da Saúde e Dil Fonseca que foram citados no áudio vazado utilizaram a Tribuna para se defenderem sobre a acusação. “Gostaria de esclarecer que jamais recebi alguma vantagem para proferir os meus votos em relação às contas do ex-prefeito. Eu não tenho o conhecimento técnico para avaliar o parecer do TCE, por esse motivo o meu voto sempre acompanha o parecer da comissão de finanças desta Casa que optou pela aprovação das contas”, afirmou Dil.

“Eu não tenho nada haver com essa porcaria. Eu quem pago meu carro (sic). Isto vai ter que ser provado na Justiça, porque eu não sou moleque, não sou bandido. Não preciso ficar pedindo dinheiro para prefeito nenhum”, frisou Carlinhos.

Outra citada no esquema indicado pelo áudio, a vereadora Ângela Protetora não utilizou a Tribuna livre para se pronunciar.

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