Com vizinhas “na UTI”, Santa Casa de Lorena tenta atender demanda

Número de atendimentos salta para dez mil mensais com crise na rede municipal de saúde; hospital investe em melhorias no sistema de triagem

Pacientes aguardam atendimento na Santa Casa de Lorena; hospital sofre com aumento de demanda (Foto: Arquivo Atos)
Pacientes aguardam atendimento na Santa Casa de Lorena; hospital sofre com aumento de demanda (Foto: Arquivo Atos)

Lucas Barbosa
Regional

Com diversas santas casas da região “respirando por aparelhos”, o hospital de Lorena registrou nos últimos meses um aumento de quatro mil atendimentos mensais. Sem apoio financeiro das cidades vizinhas, o atendimento da Santa Casa da cidade é obrigado a se desdobrar para absorver o crescimento da demanda.

Nos últimos anos, os moradores da região se acostumaram com as rotineiras notícias de problemas financeiros e estruturais vivenciados pelas santas casas.

Em Cachoeira Paulista, os mais de cem funcionários da Santa Casa, que acumula uma dívida de mais de R$ 30 milhões, entraram em greve no início do mês, em protesto aos atrasos salariais que chegam a dois meses. Os trabalhadores também cobram o pagamento de outros direitos trabalhistas como férias, depósito do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo e Serviço) e primeira parcela do 13° salário. Até o momento, a greve segue sem data para acabar.

Já em Aparecida, na última semana, os médicos que compõe o quadro clínico da Santa Casa anunciaram que podem paralisar todas as cirurgias eletivas na entidade. O estopim para a revolta dos profissionais foi atraso salarial de dois meses.

Em Cruzeiro, a situação não é diferente, já que devido a uma série de problemas administrativos, o hospital já conta com uma dívida que ultrapassa R$ 20 milhões. O atendimento também está prejudicado, já que somente estão funcionando o Pronto Socorro e o atendimento clínico de urgência.

Com a saúde financeira dos hospitais vizinhos na “UTI”, a Santa Casa de Lorena vem sendo obrigada a se adaptar a um aumento significativo de atendimentos. “Devido à absorção da demanda das cidades vizinhas, saímos de 6 para 10 mil atendimentos mensais. Somos obrigados a realizar o atendimento, já que estes pacientes acabam não tendo para onde ir. É importante lembrar que também somos referência para Canas e Piquete”, explicou a superintendente da Santa Casa de Lorena, Patrícia dos Reis.

Mesmo com o aumento, o hospital de Lorena não recebe nenhuma compensação financeira dos municípios vizinhos.

“As verbas governamentais continuam vindo para as outras cidades, mesmo que elas estejam mandando seus pacientes para Lorena. Para haver uma mudança era necessário refazer o sistema de referências, organizado pelo Departamento Regional de Saúde. Já entramos em contato com todos os órgãos competentes para tentar mudar esta situação, mas até o momento não ocorreram mudanças”, revelou.

Melhorias – Para otimizar a triagem dos pacientes do Pronto Socorro, a Santa Casa adquiriu em julho o equipamento Trius.
O Trius é um computador, ligado em rede, que organiza as fichas de atendimento dos pacientes e facilita o trabalho da equipe de triagem.
O equipamento também conta com medidores de temperatura, frequência respiratória, saturação de oxigênio, glicemia capilar e pressão.
Após este processo, a equipe médica utiliza o Protocolo de Manchester para classificar os doentes por cores que representam a gravidade do quadro e o tempo de espera para cada paciente. As cores utilizadas são Vermelho (Muito Grave), Laranja (Muito Urgente), Amarelo (Urgente), Verde (Pouco Urgente), e Azul (Não Urgente).

De acordo com a gerente de enfermagem da Santa Casa de Lorena, Elaine Cristina, a utilização do Trius agilizou o trabalho de triagem. “O uso deste equipamento reduziu em média de 10 para 2 minutos o procedimento de classificação de risco. Atualmente, o Pronto Socorro realiza 300 atendimentos diários, e a modernização foi o melhor caminho encontrado para qualificar e agilizar ainda mais o sistema de triagem”.

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