Alckmin suspende reorganização quatro dias após alunos “salvarem” escola em Cachoeira
Ocupação de dois dias foi o bastante para reverter situação na João Bastos; com decisão, Estado deve reavaliar caso a caso
Francisco Assis
Cachoeira Paulista
O esforço de cerca de 150 estudantes foi essencial para impedir o fechamento de uma escola em Cachoeira Paulista. Ocupado por dois dias por alunos do ensino médio e fundamental, o colégio estadual João Bastos Soares, no Jardim Trabalhista, foi o primeiro no Vale a derrubar medida da reorganização escolar, imposta pelo Estado. Nesta sexta-feira, o Governo Alckmin decidiu suspender a mudança na rede pública de ensino.
Cachoeira foi a cidade da região mais afetada com a medida do governo. Três escolas haviam sido incluídas entre as unidades que deixariam de receber aulas a partir de 2016. Além da João Bastos, a escola Professora Regina Pompeia Pinto também seria fechada.
Já a terceira unidade no município, no bairro rural Embauzinho conseguiu do Estado a reavaliação da situação ainda na segunda-feira, já que fica há 5,8 quilômetros da escola mais próxima. O colégio atende hoje 134 alunos do 6º ao 9º ano do ensino fundamental e também do 1º e 3º ano do ensino médio.
Sem a argumentação da distância, os alunos da João Bastos Soares tiveram que travar uma queda de braço de 48 horas. As aulas foram suspensas na quinta e sexta-feira com a ocupação.
Com acompanhamento da mãe de uma estudante, os adolescentes levaram cartazes e cobraram a atenção do Estado para a revisão.
“Porta voz” dos estudantes, Estéfani dos Santos, aluna do segundo ano do ensino médio, chegou a conversar com o diretor regional de ensino de Guaratinguetá, Cândido José dos Santos, que voltou na última segunda-feira com a resposta positiva do governo. “Foi bastante satisfatório. Em dois dias conseguimos esse resultado, que é importante, porque gostamos muito desta escola”, comemorou.
“O ensino médio ficou porque está atendendo o que o Estado quer, já que a ideia é que cada escola siga com um segmento de ensino e alunos da mesma faixa etária, o que pode acarretar em melhor rendimento”, explicou o vice-diretor da escola João Mendes Maciel. “O mérito desse resultado é todo dos alunos e dos familiares, que fizeram essa mobilização. Eles protestaram, buscaram a negociação e conseguiram esse resultado”.
Com a mudança, a João Bastos deve ampliar o número de estudantes atendidos. Atualmente, de acordo com Maciel, são cerca de 160 alunos. Ele espera que o número dobre, já que a escola conta com estrutura privilegiada, com lousa digital, internet e kit multimídia, além da acessibilidade em todos os setores do prédio. “É a melhor estrutura entre as escolas da cidade e quem sabe da região”, exaltou o vice-diretor.
Mudança – Após protestos por todo estado, o governador Geraldo Alckmin decidiu, nesta sexta-feira, suspender a reorganização escolar, que afetaria mais de trezentos mil alunos.
Além de frear a medida polêmica, Alckmin anunciou ainda na sexta-feira a saída do secretário da Educação do Estado, Herman Voorwald. Ele apresentou ao governador tucano a carta com o pedido de demissão, após a queda da proposta da reorganização.
A medida levaria ao fechamento de 94 escolas da rede estadual de ensino pela secretaria Estadual da Educação. A reorganização iria separar a maioria das escolas em unidades de ensino fundamental 1 (para crianças do 1º ao 5º ano), ensino fundamental 2 (6º ao 9º ano) e ensino médio.
Além das três escolas de Cachoeira Paulistas, outras cinco na região figuraram na lista de unidades afetadas pela reforma. As escolas Roça Grande e Rio Abaixo em Cunha; Professora Yonne César Guaycuru de Oliveira e Professora Iolanda Vellutini em Pindamonhangaba e o colégio Professor Francisco de Paula Santos, em Roseira.