Aceg aponta instabilidade política como motivadora de baixa no emprego do comércio

Primeiro semestre de queda no Caged mostrou alteração na procura por vagas; cidade tem alta no setor de serviços

Da Redação

Guaratinguetá

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Lojista anuncia disposição em vender estabelecimento, visual que se tornou comum na região central de Guaratinguetá (Foto: Francisco Assis)

Em meio à retração, o comércio de Guaratinguetá aposta no segundo semestre para alavancar o emprego, que teve déficit em levantamento do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados). Apesar do momento delicado, a expectativa na Aceg (Associação Comercial e Empresarial de Guaratinguetá) é que o setor se recupere com a instalação de empreendimentos na região.

A associação contestou uma notícia publicada pelo Jornal Atos, em agosto, que trouxe dados sobre o número de demissões no primeiro semestre na cidade. De acordo com dados apresentados pela Aceg, a informação correta aponta para saldo negativo de 419 postos de trabalhos, bem abaixo dos 800 informados na reportagem. Foram 1589 vagas preenchidas contra 2008 desligamentos.

Para o presidente da Aceg, Alexandre Dias, é preciso avaliar a situação como um todo, já que a cidade passa por mudanças em sua realidade econômica.

De acordo com o Caged, entre janeiro e julho, o setor do município com maior déficit depois do comércio é a indústria que atingiu saldo negativo de 157, seguida da construção civil com déficit de 52 empregos.

Os dados negativos foram equilibrados por setores como serviços e administração pública.

No primeiro, a maior elevação, Guará registrou 2186 admissões contra 1807 demissões, um saldo de 379 postos de trabalho.

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Alexandre Dias, presidente da Aceg (Foto: Francisco Assis)

Já o poder público absorveu 388 pessoas e demitiu 103 profissionais, gerando um saldo de 285 cargos preenchidos. “Com tudo isso, juntando o comércio, que teve retração e os itens em elevação como o de serviços, tivemos um saldo positivo de cinco. Isso é difícil em momentos como esse que passamos”, exaltou Dias, que recebeu a equipe do Jornal Atos para entrevista em que analisa o momento do comércio na cidade.

Jornal Atos – Essa baixa afeta até que ponto o município? O comércio ainda é o maior combustível de Guará?

Alexandre Dias – É importante destacar que mesmo com as dificuldades de um ano como esse, estamos com um resultado geral, englobando todas as esferas de geração de empregos entre janeiro e julho, com um saldo positivo de cinco empregos. Não é um absurdo, dentro da normalidade. A rotatividade no comércio foi grande. Mudamos um pouco de característica, o comércio ainda é a grande força, mas hoje a geração de empregos está mais distribuída. Antes, cerca de 80% ia para o comércio, agora é distribuído entre serviços, agropecuária, administração pública. Por isso, no geral, fechamos com índice de cinco positivo.

Atos – O comércio, como a indústria, é afetado diretamente pela crise. Como amenizar isso?

Dias – Essa crise é mais política do que econômica, porque a instabilidade política gera insegurança, que traz retração. A pessoa passa a segurar seu dinheiro, porque não sabe o que pode acontecer. Esse desequilíbrio está no comércio, mas em outras áreas está melhor. Tem gente mudando de setor, tanto é que o de serviços teve boa elevação, que quase equilibrou o índice geral.

Atos – Essa realidade deve seguir no segundo semestre, ou as datas devem dar uma injeção de investimentos no comércio?

Dias – No segundo semestre com certeza teremos uma elevação nestes índices, porque se vende mais. Lembramos que fazemos parte de uma única economia. Aparecida, por exemplo, recebe 12 milhões de visitantes no ano, cerca de 200 mil por fim de semana e isso aumenta no fim de ano. Onde é que essas pessoas gastam esse dinheiro? Em Guará, que é a cidade que mais absorve o dinheiro de Aparecida, que está entre as cinco cidades do mundo que mais recebem visitantes. Fora que as pessoas buscam outros grandes centros para gastarem o dinheiro

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Aviso de chamada para serviço, em destaque em loja do Centro; comerciantes antecipam contratações de temporários para garantir atendimento no segundo semestre do ano (Foto: Francisco Assis)

Atos – Essa projeção também vem dos comerciantes?

Dias – Se você andar pelo centro hoje, já tem placas com informação sobre contratação, mesmo com essa situação delicada. Basta olhar nosso banco de emprego, que é mais forte do que o do PAT (Posto de Atendimento do Trabalhador). Existe a retração, o medo político, mas o setor deve se recuperar.

Atos – Com essas perspectivas, Guará empreende na crise?

Dias – Empreende sim. O Sebrae nos ajuda nisso. Os dados de comércio caíram e o serviço aumentou 380 empregos. Aquela vontade da pessoa melhorar de vida faz a diferença, mesmo em momentos como esse. Como empregado, a pessoa tem um limite para ganhar. Ganha R$ 1 mil, por exemplo, mas quer melhorar, e busca o serviços com negócio próprio, ou um trabalho de família. Assim, de repente, dobra o ganho e até estar contratando, gerando outros empregos. O brasileiro entendeu isso. Essa migração é uma tendência.

Atos – Mas além de abrir seu negócio, a missão mais difícil é mantê-lo. Para isso, o empreendedor de Guará se planeja corretamente?

Dias – Isso é uma dificuldade. A associação tem dado apoio, tem hoje parceiros e ferramentas para ajudar o empresário, mas ainda existe quem se fecha, que não entendeu o novo momento, a nova forma de se trabalhar, que pede um melhor planejamento, que cobra uma preparação. Essa capacidade de melhoria será de quem se organizar. Nesta hora de dificuldades, quem vai se dar bem é quem se preparou, quem soube aproveitar o momento, ofertando melhor, criando condições ao consumidor, vai vender mais.

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