Projeto de restauro de igreja histórica é apresentado em Pinda

Paróquia tenta captar recursos para recuperar a Igreja São José; templo religioso de 175 anos abriga restos mortais de figuras históricas da cidade

A igreja São José, uma das mais antigas de Pinda, que deve passar por obras de restauração (Foto: Arquivo Atos)

Lucas Oliveira
Pindamonhangaba

A Paróquia Nossa Senhora do Bom Sucesso apresentou à população de Pindamonhangaba, na manhã da última quinta-feira (14), o projeto de restauro da histórica Igreja São José da Vila Real, que abrigou em 1972 os restos mortais do imperador Dom Pedro 1º. Para viabilizar a recuperação do templo construído no século 19, a paróquia busca captar cerca de R$ 2,6 milhões.

Contando com as presenças de autoridades eclesiásticas e municipais, a cerimônia de apresentação do projeto de restauro foi realizada no auditório da Fasc (Faculdade Santa Cecília), que fica na região central da cidade. O evento foi conduzido pelo padre pároco Kleber Rodrigues e por técnicos da empresa Origem Cultural, contratada para planejar e executar a obra. Na ocasião, os representantes da terceirizada explicaram que o serviço de recuperação pretende contemplar as partes interna e externa do prédio, sendo que ele terá suas características originais preservadas.

Durante a cerimônia, Rodrigues revelou que a primeira etapa da obra foi iniciada recentemente por meio de um recurso de pouco mais de R$ 83 mil, proveniente de um aporte da própria Paróquia Nossa Senhora do Bom Sucesso.

O técnico da Origem Cultural, Wagner Gomes, explicou que o trabalho inicial consiste na prospecção pictórica, que tem por função mostrar a extensão da pintura, mudanças de tom, barras, filetes ou qualquer detalhe que elucide o aspecto original da pintura. “Estamos abrindo cada pedaço para saber como ele era originalmente, atendendo determinação do Condephaat. Uma obra que será um grande desafio, perante a necessidade de preservar suas características originais e promovendo a valoração e integração do patrimônio”.

No entanto, as fases seguintes do serviço serão iniciadas apenas após a captação de recursos junto à Lei Rouanet, que aprovou recentemente o projeto de restauração. O aval federal possibilitará que empresas e contribuintes destinem parte do Imposto de Renda à realização da obra.

Com sua construção iniciada em 1840 por meio do padre João de Godoy Moreira e sua família, a Igreja São José da Vila Real foi inaugurada em meados de 1848. Erguido através da técnica de taipa de pilão, que utiliza argila e cascalho, o templo religioso ganhou fama nacional ao abrigar em 2 e 3 de setembro de 1972 os restos mortais do imperador Dom Pedro I, que faleceu em 1834 de tuberculose em Portugal. Os fragmentos do corpo do monarca foram trazidos de Lisboa, capital portuguesa, à cripta do Ipiranga, em São Paulo, em ocasião do aniversário de 150 anos da Independência do Brasil, sendo que os responsáveis pelo transporte escolheram a igreja de Pinda como ponto de parada.

Além de ter recebido rapidamente os restos mortais do primeiro imperador do Brasil, o templo religioso abriga os corpos de 14 pindamonhangabenses que acompanharam Dom Pedro 1º no ato da Proclamação da Independência em 7 de setembro de 1822 às margens do Rio Ipiranga, dentre eles o segundo comandante-interino da Guarda de Honra, capitão-mor Manuel Marcondes de Oliveira e Mello, que mais tarde se tornaria o Barão de Pinda.

Os fatos motivaram o Condephaat (Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico) a tombar a Igreja São José da Vila Real como patrimônio histórico em 1983. Apesar de sua relevância histórica, o prédio está fechado para a visitação pública desde 2013 devido ao avanço do seu estado de deterioração.

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