Pinda tem protesto após príncipe Dom Bertrand garantir que “não existe racismo no Brasil”

Afirmação, durante visita para celebrações do bicentenário da Independência, causou revolta em grupo que cobra inclusão de pautas negras no debate histórico

Protestos em Pinda após fala do príncipe de Dom Bertrand; manifestantes solicitam a inclusão de pautas negras em evento (Foto: Bruna Silva)

Bruna Silva
Pindamonhangaba

Após uma fala polêmica durante a visita de Dom Bertrand Orleans e Bragança, trineto de Dom Pedro 2º, Pindamonhangaba registrou protestos contra o membro da família real brasileira, no último sábado (19). A manifestação foi motivada pelas frases de Dom Bertrand, que garantiu “não haver racismo no Brasil”. O grupo pediu ainda a inclusão de pautas negras na celebração municipal do Bicentenário da Independência.

Um grupo de manifestantes externou sua indignação através de cartazes, no último fim de semana. A aversão veio da fala de Dom Bertrand acerca do período de escravidão, no Brasil. Antes mesmo da palestra ocorrer, já havia a convocação para a manifestação. “A gente deveria ensinar as pessoas o que foi o período colonial. Aonde a família imperial fez muita riqueza com a escravidão e morte dos irmãos e irmãs negros, esses sim deveriam ser lembrados em Pindamonhangaba e saudados”, ressaltou o organizador, Wilton Fabrício.

Dom Bertrand esteve Pindamonhangaba para a abertura das celebrações do Bicentenário da Independência (que conta com uma série de atividades em celebração aos duzentos anos da Independência do Brasil). Além de receber homenagens e desfilar em carro aberto, ele também concedeu uma palestra em que voltou afirmar que “no Brasil não há racismo ou discriminação racial”.

Em junho de 2020, durante um seminário online, ele já havia relatado que “estão procurando criar esse problema racial, mas não conseguem. Aqui, todos nós damos bem. Aqui no Brasil, todos nós vivemos bem”.

Contra Bertrand, o grupo de cerca de 15 pessoas realizou uma passeata silenciosa em frente à Igreja Matriz e seguiu para o Museu Histórico e Pedagógico Dom Pedro I e Dona Leopoldina, onde discutiu sobre a necessidade de medidas que reforcem a cultura negra e os estigmas sociais herdados do período colonial.

Cenário – Dados da pesquisa encomendada pelo Grupo Carrefour, em abril do último ano, revelou que 61% da população brasileira viu negros sendo discriminados em estabelecimentos comerciais, como em shoppings e supermercados. Os entrevistados afirmaram ainda que pessoas negras estão mais sujeitas a atos violentos e desigualdade no mercado de trabalho.

O levantamento foi realizado após 1,6 mil entrevistas telefônicas feitas pelo Instituto Locomotiva em 72 cidades do Brasil. A margem de erro é de 2,1%, enquanto intervalo de confiança é de 95%.

Compartilhar é se importar!

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

× Como posso te ajudar?