Santa Casa de Lorena fecha oito leitos de UTI Covid-19 e aguarda solução entre Estado e Município

Com três meses de atrasos, dívida chega a R$ 720 mil enquanto PA Covid depende de R$ 2,2 milhões para evitar paralisação; Prefeitura e Governo Doria divergem sobre falha em processo para manter serviços

Corredor da Ala Covid, desativada na Santa Casa, que questiona falta de repasse estadual para manter atendimentos (Foto: Rafaela Lourenço)

Rafaela Lourenço
Lorena

Alegando falta de recebimento pelos serviços prestados, a Santa Casa de Misericórdia de Lorena fechou oitos leitos de UTI (Unidade de Terapia Intensiva) para tratamento contra Covid-19. A dívida, que chega aos R$ 724 mil, acrescenta aos R$ 2,2 milhões do convênio com o Município para o PA Covid-19, que também pode ter os serviços suspensos na próxima semana. O hospital aguarda um posicionamento da Prefeitura, que articula soluções junto ao Governo do Estado.

Após o vencimento do contrato de três meses de ampliação da estrutura sem recebimentos, a Santa Casa desabilitou oito leitos na última quarta-feira (23). Dos 26 que eram ofertados, atualmente a cidade conta com 18 unidades para atender a demanda local e de municípios adjacentes. Segundo o boletim epidemiológico, divulgado na última sexta-feira (25), o hospital havia registrado 94% de ocupação das vagas via SUS (Sistema Único de Saúde), ou seja, 17 leitos ocupados.

Segundo o superintendente do hospital, Dario Costa, devido ao aumento de atendimentos à doença, a entidade precisou ampliar a estrutura em março e de imediato comunicou a secretaria de Saúde local. Logo após o acordo que definiu a quantidade de oito novos leitos por três meses, no valor de R$ 720 mil, as vagas foram abertas e preenchidas. O problema está no recebimento dos débitos, que seguem mesmo após noventa dias de atendimentos realizados.

Costa ressaltou ainda que se reuniu com o prefeito Sylvio Ballerini (PSDB) e seus secretários de Saúde, Finanças e o chefe de gabinete, Antônio Carlos Fabreti, Paulo Roberto Cardoso e Bronson Heleno, respectivamente, na última quinta-feira. “Ele (prefeito) está articulando junto ao governo do Estado, se prontificou a falar também no Ministério da Saúde, e que haverá uma reunião no começo da semana e todos esses assuntos serão resolvidos de forma imediata”.

Outra reunião com o subsecretário de Assuntos Metropolitanos da secretaria Estadual de Desenvolvimento Regional, Ortiz Junior, e a diretora da DRS (Departamento Regional de Saúde) Nádia Maria Magalhães, foi anunciada pelo departamento de Comunicação, na última quinta-feira, porém, o encontro foi adiado, sem definição de uma nova data, de acordo com a assessoria municipal.

Questionado sobre os recentes fechamentos, o Governo do Estaduo respondeu por nota que, além de manter o diálogo com gestores regionais e municipais para auxiliar no monitoramento da rede “a secretaria de Estado da Saúde já orientou a Santa Casa de Lorena quanto à necessidade de cadastro de leitos e quanto à documentação necessária para os repasses. Vale lembrar que é responsabilidade do Ministério da Saúde a autorização e financiamento de leitos de UTI, inclusive para atendimento aos casos de Covid-19 (trecho da nota)”.

O documento destacou ainda o repasse mensal de R$ 860 mil à unidade para custeio dos 18 leitos de UTI para contaminações do novo coronavírus.

Em contrapartida, Dario explicou que esta habilitação dos leitos, que custam cerca de R$ 1,6 mil diários, é de responsabilidade da secretaria de Saúde de Lorena, a qual a Santa Casa faz as solicitações e prestações de contas. “A habilitação dos leitos agora é automática. Esta casa presta contas para a secretaria de Saúde que entra em contato com a Regional de Saúde que, por ventura, autoriza a habilitação no Ministério da Saúde. Nós fizemos todos esses tramites e ficamos aguardando a habilitação e o recebimento desse recursos dos novos leitos. Por algum motivo ou concordância entre os poderes, não houve essa habilitação”.

Procurada pela equipe de reportagem do Jornal Atos, a Prefeitura salientou que se manifestará sobre o assunto apenas após reunião com o Governo do Estado.

Além dos 18 leitos de UTI e dos 32 de clínica médica para a casos de Covid-19, a Santa Casa se reestruturou com a abertura de leitos para outras comorbidades e oferece atualmente sete unidades SUS e três particulares/convênio, todas de terapia intensiva.

 

 

 

 

 

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