Os eternos versos do Capitão Poeta

Aos 96 anos, o poeta José do Carmo Diniz chega ao 17º livro declamando o amor à esposa, amigos e à cidade que o acolheu

O poeta José do Carmo Diniz e sua velha amiga, a máquina de escrever: “Faço por amor e não por lucro” (Foto: Rafaela Lourenço)
O poeta José do Carmo Diniz e sua velha amiga, a máquina de escrever: “Faço por amor e não por lucro” (Foto: Leilah Diniz)

Da Redação
Lorena

Se os documentos revelam que o conhecido Capitão Diniz está próximo de completar cem anos, a vontade de expressar sua arte e amor fazem do lorenense por adoção um jovem com muitas ideias pela frente.

É com esse espirito que José do Carmo Diniz, aos 96 anos, sentou em frente de uma “velha amiga” para dar vida a seu 17º livro.

Foi com a “velha amiga”, uma já rara máquina de escrever (sim, ele prefere o tradicional), que o militar reformado do Exército compôs “O Despertar do Poema”, uma declamação de seu amor à família, à vida e sua eterna esposa, Olga Miguel Diniz, falecida há 12 anos.

“…Neste instante todos deste mundo devem ser banhados de uma enorme onda de doçura…”. O trecho do poema-prefácio “Jovem” dá uma noção do que o leitor terá nas páginas seguintes da obra. A doçura de cada verso do autor descreve lembranças do passado do poeta nascido na cidade mineira de Consolação, e que chegou a Lorena em 1928, aos sete anos, e nunca mais foi embora. Dez anos depois, se apresentou como voluntário ao 5º Regimento de Infantaria. Foi na cidade que conheceu a esposa e se casou, em 1942.

Foi ainda no Exército que começou a escrever, um passatempo que se tornou um presente para amigos e desconhecidos. “É uma satisfação muito grande fazê-las (poesias) e doá-las para quem gosta. Ontem mesmo fiz seis poesias e dei para uma senhora que estava comigo. A hora que dá vontade eu pego a máquina e escrevo. Toda a minha vida na Terra eu fiz poesias, desde mocinho já escrevia”, contou Diniz, com uma linguagem simples, como simples é para ele expressar seus sentimentos por meio de versos. “Não é inspiração, é coisa de momento. Eu sento à máquina, me dá vontade aí escrevo a poesia”.

O Capitão Diniz, como é lembrado pelos amigos, faz questão de frisar que toda mão de obra e despesa são dele. Simples e direto, não se omite em mostrar o talento. “Não sei te dizer quanto tempo levei para fazer esse livro porque é tudo muito rápido. Não é aquela lengalenga não. Vem uma ideia, eu sento, escrevo e já está pronto. É no papo, é diário”, contou o poeta, que lembra que cada livro é como um presente. “Faço por amor e não por lucro”.

Algumas das obras que fazem parte do arquivo pessoal do escritor Capitão Diniz (Foto: Foto Leilah Diniz)
Algumas das obras que fazem parte do arquivo pessoal do escritor Capitão Diniz (Foto: Foto Leilah Diniz)

O 17º livro terá o mesmo destino dos anteriores. Após a impressão, ele doa os títulos a escolas públicas e privadas (que utilizam os livros como material extra escolar), para amigos, visitas. A ideia é levar a poesia, suas histórias para quem tiver olhos e coração abertos para os versos de Diniz.

O autor contou o carinho especial que tem por “O Despertar do Poema” devido aos textos que relembrar e homenageiam a inesquecível companheira. São 88 poemas, o primeiro, que leva o nome de Olga, se inicia da forma mais direta possível “…à minha amada e inesquecível esposa…”, assim como outro texto, “Mulher de minha vida”, se encerra com o sentimento de quem sabe o significado do amor eterno “… eu quero que tu estejas sempre, sempre meu amor, ao meu lado!”

Além da amada Olga, ele declama o carinho por outros familiares e momentos do passado. “A gente faz com tanto carinho e faço minha distribuição com muita alegria com algum familiar que me leva. Tem alguns pontos fixos de anos já, o Colégio Adventista, escola da Vila Brito, Luiz de Castro Pinto”, contou o autor, que lembra que fica “com o coração leve” a cada publicação. São sempre cinco mil exemplares de cada edição. “Só guardo um para o meu arquivo”.

E a vontade do Capitão Diniz em se expressar por meio de poemas e poesias não parece ter fim. Ele já tem “no forno” um novo livro, com novas mensagens de quem guarda quase um século de histórias e boas lembranças. “Já estou preparando outro livro. Entreguei na gráfica 140 e poucas poesias para montar um novo livro. E já tenho mais duas quantidades para o próximo. Eles vão organizar direitinho, mas demora uns 12, 15 dias, aí já está prontinho mais um. O nome é surpresa”.

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