Na luta contra a crise, delegados temem aumento de déficit de policiais na região

Falta de profissionais no Estado é de quase 13 mil; número ultrapassa duzentos na RMVale

Viaturas da Polícia Civil estacionadas em pátio da Delegacia de Lorena; policiais enfrentam falta de estrutura para combater criminalidade (Foto: Arquivo Atos)
Viaturas da Polícia Civil estacionadas em pátio da Delegacia de Lorena; policiais enfrentam falta de estrutura para combater criminalidade (Foto: Arquivo Atos)

Lucas Barbosa
Região

Com um déficit de 12.705 cargos, que deve crescer até o fim do ano, a Polícia Civil de São Paulo cobra a contratação imediata de novos profissionais e melhores condições de trabalho. Na RMVale (Região Metropolitana do Vale do Paraíba e Litoral Norte), área mais violenta do interior do Estado, o saldo negativo chega a 240 postos.

Um levantamento divulgado no último dia 5 pelo Sindpesp (Sindicato dos Delegados de Polícia do Estado de São Paulo) revelou que as funções que apresentam déficit no estado são: delegado (-614), escrivão (-2.438), investigador (-3.339), agente policial (-758), agente de telecomunicações (-680), papiloscopista (-237), auxiliar de papiloscopista (-366), carcereiro (-2.773), médico legista (-285), auxiliar de necropsia (-84), atendente de necropsia (-208), perito (-598), fotógrafo (-242) e desenhista (-83).

De acordo com a presidente do Sindpesp, Dra. Raquel Gallinati, a expectativa é que o déficit cresça nos próximos meses, chegando a quase 15 mil, já que além de 547 afastamentos por motivo de doença, outros 1.539 policiais apresentaram pedidos de aposentadoria. Ela explicou ainda que a lei garante que caso o pedido de aposentadoria não tenha sido deferido em até noventa dias, o servidor pode se ausentar do serviço. É lamentável a forma como o Estado vem lidando com esta situação. O quadro de funcionários da Polícia Civil de São Paulo foi idealizado há mais de duas décadas, não havendo um acompanhamento diante o crescimento populacional. Além de sobrecarregar os policiais, este déficit acaba dificultando o combate à criminalidade.

A presidente ressaltou ainda a insatisfação da categoria diante do fato de que os seis mil aprovados em um concurso público de 2013 até hoje não foram contratado.

Segundo dados do Sindpesp, na RMVale a função que conta com mais déficit é a de investigador, que chega a 129 postos. Na sequência, aparecem agente policial (82), papilocopista (21), delegado (14), escrivão (37) e auxiliar de papilocopista (25). Já os cargos de carcereiro e agente de telecomunicações contam com o número adequado de profissionais.

Para o presidente do Sindicato dos Investigadores de Polícia do Estado de São Paulo, João Batista Rebouças, falta vontade política por parte do Estado. O governador Geraldo Alckmin (PSDB) não toma nenhuma atitude para acabar com essa situação, que vem castigando muito os policiais que muitas vezes acabam tendo sua função desviada para suprir a ausência de outro agente. Já cobramos por diversas vezes a nomeação dos aprovados em 2013 e a abertura de novos concursos, mas o Estado simplesmente fecha os olhos para este caos.

No último domingo, durante entrevista ao programa Fantástico, da Rede Globo, o secretário de Segurança Público do Estado, Mágino Alves, afirmou que em breve haverá a realização de novos concursos públicos para aumentar o quadro de servidores da Polícia Civil. Ele classificou ainda a atuação e condições de trabalho dos policiais paulistas como anos-luz à frente dos demais estados.

Lorena – Apontada pelos números da secretaria de Segurança Pública do Estado como a cidade com mais homicídios nos primeiros nove meses do ano na Sub-região 3 do Vale do Paraíba, com 19 registros, Lorena conta com o trabalho de quatro delegados, enquanto para o Sindpesp o número ideal deveria ser de sete profissionais.

Além de comentar sobre as dificuldades impostas pela falta de profissionais, o delegado titular da cidade, Dr. Ernani Ronaldo Braga, fez uma estimativa de quantos servidores deveriam ser contratados para atendar a demanda. “O segredo para superar as dificuldades causadas pelo déficit, principalmente de escrivães e investigadores, é trabalhar muito. Enquanto a nossa demanda aumentou de forma proporcional ao crescimento populacional dos últimos anos, o quadro de policiais não foi suficientemente ampliado e renovado. Precisávamos de pelo menos mais 15 escrivães e vinte investigadores”.

Dr. Braga revelou ainda que deve perder mais cinco agentes, até o fim do ano, devido a pedidos de aposentadorias. O delegado comentou ainda sobre as atuais condições de trabalho da Polícia Civil em Lorena. “Em relação a armamentos, não temos o que reclamar, mas precisamos de uma melhora em materiais de informática e no prédio da delegacia, que não conta com as condições ideais como acessibilidade para portadores de necessidades especiais. Mesmo com todas essas dificuldades, Lorena possui um dos melhores índices do País em resolução de homicídios, que no ano passado superou 90%”.

 

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