Com histórico de projetos polêmicos, campo do São Roque tem obras de R$ 290 mil e reestruturação adiantadas

Ação, que também atende espaço na Vila Geny, tem promessa de entregar áreas de esporte e lazer em sessenta dias; investimento contempla reparo nos gramados, troca de alambrados e construção de vestiários

Servidores na obra do campo de futebol do São Roque; espaço para construção dos vestiários (Foto: Rafaela Lourenço)

Rafaela Lourenço
Lorena

Com cerca de R$ 290 mil, Lorena segue com a revitalização em mais dois campos de futebol. A previsão para a conclusão das obras é de sessenta dias.

Tradicionais na cidade, os campos do São Roque e Vila Geny estão entre os contemplados deste ano. Ao todo serão investidos R$ 287.279 para a reforma completa dos vestiários, bancos de reservas, reposição de partes danificadas dos gramados, manutenção elétrica e dos alambrados. Deste investimento, R$ 243.750 são do Governo Federal, provenientes de emenda parlamentar do deputado Arnaldo Faria de Sá (PTB), por intermédio do gabinete do vereador Careca da Locadora (PSDB) e seu assessor Wilsinho Potência. Para completar a obra, a Prefeitura entrou com uma contrapartida de R$ 43.529 do tesouro municipal.

A professora de educação física aposentada, Mara Bruno, de 52 anos, executou um projeto social no campo do São Roque de 1992 a 2003. Ela acredita que a reforma é uma grande conquista para as famílias do bairro.

Moradora do São Roque há cerca de quarenta anos, a esportista nata relembrou à equipe de reportagem do Jornal Atos, histórias vividas no local, como os jogadores locais que iniciaram no bairro e chegaram ao nível profissional do esporte. “São mais de setenta anos deste campo de futebol. Meu pai é um dos que jogavam neste campo, saiu para jogar profissionalmente e sempre me apoiou. Falo em nome dos moradores que estamos muito satisfeitos com essa obra”, salientou.

A professora destacou ainda que mesmo o local sendo utilizado para o consumo de drogas e sem uma estrutura mínima como vestiários e banheiros, moradores investiam no esporte. Com dois times locais, o espaço era movimentado aos finais de semana, recebendo equipes de Guaratinguetá, Piquete e Cruzeiro, até o início da pandemia de Covid-19.

Ainda de acordo com Mara, os moradores do bairro se assustaram com a possibilidade de extinção do espaço, em 2017, com uma suposta proposta do vereador Fábio Longuinho (PSD). A esportista contou que o parlamentar falou sobre o projeto em uma rádio local à época, que abriria uma nova rua no lugar do campo e que seria construída uma praça e um campo society no espaço. Revoltados com a proposta, após reuniões com parlamentar, a professora com o apoio de familiares, amigos, esportistas e população de outros bairros se mobilizaram com um abaixo-assinado que arrecadou cerca de três mil assinaturas. O documento foi protocolado na Prefeitura contra o projeto de extinção do campo. “Se o bairro não tivesse se movimentado, talvez hoje teríamos essa rua atravessando o campo e não esta obra. Graças a Deus nosso abaixo-assinado venceu”.

Abaixo-assinado que recolheu cerca de três mil assinaturas contra a extinção do campo (Foto: Rafaela Lourenço)

Procurado pelo Jornal Atos, Longuinho contou que ele solicita uma atenção para o campo do bairro desde 2017, e que no mesmo ano, recebeu da Prefeitura dois projetos; um de menor investimento para reforma do espaço e outro que contemplaria uma nova rua, praça e o campo society. “Um ia girar em torno de R$ 600 mil e a reforma só cerca de R$ 250 mil. Teve abaixo-assinado, umas duas reuniões e ficou um pouco dividido o que seria feito, e a própria Prefeitura entendeu por melhor diante dessa situação dividida das pessoas, que fosse feito um projeto mais simples até por falta de dinheiro”.

O prefeito Fábio Marcondes (sem partido), confirmou que o croqui (esboço arquitetônico) do projeto foi realizado pela secretaria de Obras e Planejamento Urbano, mas que o vereador havia prometido uma verba e que tinha um abaixo-assinado. “Ele (vereador) chegou até a divisão e fiz um ‘projetinho’ para ele tentar aprovar no bairro. O que aconteceu é que ele não arrumou a emenda parlamentar e não tivemos mais esse assunto. Eu arrumei outra emenda, nem falei com ele mais e entrei com esse projeto mais simplificado, que era o que o dinheiro dava pra fazer lá”, explicou Marcondes, após frisar a necessidade da aprovação popular por um abaixo-assinado. “Tudo começou porque ele falou que ia arrumar o dinheiro com um deputado e não arrumou, então vou até o estágio que para cortar o campo precisava ter um abaixo assinado favorável lá. Eu sei da história da rua que ele não conseguiu esse favorável, mas de lá encerrou o diálogo”.

Na Vila Geny, a Prefeitura tem um convênio com a Amovige (Associação dos Moradores da Vila Geny) para a zeladoria. Já no São Roque, a população precisará se mobilizar para manter o espaço. As reformas seguem avançadas e com previsão de reinauguração para até dois meses.

 

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