Esporte da região luta contra fome na pandemia

Aumento de insegurança alimentar entre grupos carentes levam clubes da RMVale a desenvolver campanhas solidárias; missão é atrair comunidade

Arrecadações do Yoka Guaratinguetá, que na primeira ação beneficiou 65 famílias com cestas básicas (Foto: Colaboração)

Thamiris Silva
RMVale

Além de leitos lotados, desaceleração da campanha de vacinação e a preocupação com o futuro de pequenas e médias empresas, a pandemia da Covid-19 trouxe outro sério impacto no dia a dia do brasileiro: a fome. Observarem o aumento da situação de vulnerabilidade da comunidade, equipes esportivas profissionais da região realizam campanhas de arrecadação, na tentativa de reduzir a dor de quem está convivendo com o prato vazio, enquanto luta contra a doença.

A fome é um problema antigo no Brasil causado pela desigualdade. Com a pandemia, ela se intensificou e o problema, que era de preocupação das organizações que moldam a sociedade, como o Estado, foi se dissipando para menores instituições, como os clubes esportivos.

As ações, que contam com a ajuda da torcida e amigos, já atingiram mais de vinte famílias e a expectativa só aumenta para as próximas campanhas.

O time de futebol feminino, Pinda Sport Clube, que iniciou suas atividades em janeiro, ainda não participou de nenhum campeonato, mas já é exemplo de responsabilidade social para outras agremiações. O time está participando da sua primeira campanha ‘Contra Fome’ em parceria com a congregação religiosa Salesianos, em ação que conta com ajuda de moradores de Pindamonhangaba.

A campanha, que começou há 18 dias, conta com a participação do clube há pouco mais de uma semana, com expectativa de arrecadar até vinte cestas básicas. Os pontos de recolhimento se dividem em dois postos da cidade; no bairro Parque São Domingos, na rua Dr. Laerte Machado Guimarães, nº 510, e outro em Moreira César, na rua Olympio Marcondes Azevedo, nº 281. “A gente entende que essas campanhas são fundamentais nesse momento que estamos passando. Os postos de coleta estão surtindo efeito. Graças a Deus estão chegando bastante alimentos não perecíveis”, contou o coordenador e técnico do Pinda, Marcos da Costa. “Essa é a primeira participação, mas é a primeira de muitas. Já está no nosso calendário participar de outras”, completou.

Em Guaratinguetá, o futsal é outra modalidade que tem dado exemplo, batendo um bolão em quadra e na comunidade. O Yoka Guaratinguetá, time que disputa a Liga Paulista (principal campeonato de futsal do estado de São Paulo) e vai estrear no dia 14 de maio na Copa Paulista, já realizou duas campanhas durante a pandemia de Covid-19.

Na sua primeira ação para minimizar os danos da crise, em parceria com a marmitaria “Marmitex da Le”, o clube conseguiu doar quinhentas refeições para a população carente de Guaratinguetá. “Nós arrecadamos cerca de 65 cestas básicas nessa campanha de agora, doamos 30 para o pessoal do Alimenta Guará, depois a gente pegou 25 e demos para o pessoal da Saeg Solidária (atividade social do Serviço de Água, Esgoto e Resíduos de Guaratinguetá) e as últimas 10 nos doamos para famílias carentes da nossa região”, revelou o presidente do clube, Antônio Leonardo Soares.

Ainda em quadra, o Vôlei de Taubaté já realizou mais de cinco campanhas solidárias para arrecadação de alimentos. O time, que conta com oito atletas da Seção Brasileira, se tornou bicampeão na Superliga de vôlei no último dia 16 e mantém atividades de apoio à comunidade mais atingida financeiramente pela pandemia.

Na sua última ação foram 579 quilos de alimentos recebidos e enviados para a Fussta (Fundo Social de Solidariedade de Taubaté) que fará a distribuição para as instituições do município. Na campanha, com o intuito de atrair e conscientizar a torcida, foram sorteados uniformes do EMS Taubaté Funvic para quem participou da arrecadação.

Fome – Na RMVale (Região Metropolitana do Vale do Paraíba e Litoral Norte) a situação das pessoas que estão em condição de insegurança alimentar tem aumentado, consequência da perda de renda de 72 mil postos de trabalho com base nos dados do Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios).

Em 2020, a insegurança alimentar alcançou mais da metade dos brasileiros, número que chegou a 116,8 milhões até o final do ano passado. O impacto continuou avançando em 2021. Hoje, já está em 117 milhões, de acordo com dados do estudo realizado pela Rede Penssan (Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar).

A Rede Penssan divulgou também que 19 milhões de pessoas passam fome efetivamente em todo país.

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