Falta de médicos e demora no atendimento geram indignação aos pacientes de Cruzeiro

Secretário afirma que paralisação é apenas especulação, e garante que profissionais e Prefeitura mantém acordo por pagamentos

Pacientes esperam atendimento no Pronto Socorro de Cruzeiro; crise na saúde pública impera na cidade (Foto: Colaboração Rosangela Seabra)
Pacientes esperam atendimento no Pronto Socorro de Cruzeiro; crise na saúde pública impera na cidade (Foto: Colaboração Rosangela Seabra)

Maria Fernanda Rezende
Cruzeiro

O longo tempo de espera no Pronto Socorro da Santa Casa de Cruzeiro voltou a causar revolta aos pacientes que esperavam por atendimento na última quarta-feira. Segundo relatos de quem precisa do serviço e parentes, a Polícia Militar foi chamada ao local, após mais de duas horas de demora no socorro.

De acordo com uma paciente do hospital, que segue sob intervenção desde outubro do ano passado, os médicos pararam o atendimento por volta das 19h. A Polícia foi acionada e somente um deles retornou ao atendimento, depois de três horas.

Ela comentou as informações diferentes que recebeu do secretário de Saúde, Wagner Streitenberger e de funcionários. “Fui informada que os médicos não estavam atendendo por falta de pagamento. O secretário de Saúde veio conversar comigo, alegando que a falta de médicos não era por falta de pagamento. Pessoas que trabalham lá comentaram comigo que os médicos estão sem receber desde julho”, afirmou a paciente, que não quis se identificar.

Após um período de transição e promessa de mudanças, a população de Cruzeiro continua enfrentando dificuldades com a saúde pública municipal. Somente neste ano, greve de funcionários, paralisação no atendimento do Pronto Socorro, bloqueio das contas da Santa Casa e a mudança da chefia da secretaria de Saúde.

Há três meses, todo o atendimento médico foi concentrado no PS, com a sua reabertura. Na época, segundo Streitenberger, a mudança foi feita levando em conta a retaguarda que a Santa Casa poderia oferecer aos pacientes em caso de internação.

A medida parece não ter atendido algumas das antigas reclamações. Segundo a estudante Isabelle Oliveira, ao recorrer ao Pronto Socorro no último final de semana, presenciou o caos que se encontrava o atendimento. “Cheguei lá às 13h, com dor no peito e falta de ar. Fiquei no corredor esperando o único médico que tinha, um clínico geral, me atender. Tinham cerca de trinta pessoas na minha frente. O maior absurdo eram crianças doentes chorando sem parar, e idosos simplesmente deixados no soro. Uma enfermeira disse à uma senhora que nem curativo eles tinham”, relatou.

A estudante afirmou ainda que haviam pessoas esperando por duas horas para fazer exame de sangue. “Pagamos impostos para que? Para morrer numa fila? Cruzeiro não tem nada de saúde pública”, criticou.

Outro lado – A Prefeitura, atual responsável pela Santa Casa, afirmou que não houve paralisação dos médicos na noite de quarta-feira, mas sim apenas uma negociação entre o corpo clinico da entidade e a administração municipal. O secretário de Saúde ressaltou que não existe a possibilidade do atendimento ser suspenso.

O chefe da pasta enfatizou ainda que existe entre Prefeitura e os médicos da Santa Casa um acordo que vem sendo cumprido pelas duas partes, em que o pagamento do mês corrente tem sido feito em dia aos profissionais.

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