Audiência sobre contratos da Saúde de Cruzeiro acaba em confusão

Marciano e secretário de Saúde trocam acusações; atraso na prestação de contas do Instituto leva presidente da Câmara a suspender extraordinárias

Secretário de Saúde André Veiga rebate acusação do vereador Antonio Marciano; funcionários e guardas tiveram que separar a dupla (Foto: Francisco Assis)
Secretário de Saúde André Veiga rebate acusação do vereador Antonio Marciano; funcionários e guardas tiveram que separar a dupla (Foto: Francisco Assis)

Francisco Assis
Cruzeiro

A denúncia sobre irregularidade em contrato da Saúde de Cruzeiro com uma OSS (Organização Social de Saúde) e terceirizada seria debatida em uma audiência pública na tarde da última quarta-feira, na Câmara, mas após trocas de acusações e ameaças de agressão entre o vereador Antonio Carlos Marciano (PTB) e o secretário de Saúde, André Mauro Veiga, a sessão foi interrompida.

Veiga foi à Casa entregar a prestação de contas cobrada pelo vereador, que denunciou a pasta por irregularidades na contratação de uma empresa para o transporte de passageiros, e também os valores do contrato com a OSS Cisne, fechado em maio (leia texto nesta página).

Com meia hora de atraso, a audiência foi iniciada com a presença da equipe da Saúde e de quatro vereadores: Thales Gabriel (PCdoB), Juarez Juvêncio dos Santos (PSB), Marco Aurélio Siqueira da Rocha (PR) e o presidente Diego Miranda (PSDB). Sergio Antônio dos Santos (PDT) e Carlos Alberto Ribeiro (PR) chegaram minutos após o início da reunião, mas a tempo de acompanhar o bate-boca que limitou o evento a pouco mais de nove minutos.

Os dados não foram entregues com antecedência, como solicitou o Legislativo, o que levou Marciano a “abrir fogo” no plenário. “As reuniões já foram adiadas porque a secretaria, que tinha a obrigação de enviar os documentos com dois dias de antecedência, não o fez. Foi marcada uma nova reunião hoje (quarta-feira), sendo que eles também não apresentaram as documentações e só chegaram agora. Isso é desrespeito com o vereador, com a população”, sentenciou.

O secretário argumentou que não contava com os dados, e que a demora se deve a necessidade de seguir trâmites de análise. “Recebi essa documentação, encaminhamos para todo o trâmite e somente aí voltou para minhas mãos. Os documentos estão aqui hoje porque só chegaram hoje às minhas mãos. Outros estão com minha técnica, seguindo os procedimentos”.

Mas a resposta do responsável pela pasta não foi o bastante para o vereador, que questionou a “boa vontade” do secretário com a Casa. Em tom alto, eles trocaram acusações. “Tem muita coisa para ser dita aqui, muita coisa a ser investigada. Esse contrato, a contratação da empresa de ônibus que presta um péssimo serviço, coloca pessoas em risco. O secretário tem que ter respeito e entregar documentos a tempo, para investigarmos isso”.

André Veiga voltou a rebater, já com dedo em riste. “Sempre respeitei a Casa. O vereador é irresponsável, faltou com a verdade, faz um terrorismo desnecessário, eleitoreiro e demagogo, desrespeitando a Casa, a secretaria e a população. Precisamos olhar bem os documentos, ao invés de fazer politicagem. Estamos preocupados em resolver as coisas”.

Em meio à troca de acusações, o presidente da Câmara encerrou a audiência, para análise do material entregue por Veiga. Na sequência, o secretário foi até Marciano, sendo impedido por vereadores, funcionários da Câmara e guarda municipais.

Diego Miranda contou que devido aos problemas que vem enfrentando em reuniões públicas no plenário, decidiu cancelar todas as audiências da Casa, como a que aconteceria na tarde do dia seguinte, que debateria o serviço de iluminação.

Para ele, Marciano utiliza as reuniões na Câmara para se promover, prejudicando o trabalho do Legislativo. “Não temos condições de manter uma desordem dessa. Não houve respeito entre os dois. O vereador foi agressivo e o secretário também ao respondê-lo. A Câmara continua fazendo seu trabalho, mas para evitar desgaste, decidimos isso, porque ele (Marciano) quer fazer deste lugar de respeito um palanque, e devemos lembrá-lo que palanque é só no ano que vem”, frisou o chefe do Legislativo.

O secretário disse que vai entrar com um pedido de quebra de decoro do vereador. “O que havia combinado com o presidente era repassar a prestação de uma forma cordial, pois a Câmara não tem competência jurídica para analisar esses dados. Se for marcada uma nova audiência, vou comparecer, ajudar, mas desde que a Casa garante a integridade moral e física dos participantes”.

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