Sindicato questiona falta de diálogo da Prefeitura por reajuste de servidores
Proposta de 3% foi aprovada, mesmo com críticas em Cachoeira; órgão aguarda reunião com Mota
Jéssica Dias
Cachoeira Paulista
A polêmica do reajuste dos servidores municipais ganhou mais um capítulo nesta semana, quando o presidente do órgão, Gerson Gaiozo, o Zoinho, questionou a falta de diálogo por parte da Prefeitura. Sem participação no debate sobre os 3% de reajuste, aprovado na Câmara, os sindicalistas cobram uma reunião com o prefeito Edson Mota (PR).
O presidente do Sindicato criticou a forma como o tema foi discutido no início do ano. O reajuste foi aprovado na Câmara no início de janeiro, quando já havia sido criticado pelo vereador Danilo Luiz da Silva, o Professor Danilo (PROS).
No último dia 8, a Prefeitura encaminhou o texto original ao Legislativo, que explicou o procedimento para o aumento de 3% baseados no IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor). “…. o Executivo municipal almejava proceder reajustamento no importe de 10% à todos os servidores municipais. No entanto, com a cautela necessária, realizou-se consulta ao Setor de Contabilidade a respeito viabilidade de tal reajuste…” (trecho retirado do projeto). Três dias depois, os vereadores se reuniram em uma sessão extraordinária, quando aprovaram a proposta.
“Seria (sessão) ainda mais especial se nós não tivéssemos dando aqui o reajuste da inflação, que foi de 2,95 apurada pelo IPCA, no ano de 2017. O prefeito tinha prometido na festa de fim de ano, não apenas dar esse reajuste da inflação, e sim, dar os 10%. Ficamos bastante satisfeitos, porque estamos fazendo essa mínima recuperação salarial, mas continuamos na defesa do servidor público e aguardamos os outros 7%, que já foram prometidos”, criticou Silva.
No projeto enviado pelo Executivo consta que os 10% faria ultrapassar o limite de gastos, tendo em vista que o índice não constou na proposta orçamentária. “O prefeito falou que ia dar os 10%, mas nem no orçamento não estava previsto, conforme está escrito no mesmo documento. Até mesmo se esse aumento fosse dado, traria um problema com a questão de gasto pessoal”, explicou o vereador, que criticou ainda a falta de compromisso do prefeito com todos os servidores.
De acordo com Zoinho, não houve diálogo entre Prefeitura, Câmara e Sindicato antes do projeto ser encaminhado à Câmara. O projeto foi aprovado por nove votos favoráveis. “Entre a Câmara e a Prefeitura teve um contato, mas entre o Sindicato, infelizmente não teve. A gente está no aguardo e pedimos uma reunião em caráter de urgência”.
Devido à falta de diálogo, o Sindicato solicitou uma reunião com o prefeito para falar sobre o reajuste. Segundo Zoinho, o órgão nunca foi atendido diretamente por Mota, somente pelo setor jurídico. “Ontem (terça-feira), protocolei na Prefeitura o pedido de reunião pra gente conversar sobre o reajuste salarial e sobre outros assuntos. Acho que é assim que tem que funcionar”.
A expectativa do Sindicato é que a reunião aconteça antes do Carnaval. O Executivo tem 15 dias para responder o requerimento.
A reportagem do Jornal Atos tentou contato com a Prefeitura, mas os questionamentos da Redação não foram respondidos até o fechamento desta edição.
Mais críticas – O texto original da proposta de reajuste destaca que a Prefeitura projeta um “reajuste gradual nos vencimentos dos servidores, visando culminar ao importe de 10%, se possível, ainda durante 2018”. “Quero frisar o ‘se possível’, então não está dizendo que vai fazer 10% esse ano, não está afirmando. ‘Se possível’, será dado os 10%”, questionou Professor Danilo.
Ao apresentar os questionamentos sobre a proposta do Executivo na tribuna, o vereador chegou a ser repreendido. “
“O que eu discuto aqui é a questão do posicionamento, a fala. Falou-se que daria 10% e hoje nós vamos dar apenas 3%. Espero que quem fez a conta para o prefeito, pra ver se era 3% ou 10%, antes dele ir para festa de fim de ano (evento em que Mota prometeu o reajuste de 10%), não tenha sido a mesma pessoa que tenha feito as contas para dizer a ele que seria interessante fazer o aluguel dos carros, que como nós sabemos hoje, o aluguel não é viável porque o preço que se paga do aluguel dos carros, você compra outro carro”.
Ao lembrar o contrato de aluguel de veículos por parte da Prefeitura, o vereador foi interrompido, com argumentação de que a situação sairia do tema debatido.