MP acata denúncia por dispensa irregular de licitação pela Prefeitura de Cachoeira

Envolvidos em processo sobre falso orçamento prestaram depoimentos sobre contratação, prefeito Mineiro ainda deve depor

Serviço de roçagem realizados em Cachoeira; Mineiro é denunciado por licitação de 2021 (Foto: Arquivo Atos)

Thales Siqueira

Cachoeira Paulista

O prefeito de Cachoeira Paulista, Antônio Carlos Mineiro (MDB), foi denunciado pelo Ministério Público por dispensa ilegal de processo licitatório, em contrato celebrado em 2021, entre a Prefeitura e a empresa Carlos Henrique dos Santos-ME, conhecida como “Equipe Ninja”, para a prestação de serviços de roçadas e capinagem. O caso está sendo investigado na Delegacia Seccional de Guaratinguetá.

O MP afirmou que nos preparatórios do procedimento de licitação foram apresentados orçamentos pelas empresas Eficaz Saneamento e Sanepolo, mas com a apuração constatou-se que o orçamento da primeira seria contrafeito, já que Igor Donato, cujos dados constavam na estimativa apresentada, informou que não elaborou o documento e que a assinatura nele contida não lhe pertence, não possuindo vínculo com a empresa.

De acordo com Donato, seus dados foram utilizados por Mateus José dos Santos, funcionário da Prefeitura, que em conversa telefônica teria assumido tê-los empregado sem autorização.

Foram realizadas oitivas com os dois envolvidos no caso. Durante a declaração, Donato informou que ao receber uma notificação do MP ficou surpreso, pois nunca trabalhou e nem conhece a empresa em questão. Declarou, ainda, que por ter prestado serviços para a Prefeitura e por Mateus ser o encarregado, na época, tinha acesso aos seus dados.

Já Mateus Santos contou que foi funcionário concursado da Prefeitura atuando como operador de motosserra entre os anos de 2019 e 2022, e que a “Equipe Ninja” prestou serviços de roçadas no início da gestão de Mineiro.

Segundo o depoimento, na primeira semana de seu mandato, Mineiro teria dito que a “Equipe Ninja” seria responsável pelos serviços de roçadas do município.  Na ocasião, Antônio Carlos dos Santos, proprietário da empresa, teria revelado a Mateus que para receber o dinheiro pelos serviços prestados precisaria montar um falso processo de licitação, ocasião em que o mesmo declarou ter confeccionado o orçamento em nome da empresa Eficaz Saneamento, colocando o nome de seu amigo Donato.

A segunda testemunha declarou ainda que entregou o orçamento sem assinatura a Mineiro, e que após o ocorrido pediu exoneração de seu cargo e não recebeu vantagens financeiras por ter elaborado o falso orçamento.

Segundo a defesa do prefeito, a contratação seguiu todos os trâmites legais e burocráticos dentro da Prefeitura. “Não há qualquer mácula envolvendo o Mineiro, pois a referida contratação ocorreu dentro dos moldes legais, dispensa de licitação nos limites delineados pela Lei nº 8.666/93”, destacou os advogados de defesa de Mineiro. O prefeito deve ser intimado a depor em breve.

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