Câmara de Cachoeira aprova processante contra Max e Piscina após polêmica com médico

Além de comissão, uma representação formulada pelo presidente destacou descontentamento do Legislativo com atuação dos parlamentares

Felipe Piscina e Max Barros protagonistas da polêmica com médico da Santa Casa; processante aberta (Fotos: Reprodução e Arquivo Atos)

Thales Siqueira
Cachoeira Paulista 

A Câmara de Cachoeira Paulista aprovou, na sessão da última terça-feira (30), uma representação da Presidência e a abertura de uma comissão processante contra os vereadores Felipe Piscina (DEM) e Max Barros (DEM) pelo episódio envolvendo o médico Dr. Rodrigo Coragem. Em frente à sede do Legislativo e nas redes sociais, moradores que acompanhavam a transmissão pediam a cassação da dupla, acusada por quebra de decoro.

Os parlamentares estão no centro da polêmica iniciada após a publicação de um vídeo em que a dupla invade a sala de descanso dos médicos, na tentativa de flagrar Coragem dormindo. Após uma discussão, com filmagem de Max, Felipe Piscina foi informado que o médico, em um plantão de 36 horas, estava descansando durante o turno de atendimento. O caso ganhou repercussão na mídia e redes sociais, com críticas a ação dos vereadores.

Autor da representação, o presidente da Câmara, Rodolpho Borges (Rede) frisou, o que chamou de “atitudes desrespeitosas” de Piscina e Max, e disse que espera que os fatos sejam apurados e as providências cabíveis tomadas. “Em relação ao ocorrido na Santa Casa, posso citar uma frase de um ex-presidente dos Estados Unidos, Abraham Lincoln: ‘quer conhecer o caráter de uma pessoa? que dê a ela um poder’. Quero esclarecer que é direito e dever dos vereadores fiscalizar, no entanto o exercício deve ser feito de uma maneira adequada, e com respeito às pessoas”.

Os 11 vereadores presentes votaram a favor da denúncia e aceitaram o encaminhamento à Comissão de Ética para deliberação. Max e Piscina tiveram o direito de se manifestar, porém o último decidiu permanecer em silêncio. Já Max aproveitou para pedir que todos os colegas votassem a favor da investigação, alegando que em nenhum momento ele entrou na Santa Casa gritando e que o médico tem sim todo o direito de descansar, contanto que outro profissional o substitua no atendimento, o que não teria ocorrido.

Max aproveitou ainda a ocasião para afastar a responsabilidade sobre a invasão à sala de descanso para os médicos. “As pessoas estão falando que fui eu que chamei o vereador Felipe. Na verdade, não foi. Felipe Piscina que me chamou para acompanhar ele lá (sic.). As pessoas já invertem a situação. Muitas falaram que eu fiz a cabeça do vereador, eu não fiz, ao contrário, o vereador que me convidou e eu fui ajudar”.

Na mesma sessão foi aprovada a abertura de uma comissão processante encaminhada pela denúncia de uma moradora da cidade. Todos os 12 vereadores presentes (exceção da vereadora Thálitha Barboza (PT) que está afastada por Covid-19) votaram a favor do recebimento da denúncia.

Max e Piscina são acusados de quebra de decoro parlamentar, perturbação de sossego, abuso de autoridade e assédio moral contra o médico Dr. Coragem.

No documento é detalhado o repúdio e solicitado que seja instaurado a Comissão Processante e a cassação dos mandatos dos vereadores. Entre as manifestações, trechos como “correram para as redes sociais para fazer politicagem barata, postando e compartilhando em diversas páginas as cenas lamentáveis de abuso de autoridade, esperando com isso ganharem fama, fato percebido e repudiado por grande maioria da população”, “enquanto os vereadores Max e Felipe Piscina permanecerem no cargo não haverá credibilidade para esta Casa de Leis”.

A Comissão Processante foi formada pelos vereadores Léo Fênix (PSB) como presidente, Rogéria Nunes (Pode) como relatora, e Ângela Protetora (MDB) como membra.

Rogéria utilizou o momento da tribuna livre para dizer que Piscina foi infeliz na abordagem com o médico. Disse ainda que ele está pagando um preço diante da sociedade pelo fato. “Atire a primeira pedra quem não tem pecado. A própria população torce por desgraça. Nada está bom para vocês. O que que está bom para vocês afinal de contas”, questionou Nunes.

Rogéria disse acreditar que da mesma forma que ela foi chamada diversas vezes para fazer vídeos sobre falta de atendimento médico na cidade, o mesmo aconteceu com Piscina. “É muito complicado, porque em uma conversa com o prefeito, semanas atrás, ele me disse que esteve na Santa Casa por volta de meia noite e queria saber do médico. E falaram que ‘ele tá aqui, ele tá lá’. Uma hora o prefeito falou ‘eu quero saber onde está o médico’. Aí teve um enfermeiro que falou que ele (o médico) tinha saído para jantar às 22h e voltaria à 1h. Em meio a uma pandemia, o médico sai para jantar em Lorena, ficou três horas? Como que é isso? Isso pode?”

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