Cachoeira busca ajuda em Brasília para transformar Estação em museu

Restauração pré-orçada em R$ 30 milhões passa por avaliação; ocupado por dependentes, prédio enfrenta deterioração

Estação Ferroviária Cachoeira (3)Francisco Assis
Cachoeira Paulista

Um projeto de 2013 foi retomado na última semana para a recuperação do prédio da Estação Ferroviária de Cachoeira Paulista. Apresentada ao ministro dos Transportes, Antônio Carlos Rodrigues, a ideia é transformar a estação em um museu.

A criação do Museu Nacional dos Ferroviários é a estratégia para a recuperação do prédio, tombado pelo Condephaat (Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico) em 1982. A proposta é fazer do local um dos pontos no novo plano turístico da cidade, que conta ainda com a restauração do teatro municipal.

O projeto, recuperado pela Prefeitura após consulta do deputado Márcio Alvino (PR), teve orçamento estipulado em 2013 em R$ 30 milhões. Alvino é membro da Frente Parlamentar de Preservação da Memória e do Patrimônio Ferroviário.

De acordo com o prefeito João Luiz Ramos (PT), os valores ainda não foram definidos, assim como outros itens técnicos, que serão repassados ao ministro após avaliação, que deve definir alterações na proposta. “Já temos a aprovação do Condephaat e aguardamos a resposta. Na verdade, a restauração seria de responsabilidade da União, pois isso foi determinado em ação no Ministério Público Federal, mas agora que o deputado nos procurou, estamos recuperando esse projeto, que é de muita importância para a cidade”, avaliou.

Ainda longe da definição do novo orçamento e de detalhes da obra, a certeza é de que será necessário apoio financeiro para transformar a estação em museu. Sem caixa para custear a obra, a Prefeitura tenta atrair não só verba da União, como investimento privado, com o uso da Lei Rouanet, que oferece incentivos fiscais às empresas que apoiam projetos voltados à cultura. “A Prefeitura não tem condições financeiras para pagar pela obra, por isso estamos buscando esse apoio da União ou de empresas. Acredito que o governo vai trabalhar conosco, pois esse é um patrimônio nacional”, frisou Ramos.

Reserva histórica do período da produção cafeeira no Vale do Paraíba, a Estação Ferroviária, inaugurada em 1877, sofre há anos com o abandono. O prédio teve o teto retirado, após colocar em risco quem poderia visitar o local.

Mato alto, lixo e sinais da ocupação de dependentes químicos formam o cenário da segunda maior estação do Estado de São Paulo (menor apenas que a Estação da Luz, na capital). Vários projetos de recuperação foram apresentados em governos anteriores, mas nenhum teve futuro.

Quem mora próximo à estação conta o cotidiano do prédio, em um dia a dia marcado pela presença de traficantes e usuários que se escondem entre as velhas paredes.

“Moro aqui há um ano, mas sempre morei em Cachoeira. Lembro da época em que pagávamos para andar de trem, era muito legal, mas abandonaram isso. É triste, porque tem gente que vem aqui para tirar foto desse matagal, dessa ‘coisa’ abandonada. Imagina se tivesse bem cuidada”, lamentou Selma Regina Bastos, que mora ao lado da estação e vê diariamente a deterioração do prédio.

“Se eles realmente fizerem isso, vai ser bom para todo mundo. Aqui antes ficava cheio de gente usando drogas, mas agora eles sumiram um pouco, porque a polícia está fazendo ronda” contou Selma.

O trabalho para reduzir a ação de traficantes na região da estação é realizado periodicamente em parceria com a Polícia Militar, segundo o prefeito. Além da PM, agentes Assistência Social e das secretarias de Segurança Pública da cidade e do Estado abordaram dependentes que utilizam o local como esconderijo. “Esse é um trabalho que deve ser feito com todo cuidado, pois é um caso de saúde pública. Temos encaminhado essas pessoas e reduzindo a ação dos traficantes”, garantiu Ramos.

A diarista Suelen Costa contou que passa diariamente pelo local, mais ainda não se acostumou com a presença de dependentes. “Eu passo aqui quase todo tarde, mas de noite a gente tem medo, porque é perigoso. Se sair mesmo esse museu, acho que vai melhorar. Pelo menos a gente espera”.

Mobilidade – Além do museu, a visita do prefeito e do deputado ao Ministério apresentou também o projeto para a construção de uma rotatória em frente ao Parque Ecológico Nelson Lorena, na Vila Carmen.

Na próxima terça-feira, Ramos volta a Brasília, onde vai apresentar o projeto para a restauração do teatro municipal. “Queremos criar um boulevard para acentuarmos o trabalho com o turismo. Hoje, o setor é focado apenas na Canção Nova, com pousadas, mas precisamos restaurar a arquitetura turística cultural para buscarmos o título de estância turística, pois a cidade recebe em média 1,3 milhão de pessoas ao ano”, comentou o prefeito.

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