Santa Casa de Aparecida pode fechar as portas do Pronto Socorro

Entidade questiona atraso de R$ 1 milhão no repasse da prefeitura

Santa Casa Aparecida (2)
A Santa Casa de Aparecida, que administra o Pronto Socorro: referência para Potim e Roseira (Foto: Arquivo Atos)

Rafael Rodrigues
Aparecida

O Pronto Socorro municipal de Aparecida, gerenciado pela Santa Casa da cidade, pode fechar as portas dentro de um mês. Pelo menos foi o que sinalizou a entidade nesta semana, depois de divulgar a falta de recursos para manter o serviço. Há quatro meses sem repassar a subvenção, a dívida acumulada da prefeitura com o hospital chega a R$ 1,2 milhão.

Os atendimentos de urgência e emergência para a população são de responsabilidade do município, que por sua vez realiza há dez anos convênio com a instituição, no qual é repassado um valor mensal para o custeio do serviço.
Atualmente, de acordo com a entidade, o repasse mensal da prefeitura gira em torno de R$ 250 mil, valor que segundo os administradores não chega nem a 50% do necessário para manter o atendimento de qualidade.

De acordo com o frei Francisco Belotte, presidente da Associação de Franciscanos que administra diversos hospitais pelo Brasil, a situação está cada vez mais insustentável em Aparecida. “Chegou o momento em que ultrapassamos quatro meses de dívidas, e temos que manter funcionários e médicos. Eu acredito que se não tiver uma ajuda do município de imediato, dentro de um mês fecharemos as portas para o Pronto Socorro”.

De acordo com o religioso, até agora a Santa Casa tem arcado com todos os custos do Pronto Socorro. “A urgência e emergência só tem funcionado devido a um ‘milagre de Deus’. Para se ter uma ideia, o que tínhamos depositado para pagar o décimo terceiro dos funcionários usamos para quitar as dívidas do PS, e isso não é de nossa responsabilidade. Já damos o prédio, a estrutura, o gerenciamento e não temos mais condições”.

Belotte ressaltou que já tentou diversas vezes sensibilizar o Poder Público quanto à situação financeira da entidade, entretanto, até o momento não conseguiu nenhuma resposta positiva da prefeitura. “Só com o prefeito anterior (Antônio Márcio Siqueira), já tivemos 4 vezes no Fórum, e isso mostra que estamos batalhando para que ele tenha consciência. Estamos em uma situação de ‘vida ou morte’”.

Prefeitura – Recém-empossado prefeito de Aparecida, Ernaldo Cesar Marcondes alegou que está fazendo o possível para quitar as dívidas do Executivo que, segundo ele, não são poucas.

“Estou priorizando os funcionários, e agora vamos ver a área da saúde. Mas eu ainda tenho que concluir a folha de pagamento, e tenho certeza que o frei irá entender e ponderar toda essa situação”.

Marcondes fez questão de dizer que a população não ficará sem atendimento, e prometeu que não pagará nenhum fornecedor da prefeitura sem antes fixar o parcelamento da dívida com a Santa Casa. “Eu não pagarei nenhum outro fornecedor enquanto não começar a quitar essa dívida com a Santa Casa para manter o Pronto Socorro da cidade. Eu também tenho certeza que não vamos ficar sem atendimento”.

A administração municipal informou ainda que o repasse mensal para Santa Casa é de R$ 300 mil, e que toda essa verba é de recursos próprios, por isso a dificuldade de manter o pagamento em dia.

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