Polícia Federal rastreia licitação com apreensões em Cruzeiro e Guará
PF investiga desvio de verba do Fundeb, com mandados em três estados
Francisco Assis
Região
Uma operação da Polícia Federal realizou buscas em prédios públicos de Cruzeiro e a uma casa em Guaratinguetá no início da última semana. A investigação, batizada de Operação Águia de Haia, é dirigida pela PF da Bahia e tenta reunir documentos que comprovem esquema de fraudes em licitações com desvio de dinheiro do Fundeb (Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação).
A operação foi iniciada em 2013, após denúncias de que serviços de informatização na área de educação básica, financiados com recursos do Fundeb, não estavam sendo devidamente prestados. A Polícia Federal baiana passou a investigar a empresa responsável.
O trabalho apontou que a fornecedora mantinha contratos em pelo menos vinte municípios do País, com sistema que beneficiava gestores municipais que recebiam propina para celebrar os contratos em São Paulo, Minas Gerais, Distrito Federal e Bahia, que seria o maior ponto de atuação da empresa.
Os mandados de busca e apreensão, cumpridos na última segunda-feira, chegaram às duas cidades na região. Os homens da Polícia Federal passaram pelos prédios da secretaria de Educação e pela Prefeitura de Cruzeiro, além de uma casa em Guaratinguetá, onde estaria uma pessoa ligada ao esquema.
Os materiais apreendidos seriam referentes a processos de licitação de 2009.
Apesar das apreensões, a Polícia Federal decidiu não revelar mais detalhes sobre os envolvidos, nem o valor desviado, apenas que a empresa responsável pelos contratos é de São Paulo. “Observamos que a empresa em questão é oriunda do Estado de São Paulo, havendo pontos de interesse para a investigação, especialmente na cidade de Guaratinguetá”, destacou a nota, encaminhada pelo delegado de Polícia Federal da Bahia, Tiago Pinheiro Sena.
O jornal O Vale publicou que a quadrilha teria desviado ao menos R$ 57 milhões de recursos do Fundeb. Entre os crimes no serviço prestado pela empresa, estaria o superfaturamento de programa de informática utilizado pelos alunos. O valor do software no contrato variou entre R$120 mil e R$ 460 mil por mês, enquanto no mercado custa até R$ 3 mil.
Os responsáveis pelas fraudes foram indiciados por delitos como crimes licitatórios, corrupção ativa e passiva e formação de quadrilha.