Após operação da PF sobre fraudes na Saúde em 2020, Piquete espera novos passos da apuração

Investigação sobre licitações tem desdobramento com buscas em Aparecida, Guará e Potim; indícios de manipulação levam a acusação sobre empresário

Ação dos policiais federais durante operação deflagrada na RMVale; investigação na área da Saúde (Foto: Reprodução PF)

Lucas Barbosa
RMVale

Apurando um esquema de lavagem de dinheiro e de fraudes em licitações na área da Saúde, a PF (Polícia Federal) deflagrou uma operação na manhã da última quinta-feira (15) em quatro cidades da região. O trabalho é um desdobramento de uma ação realizada no ano passado que investigou o desvio de verbas públicas em Piquete no último ano, ainda sob administração de Ana Maria de Gouvêa, a Teca (PSB).

De acordo com a PF de Cruzeiro, a operação, batizada de ‘Quid Pro Quo’ (expressão em latim que significa “tomar uma coisa por outra”), cumpriu 12 mandados de busca e apreensão em casas de empresários e funcionários públicos em Aparecida, Guaratinguetá, Potim, Taubaté e na capital paulista.

Apesar de afirmar que não pode revelar quais prefeituras têm contratos sob suspeita e servidores municipais investigados, a delegada da PF de Cruzeiro, Luciana Gebrim, informou que nove profissionais foram afastados de suas funções públicas.

Além dos membros do Executivo, um grupo de empresários sofreu o bloqueio de suas contas bancárias e sequestro de bens. Segundo a delegada, os integrantes da quadrilha são investigados desde a operação “Phármaco”, deflagrada
em 15 de maio de 2020 em Piquete. Na ocasião, os policiais apuraram fraudes em licitações, desvio de verba da
Saúde e superfaturamento no preço de medicamentos e insumos médico-hospitalares fornecidos à Prefeitura.

Um servidor municipal, que até hoje não teve sua identidade divulgada à mídia, foi afastado do cargo por envolvimento no caso. “Os materiais apreendidos na ação de Piquete revelaram a associação criminosa de um grupo de empresários responsáveis por fraudes em licitações em diversas prefeituras do Vale e outras regiões, sendo que um deles teve seu recolhimento domiciliar decretado na operação desta última quinta-feira”, explicou Luciana.

A delegada informou ainda que a próxima etapa do trabalho será a análise dos novos documentos e materiais apreendidos nas casas dos investigados.

Em nota oficial, a PF detalhou que o esquema consistia na “manipulação de orçamentos estimativos e na montagem de editais, com a entrega de produtos superfaturados, em quantidade inferior à do contrato. De antemão, já se sabia quem seria o vencedor, tendo em vista ajuste prévio realizado com servidores municipais que em troca recebiam vantagens econômicas (trecho do documento)”.

Caso sejam comprovadas suas participações no esquema fraudulento, os envolvidos responderão por associação
criminosa, corrupção ativa ou passiva, fraude em licitações e lavagem de dinheiro. Eles podem ser condenados até
29 anos de prisão.

Como a primeira operação da PF apurou fraudes no setor da Saúde da Prefeitura de Piquete em 2020, a reportagem do Jornal Atos solicitou um posicionamento da ex-prefeita (PSB), mas ela preferiu não se manifestar, afirmando que não está ciente do atual andamento das investigações.

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