Atos e Fatos

“O eleitor consciente usa o seu voto para mudar a sociedade em que vive.”

Urna eletrônica utilizada nas eleições de 2022; Professor Márcio Meirelles discute o voto distrital (Foto: Reprodução EBC)

Professor Márcio Meirelles

UMA SOLUÇÃO PARA O SISTEMA ELEITORAL BRASILEIRO: O VOTO DISTRITAL!

O sistema eleitoral brasileiro, baseado na representação proporcional, é alvo de críticas há décadas.
O alto custo das campanhas, a sub-representação de minorias e a fragmentação partidária são apenas alguns dos problemas que o sistema enfrenta.
Nesse contexto, o voto distrital surge como uma proposta alternativa que promete solucionar tais desafios.
No tocante aos gastos de campanha em distritos menores tendem a ser menos dispendiosas, diminuindo a influência do “dinheiro grande” na política e a primazia dos “donos de partido”.
A diminuição da dependência de grandes doadores pode reduzir a prática de compra de votos e outras formas de clientelismo.
O sistema pode fortalecer a ligação entre o eleitor e seu representante, pois os candidatos eleitos teriam um foco mais direto nas demandas locais.
A proporcionalidade entre votos e cadeiras conquistadas pode levar a um parlamento mais plural, com maior representatividade de diferentes grupos sociais e minorias.
Em princípio seriam estas as vantagens básicas, mas o sistema traz algumas desvantagens.
O sistema pode dificultar a eleição de candidatos de minorias, pois sua base de votos pode estar dispersa por diversos distritos com a concentração excessiva e as demandas distritais pode levar ao negligenciamento de questões nacionais e ao enfraquecimento da coesão social, que precisam ser discutidas.
Um outro aspecto o aumento da fragmentação partidária, um fato inconteste na política brasileira, pode dificultar a formação de maiorias estáveis no parlamento, dificultando a governabilidade (presenciamos hoje este fato).
Um aspecto a considerar o enfraquecimento da representação dos estados menores no Congresso Nacional. No nosso sistema atual suga dos Estados mais ricos e não desenvolvem as suas próprias potencialidades. Está na hora dos Estados menores se tornarem independentes do poder central.
A Constituição Federal de 1988 não define um sistema eleitoral específico para a eleição de deputados federais e estaduais, mas abre portas para a discussão do parlamentarismo, portanto, sugere o parlamentarismo, um longo caminho a percorrer.
A adoção do voto distrital no Brasil seria possível por meio de lei ordinária, desde que observados os princípios constitucionais, como a representatividade, a universalidade do voto e o sigilo do voto.
O voto distrital apresenta vantagens e desvantagens que precisam ser debatidas de forma ampla e profunda pela sociedade brasileira.
A decisão sobre sua implementação deve ser tomada com base em uma análise criteriosa dos impactos que o sistema teria em nosso sistema político e democrático.
Mas o sistema distrital misto não resolveria as críticas ao sistema distrital?
O voto distrital misto surge como uma possível resposta às críticas direcionadas ao sistema eleitoral brasileiro atual, buscando combinar os benefícios do sistema proporcional e do sistema distrital em um modelo
O sistema proporcional garante a representatividade de minorias e diferentes correntes de pensamento, enquanto o sistema distrital facilita a formação de governos coesos e majoritários.
Os candidatos eleitos em distritos teriam um foco mais direto nas demandas locais, fortalecendo a relação com o eleitorado.
Portanto, o sistema distrital pode incentivar a aglutinação de partidos em torno de plataformas ideológicas mais coesas, diminuindo a fragmentação partidária no Congresso.
A definição do número de distritos e da proporção de vagas a serem preenchidas por cada sistema (proporcional e distrital) é um processo complexo que exige debate aprofundado.
O sistema distrital ainda pode dificultar a eleição de candidatos de minorias, especialmente em distritos com forte hegemonia de um determinado grupo.
A criação dos distritos precisa ser feita de forma criteriosa para evitar a manipulação do sistema e garantir a representatividade justa de diferentes regiões e grupos sociais.
O voto distrital misto não é uma solução única e miraculosa para todos os problemas do sistema eleitoral brasileiro.
É fundamental um debate amplo e democrático sobre o tema, envolvendo diversos setores da sociedade civil, especialistas e representantes políticos.
A busca por um sistema eleitoral mais justo, transparente e representativo é um processo contínuo que exige diálogo e participação social.

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