Atos e Fatos

“Quando a taxa de juros cai, o efeito é nulo porque os bancos afirmam o que vale é o tal spread bancário”

Adriano Peralta

Entrada do edifício do Banco Central; Professor Márcio Meirelles comenta a política monetária (Foto: Reprodução EBC)

Professor Márcio Meirelles

OS JUROS DA DISCÓRDIA!

Na semana passada o Banco Central, com o voto de minerva do presidente Roberto Campos Neto, lacrou o início do ciclo de redução da taxa de juros.

Cortou 0,5 da taxa de 13.75%.

O comunicado divulgado após a reunião registra: mantendo o cenário esperado, os membros do Comitê, por unanimidade, anteveem uma redução de igual valor nas próximas reuniões.

Pelo andar da carruagem trata-se de um ritmo adequado para manter a política monetária de queda da inflação.

O caminho longo a percorrer deve ser feito com calma, parcimônia, com uma aterrissagem da taxa de juros prevista para o final de 2024.

A aterrisagem suave da taxa de juros explicada no comunicado para assegurar a estabilidade de preços que manterá o crescimento da economia nos mesmos parâmetros e o aumento gradativo do fomento do pleno emprego.

A posição do presidente do Banco Central em desempatar, pois metade dos membros do comitê optaram por uma redução de 0,25%, posição corajosa.

Por outro lado, não há como ressaltar que talvez o presidente do Banco Central tenha aliviado a pressão que vem sofrendo dos membros do governo, principalmente do presidente da república, em criticar a manutenção alta taxa de juros.

É possível, mas a taxa continua alta.

O risco que alguns analistas apontam é o ciclo de queda ter-se iniciado onde o setor de serviços ainda continua com uma inflação alta.

Aliás, apesar da nossa experiência no combate da inflação, vivemos um ambiente novo na economia.

O setor de serviços representa 70% do PIB (Produto Interno Bruto) posição que o setor primário e o secundário – o agronegócio e a indústria – ocuparam historicamente na economia brasileira.

O setor de serviços normalmente se comporta com um índice de inflação superior ao IPCA (Índice de Preço ao Consumidor Amplo) diante da sua amplitude e complexidade num mundo de novas tecnologias Daí, o fato do COPOM (Comitê de Política Monetária), em seu comunicado, reforçar a necessidade de preservar uma política de juros altos, contracionista, que combate a inflação e impede o crescimento das oportunidades de trabalho.

De qualquer forma, o início do processo de redução da taxa de juros estava no seu limite. A necessidade, estimular o consumo das famílias, aquecer o mercado de crédito.

O problema que um processo acelerado de queda da taxa de juros incrementa o consumo, gera emprego, mas traz na sua esteira a volta de inflação.

Este fato macroeconômico está sendo compreendido pela sociedade e a postura do presidente do Banco Central é correta, técnica, o que contrapõe a uma atitude popularesca do presidente da república, que pode ser traduzida por uma ignorância nos princípios macroeconômicos.

Imperdoável para um chefe de nação!

A crise da taxa de juros confronta uma realidade contrastante entre a política e a técnica: o abismo entre os membros do governo e de uma autarquia composta por servidores concursados e avaliados pela sua competência.

Vivemos anos que este contraste se torna cada dia mais claro quando analisamos as medidas de técnicos do governo e postos do executivo (repleto de políticos) e do poder legislativo.

Impressionante, os políticos não evoluem!

A importância do controle da inflação, o crescimento do país, a reforma tributária, um instituto legal que regula os gastos do governo, a abertura da economia para novos investimentos e como explicar a repetição do erro de governos anteriores na Petrobras?

A nova política de preços da Petrobras pode colocar em risco todo o esforço para o controle da inflação.

A recente decisão do governo em “estatizar” as Agências Reguladoras, institutos eminentemente técnicos, de defesa do consumidor e dos interesses do país, na mão de políticos.

É o fim! A ressurreição do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento). A sensação de que teremos uma nova matriz econômica II que levou o país a uma brutal recessão.

Até quando?

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