Todico e Dil renunciam à comissão e Rogéria é sorteada para investigar vereadoras que estamparam sua própria confissão
Comissão Processante apura conduta Thálitha, Adriana, que divulgaram conteúdo, além do envolvimento de Nenê; Max também entra para grupo, mas vereadora deve renunciar na próxima sessão
Thales Siqueira
Cachoeira Paulista
A sessão da Câmara de Cachoeira Paulista, na noite da última terça-feira (20), foi marcada por mais um episódio da polêmica sobre o áudio vazado com declarações sobre esquema de compra de votos na Casa. Os vereadores Agenor do Todico (PL) e Dil Fonseca (PSD) renunciaram suas vagas na comissão processante, que apura a divulgação do material. A mesma sessão indicou Rogéria Lucas (Podemos) para a apuração, a mesma vereadora flagrada no conteúdo.
O novo sorteio colocou, além de Rogéria, o vereador Max Barros (União) para integrar a comissão. Mas é a participação da parlamentar que coloca a investigação sobre pressão.
Rogéria Lucas foi flagrada em um áudio em que revela que quatro parlamentares teriam sido pagos para votar a favor das contas do ex-prefeito Edson Mota (PL). Na gravação, ela conta que pediu que Mota assuma as prestações do seu carro e cita o colega de Tribuna, Nenê do São João, como autor da oferta de R$ 5 mil a mando de Mota para aprovar suas contas e ir contra o parecer do TCE (Tribunal de Contas do Estado).
Rogéria diz ainda que a vereadora Ângela Protetora (MDB) também teria recebido R$ 5 mil e que Carlinhos da Saúde (PL) teve as prestações de seu carro pagas por Mota. O nome do vereador Dil também é citado no suposto esquema armado para favorecer o ex-prefeito e não atrapalhar a sua possível candidatura na próxima eleição, em 2024.
Apesar dos flagrantes, é a divulgação do material que está no foco da comissão. As vereadoras Thálitha e Adriana afirmaram acreditar que os envolvidos no áudio não deveriam participar da comissão por poderem agir com imparcialidade. “Eu tinha pedido para que os que estavam relacionados com o áudio não participassem da comissão, porém o presidente (Léo Fênix) negou o pedido relatando que não tinha previsão para isso”, destacou Adriana.
O presidente da Câmara, Léo Fênix (PSB), disse que não pode atender o pedido de Adriana. “A legislação não dá amparo legal para que o presidente da Câmara interfira na composição ou nos atos da comissão processante. A comissão exerce seus trabalhos com autonomia. Assim, os requerimentos da vereadora devem ser direcionados diretamente à comissão”, frisou Fênix.
Ainda na comissão, Ângela, revelou que não há uma previsão para a investigação ter início devido às trocas na comissão.
O áudio – Em sessão realizada no dia 30 de maio, o vereador Nenê do São João (PSB) fez uma denúncia contra ele mesmo com o propósito de investigar a suspeita da sua possível negociação de votos a favor do ex-prefeito Edson Mota (PL), além das vereadoras Thálitha Barbosa (PT) e Adriana Vieira (PTB) por acusação de descontextualizar os fatos e divulgar a gravação de Rogéria de forma inadequada.
Na ocasião, a processante foi aprovada por 11 dos 12 votos possíveis, e a comissão foi formada por Ângela como presidente, e os vereadores Brejão (PSC) como membro e Agenor como relator.
Na sessão da semana seguinte, após a denúncia ser aceita pela Casa, Brejão renunciou a sua vaga na comissão processante alegando também foro íntimo. Um novo sorteio foi realizado e o vereador foi substituído por Dil.
Após o novo sorteio realizado na sessão de ontem, Rogéria renunciou a sua vaga, mas o presidente pediu que ela formalizasse o pedido no departamento Legislativo.
“A Rogéria foi sorteada e logo em seguida já disse em Tribuna que irá renunciar. Terá um novo sorteio certamente”, revelou Ângela.
Caso a renúncia da vereadora se concretize, apenas os colegas de Tribuna, Felipe Piscina (União), Rodolpho Borges (Rede) e Carlinhos da Saúde (PL) estarão aptos a participarem de um novo sorteio para integrar a comissão processante.
Denúncias rejeitadas – Duas denúncias feitas por moradoras de Cachoeira com o objetivo de investigar o áudio vazado e os vereadores envolvidos foram rejeitadas pela Câmara.
A primeira solicitação de processante, feita pela moradora Helena Haritidis Luiz, no último dia 26, foi rejeitada por 7 votos a 4. A segunda solicitação, feita pela moradora Íris Mary Batista de Assis, no último dia 30, também foi rejeitada, desta vez por 9 votos a 3.