Transposição do Paraíba pode ser favorável para a região

Em períodos de seca, Vale poderá recorrer ao sistema da Cantareira; estrutura deve custar R$ 500 milhões

Allan Torquato – Região

A ANA (Agência Nacional de Águas) assinalou no último dia 5, a possibilidade da transposição do Rio Paraíba do Sul. A medida tem enfrentado resistência, mas um especialista da região aponta que a medida pode ser benéfica para as duas regiões. O projeto do governo prevê a transferência de cinco mil litros por segundo a partir da região de Jacareí até a bacia do rio Atibainha, ligado ao sistema Cantareira.

A crise hídrica tem afetado cerca de 13 milhões de pessoas na região metropolitana de São Paulo. Em março, o Governo do Estado anunciou o projeto para a recuperação do manancial em crise. Além do território paulista, a Bacia do Rio Paraíba corta os estados do Rio de Janeiro e Minas Gerais, abastecendo 15 milhões de pessoas e 184 municípios.

O hidrólogo da Universidade de Taubaté, Marcelo Targa, explicou que o sistema seria de mão dupla, ou seja, caso as cidades do Vale enfrentassem longos períodos de estiagem, assim como o vivido pela capital paulista, também seria possível levar água para o Rio Paraíba.

Outro aspecto importante seria a diminuição das enchentes em períodos de grandes chuvas. A obra possibilitaria que nas cheias, quando fosse necessária a abertura das coportas do sistema, parte da água do Cantareira fosse transportada para o Vale, evitando alagamentos nas cidades situadas abaixo da represa.

As cidades que captam água do Paraíba, como Aparecida, não seriam prejudicadas com a diminuição. O especialista analisa que durante o percurso do rio há varias outras nascentes que alimentam o Paraíba, o que não ocasionaria grandes prejuízos no abastecimento dessas cidades. “Até chegar às cidades que captam do Paraíba, outros afluentes vão engrossando a vazão”, explicou.

Para evitar longos períodos de estiagem o hidrólogo alerta para que um monitoramento constante seja realizado. “É importante um monitoramento automático do rio para dosar a quantidade da vazão. Os recursos seriam liberados das represas conforme a necessidade dos municípios”.

As obras para a transposição contemplam um trecho de 15 km, entre as cidades de Jacareí a Igaratá, e a água só será transferida para a bacia do Atibainha, quando o volume de água da represa for inferior a 35%.

A estrutura para a transposição deve ficar pronta em 14 meses e custará cerca de R$ 500 milhões.

Legenda: Bacia do Rio Paraíba do Sul que corta os estados do Rio de Janeiro e Minas Gerais, abastece 15 milhões de pessoas. (Foto: Arquivo Atos)

 

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