Região amplia condições para acolhimento no inverno

Lorena tem mais de cem pessoas vivendo em situação de rua; assistência é organizada por meio do Creas

Andréa Moroni
RMVale

Pessoas que vivem nas ruas são foco de planejamento de ações durante todo ano. Mas é no inverno que a preocupação aumenta. A estrutura de atendimento na região tem enfrentado não só as baixas temperaturas, mas também a necessidade de ampliar as condições para acolhimento.

Um levantamento da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais), o Brasil tem cerca de 206 mil pessoas em situação de rua até fevereiro, o que mostra um crescimento de 7,4% desde o último levantamento, realizado em novembro de 2022. O estado de São Paulo concentra 86.782 mil pessoas dessa população.

Ou seja, quase metade da população em situação de rua do país vive nas cidades paulistas. O levantamento tem como base nos dados do CadÚnico.

Lorena é um exemplo desse cenário. Segundo a secretaria de Assistência e Desenvolvimento Social, pelo menos 111 pessoas vivem em situação de rua no município. A secretária Francine Capella explicou que, somente em abril, a casa de passagem recebeu trinta novos usuários trecheiros (pessoas de outros municípios que ficam circulando pela região). “Existem muitas pessoas novas que estão no trecho. Quando identificamos essa situação, com criança envolvida, é realizada a intervenção juntamente com o Conselho Tutelar”.

Francine disse que a secretaria faz a identificação das famílias e de seus parentes através do CadÚnico. “Em março, identificamos uma família nessa situação e realizamos o encaminhamento, juntamente com o Creas (Centro de Referência Especializado de Assistência Social), para o município de origem. Eles eram de Itanhaém, litoral do estado. Nós fizemos contato com o Creas de Itanhaém e uma assistente social nossa levou a família de volta à cidade para encontrar os familiares”.

Das 111 pessoas que estão em situação de rua, 95 recebem benefícios por meio do CadÚnico. A secretária lembrou que o Creas, que auxilia na busca ativa todas as segundas-feiras, no período da tarde, para identificar essas pessoas e fazer o resgate. Mas muitos optam pela situação de rua, o que dificulta o trabalho. “Eles relatam que a população de Lorena acolhe muito bem, que ajuda, por isso, acabam optando por ficar nessa situação mesmo. Quando existe caso de dependência química, contamos com a intervenção da Secretaria de Saúde para o tratamento. Existe um convênio com a Casa Betânia”, contou a secretária.

A Casa Amando o Próximo, que recebe a população em situação de rua em Lorena, funciona 24 horas com a presença de assistente social e psicóloga. “Lá são oferecidos banhos, refeições, cadastro documental. Temos convênio no município para vinte vagas diárias”.

Com a aproximação do inverno e as temperaturas ficando mais baixas, a secretaria vai continuar a busca ativa, para identificar a demanda. “Esbarramos sempre na vontade individual, tendo em vista que não temos uma legislação que aponte como crime estar em situação de rua. Todos têm liberdade de ir e vir. E, deste modo, o nosso trabalho é por vínculo. É um trabalho de formiguinha porque muitos não aceitam tratamento, não aceitam viver em residência, já estão acostumados com a liberdade da rua”, concluiu Francine.

Cruzeiro – A cidade colocou em prática a “Operação Acolhida”, realizada pela secretaria de Assistência e Desenvolvimento Social, em parceria com a Associação Amando o Próximo. A nova edição do trabalho dever prosseguir até setembro e consiste em intensificar as buscas ativas às pessoas em situação de rua da cidade.

Funcionários da Prefeitura e da entidade percorrem as ruas durante a noite, abordando e acolhendo quem está nas ruas para o atendimento na Casa de Passagem, onde o atendido recebe abrigo e alimentação, além de trabalhar em conjunto com a rede assistencial do município, encaminhando os interessados a serviços como saúde, casas de recuperação e passagens, com a finalidade de inserir a pessoa novamente na sociedade.

Guaratinguetá – A secretaria de Assistência Social tem intensificado o atendimento a pessoas em situação de rua no município. A equipe técnica da secretaria realiza abordagens noturnas, que são ações preventivas com o objetivo de minimizar o sofrimento acentuado pelas baixas temperaturas.

A equipe oferece sacos de dormir, gorros, blusas de moletom e cobertores. Também dá orientações quanto às possibilidades de acolhimento, tratamento em comunidade terapêutica e ao trabalho do CAS, que oferece café da manhã, banho, almoço, passagens, segunda via de documentos, cadastro único e acolhimento emergencial, caso aceitem.