Investigação do “Caso Marco Aurélio” inicia escavações no Pico dos Marins, em Piquete
Polícia segue com duas linhas no inquérito, que busca respostas sobre desaparecimento do garoto escoteiro em 1985
Gabriel Mota
Piquete
A Polícia Civil de Piquete deu início ao trabalho de escavação nesta quinta-feira 929), como foi anunciado pelo delegado Fábio Cabett, responsável pela investigação sobre o desaparecimento do escoteiro Marco Aurélio Simon, em 1985, reaberta há duas semanas. O trabalho, além da Civil, conta com a equipe da Polícia Científica (com peritos e um médico legista) e da Prefeitura.
A determinação para a retomada do caso veio da Justiça, liberando a reabertura do inquérito. As autoridades trabalham com duas linhas: a possibilidade de que o escoteiro esteja morto e enterrado nas imediações da base do Pico dos Marins, e outra, em que ele esteja vivo.
A primeira linha é o motivo da reabertura do inquérito e parte da declaração de uma testemunha; uma moradora do local à época, que afirma ter visto algo similar a uma cova. De acordo com Fábio Cabett, a mulher relatou que, em 1989, ao se deparar com um trecho de ‘terra fofa’, pegou um pedaço de madeira e o inseriu no solo, por aproximadamente um metro de profundidade.
Para a escavação foi necessário a liberação judicial, já que o espaço analisado faz parte de uma Área de Preservação Ambiental. As mudanças na base do Pico dos Marins, como o alargamento da estrada de acesso, o surgimento ou o desaparecimento de árvores, ocasionadas no decorrer dos mais de trinta anos, também podem dificultar as buscas.
Com a liberação, os trabalhos de escavação foram iniciados na manhã desta quinta-feira. A área passou por um processo de mapeamento, que apontou, com uso de um georadar uma mancha sob o chão da casa, construída no local em que Marco Aurélio teria sido enterrado. O sistema estimou que a profundidade da cova seria de até dois metros.
Uma segunda linha de investigação, que estuda os indícios de que Marco Aurélio possa estar vivo, se baseia no reconhecimento de uma projeção de sua fisionomia atual por parte de algumas pessoas na região de Taubaté. Marco Antônio é irmão gêmeo univitelino do escoteiro que desapareceu em 1985 e, por meio de suas características físicas, foi feita uma imagem de como estaria Marco Aurélio hoje, caso fosse um morador em situação de rua.
Pessoas que viram essa projeção afirmam já ter visto um homem com características similares na rodoviária de Taubaté. “Já oficiei para a Prefeitura da cidade para verificar se eles têm um cadastro com fotos de moradores em situação de rua atendidos pela secretaria de Assistência Social. Já fizemos contato com a delegacia de Polícia lá de Taubaté” ressaltou Cabett. “A gente está pesquisando. Temos que ouvir muitas pessoas ainda” completou o delegado.
Aos 15 anos de idade, Marco Aurélio fazia parte de um grupo de cinco escoteiros que iniciou a subida ao Pico dos Marins, no dia 8 de junho de 1985.
A excursão foi interrompida quando um dos garotos se lesionou e não pôde mais andar. O líder da equipe, único adulto, designou tarefas e pediu que Marco Aurélio fosse à frente, abrindo caminho em meio às trilhas, para facilitar a passagem dos demais na volta à base, onde estavam acampados.
O jornalista Rodrigo Nunes, atual secretário de Turismo de Piquete, estuda o inquérito desde 2005 e é autor de uma trilogia de livros sobre o caso.
De acordo com os documentos e depoimentos colhidos por ele, a equipe só confirmou o desaparecimento do garoto ao chegar na base do pico na manhã seguinte. “O chefe e os escoteiros ficaram perdidos durante a madrugada toda, mas imaginaram que o Marco Aurélio tivesse pegado o caminho correto. Quando ao chegar ao acampamento, o chefe abre o zíper da barraca, percebe que o garoto não havia chegado. Daí para frente, as buscas se iniciam”.