Bombeiros acreditam que sinalizador pode ter causado incêndio no Pico dos Marins

Montanhistas têm horas de medo após fogo tomar conta de mata; investigação tenta identificar responsável

Montanhistas resgatados por equipe dos Bombeiros após incêndio que tomou parte do Pico dos Marins, no último final de semana (Foto: Leandro Oliveira)
Montanhistas resgatados por equipe dos Bombeiros após incêndio que tomou parte do Pico dos Marins, no último final de semana (Foto: Leandro Oliveira)

Estéfani Braz
Leandro Oliveira
Piquete

A Polícia investiga as causas do incêndio que tomou parte do Pico dos Marins no último final de semana. De acordo com bombeiros e campistas que estavam no local, rastros indicam o que teria gerado o fogo que causou horas de pânico.

Um grupo de cinquenta montanhistas foi resgatado pelo Corpo de Bombeiros, na manhã do último domingo, após um incêndio de grandes proporções atingir uma área de vegetação do Pico dos Marins, na região entre Delfim Moreira-MG e Piquete.

Ao perceber o fogo, um morador de Marmelópolis-MG usou o Facebook para fazer o apelo “Alerta geral! Fogo agora no Pico dos Marins!”, alertou em uma página da Associação de Montanhismo e Proteção da Serra da Mantiqueira, na rede social.

Um grupo de campistas, que estava no local, também fez o apelo por meio das redes sociais. Raquel Vieira acampava no Pico e conseguiu informar amigos com postagens durante anoite.

“Galera, estou acampada no Pico do Marins. Algum incompetente colocou fogo na montanha. Por favor compartilhem ou liguem para os Bombeiros… Não estamos conseguindo… Ou algum voluntário aí de plantão… O fogo está se alastrando rapidamente… não ah (sic) como subir para o cume… Nem como descer… Por favor ajudem!”, relatou a jovem de 25 anos, por volta das 22h.

Ela seguiu informando e reforçando o apelo. “Não estamos bem. Precisamos de ajuda. O sinal aqui eh (sic) muito ruim. Só pega em um local”.
Por volta das 4h, uma equipe do Corpo de Bombeiros conseguiu chegar ao local. Além de bombeiros de Lorena, cidade que atende a região de Piquete, homens de Guaratinguetá, Pindamonhangaba e voluntários dos Bombeiros de Taubaté ajudam nos trabalhos.

A irmã de Raquel, Ana Paula Fernandes, relatou que a família estava desde às 3h de domingo aguardando a descida da turista. “A minha irmã veio fazer a trilha, e por volta das 19h30 (de sábado) mandou no Facebook uma foto pedindo socorro, que diz que a queimada estava subindo cada vez mais. Aí começamos a acionar bombeiro, compartilhar nas redes sociais pedindo para várias pessoas ligarem para os bombeiros. Por volta de nove horas da noite nós saímos de casa”.

Uma equipe do Corpo de Bombeiros se deslocou até o local para conter o incêndio, e passou a noite com os turistas, que deram cobertas e comida para os socorristas. No domingo pela manhã, após o fogo ter sido controlado por volta de 9h, os grupos foram descendo aos poucos.

Os campistas que passaram a noite no pico se dividiam sobre o que teria causado o incêndio. Para alguns, uma inexperiência de algum turista que teria feito uma fogueira e acabou perdendo o controle. Para outros, um sinalizador.

O montanhista de Jundiaí, André Perlate, afirmou que viu panelas próximas ao local onde o fogo poderia ter sido iniciado. “A hora que a gente desceu, passamos num riozinho. Lá de cima, achei que fosse nesse ponto o foco inicial, mas era um palpite porque era muito longe, não dava pra ver direito. Na hora que a gente passou esse ponto, vimos coisa de uns seis metros para fora da trilha, uma panela. Parecia que alguém fez uma fogueira perdeu o controle e a pessoa largou a panela lá”, relatou.

O grupo de Raquel Vieira foi o último a descer. Por volta de 13h30 eles chegaram à base e a emoção tomou conta da família. “Eu não consegui dormir por causa da fumaça. O vento começou a trazer a fumaça e a gente começou a ficar com medo de morrer”.

Resgate – O comandante do 3º Subagrupamento do Corpo de Bombeiro, capitão Paulo Roberto Reis, explicou como foi o resgate dos montanhistas. “Na noite de sábado nós tivemos inúmeros chamados informando sobre um incêndio no Pico dos Marins e que havia cerca de sessenta pessoas presas, com a possibilidade do fogo chegar até lá. De imediato já mandamos vinte bombeiros. Eu estive no local e realizamos a subida dos bombeiros. Inicialmente subimos com dez homens, a subida foi bastante complicada. Não recomendamos que nenhum turista faça essa subida no período da noite, porque é bastante complexa”.

De acordo com as informações repassadas à corporação, um sinalizador teria sido a causa do incêndio. “Demos continuidade à subida e notamos que o fogo era muito grande. Segundo informações de alguns turistas, um grupo foi fazer brincadeira com sinalizador e devido à estiagem acabou pegando fogo e eles perderam o controle”.

A trilha foi coberta pelo fogo, o que impossibilitou que os grupos realizassem a descida. O Corpo de Bombeiros conseguiu fazer liberar o acesso e pela manhã os grupos iniciaram as descidas.

Para o capitão, a identificação do responsável será complicada. “É triste olhar para o Pico dos Marins e ver uma área imensa queimada pela imprudência de uma pessoa que foi visitar o local. Acredito que seja difícil identificar o infrator, porque quem fez isso, na hora que se deparou com a grandiosidade do incêndio, acabou indo embora”.

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