Polícia investiga ataque racista contra jogadora de basquete de Pinda
Atleta denunciou agressor após mensagens com injúria racial na internet após derrota do time; criminoso ainda não foi identificado
Da Redação
Pindamonhangaba
A Polícia Civil segue investigando o caso de injúria racial sofrido na semana passada por uma jogadora do time de basquete feminino de Pindamonhangaba. A atleta foi vítima de ofensas racistas na internet após a derrota de sua equipe em uma partida válida pela Copa São Paulo.
Desde o último dia 26, o cotidiano tem sido angustiante para a ala-pivô do Basquete Feminino Pinda, Rhayssa Jhennyfer Braz de Souza, 20 anos. Com passagem pelas categorias de base da Seleção Brasileira, a atleta foi alvo de preconceito depois da derrota de seu time no clássico contra São José dos Campos. Disputada na quadra do Ginásio João do Pulo em Pinda, a partida teve um placar apertado de 49 a 39.
Como se não bastasse a frustração pelo resultado, ao chegar em casa, Rhayssa teve uma desagradável surpresa ao acessar sua conta na rede social Instagram. Ao abrir as mensagens enviadas por um homem, aparentemente estrangeiro ou que utilizava um perfil falso, a esportista se deparou com frases ofensivas, que contavam com xingamentos como: “macaca”, “feia”, “estúpida” e “incompetente”. Além de desejar a morte da jovem, o criminoso a enviou uma figurinha de um macaco.
Abalada com a situação, Rhayssa procurou o apoio de uma amiga, madrinha de sua filha de apenas cinco meses, e mostrou as mensagens que havia recebido. Indignada, a outra jovem decidiu tirar satisfação com o internauta. Questionado, o homem se desculpou e alegou que agiu de forma impulsiva, pois havia perdido R$ 10 mil ao apostar na vitória do time de Pinda. Após a amiga de Rhayssa afirmar que denunciaria o crime, o racista decidiu bloquear a dupla no Instragram.
Já na tarde da última sexta-feira (28), a vítima e o treinador da equipe Basquete Feminino Pinda, Roderson Salvador, foram à secretaria de Negócios Jurídicos buscar orientação do procurador geral, Carlos de Toledo. Na ocasião, a atleta registrou um boletim de ocorrência por meio da Delegacia Eletrônica da Polícia Civil de São Paulo.
Durante entrevista à reportagem do Jornal Atos nesta quarta-feira (3), a esportista desabafou sobre o crime e relatou como ele tem afetado sua rotina. “Essa situação me machucou muito, é até difícil falar dela sem chorar. Não sei o que leva alguém a ser tão desumano nesse ponto de ser extremamente racista e ainda desejar a morte do outro. Estou muito abalada com tudo isso, estou tendo até mesmo dificuldade em treinar. Apesar dessa dor, faço questão de falar na imprensa e seguir lutando para que essa pessoa seja punida. Torço para que a justiça seja feita e mais ninguém passe pelo que estou passando”.
O prefeito em exercício de Pinda, Ricardo Piorino, afirmou que a Prefeitura, que mantém o time de basquete, seguirá acompanhando de perto o caso. “Trata-se de um crime grave. Uma ofensa de injúria racial. Vamos defender a Rhayssa e usar os meios legais para encontrar o agressor. Confio na Polícia e na Justiça. Não toleramos atos de racismo, injúria racial, discriminação ou qualquer espécie de preconceito. A sociedade precisa evoluir, debater essa questão, que infelizmente vem ocorrendo com tanta frequência no país”.
Procurada pela reportagem do Jornal Atos, a secretaria de Segurança Pública do Estado informou que a Polícia Civil segue investigando o caso de injúria racial e vem realizando diligências para tentar identificar o autor do crime.