Saqueada, fábrica abandonada vira reduto de usuários de drogas em Lorena

Moradores do Parque Mondesir cobram ações do proprietário; prédio continua sendo saqueado

Interior de prédio de fábrica desativada em Lorena lembra cenas de guerra; local virou novo esconderijo de dependentes químicos na cidade (Foto: Lucas Barbosa)
Interior de prédio de fábrica desativada em Lorena lembra cenas de guerra; local virou novo esconderijo de dependentes químicos na cidade (Foto: Lucas Barbosa)

Lucas Barbosa
Lorena

Quase um mês e meio após o decreto de falência da Dental Prev, a sede da antiga fábrica, em Lorena, tornou-se alvo de reclamações das famílias do Parque Mondesir. Os moradores denunciam que o local, abandonado, virou ponto de usuários de drogas e até mesmo prostituição.

Sem condições financeiras para arcar com os salários e direitos trabalhistas de mais de 150 funcionários, o proprietário da Dental Prev, Antônio Durigan, decretou a falência da empresa no dia 14 de setembro. Desde então, a sede da antiga fabricante de produtos de higiene pessoal tornou-se alvo de constantes saques. Além do restante de mercadorias, saqueadores furtaram a estrutura metálica, fiação elétrica, portões, grades, canos e calhas do prédio.

A reportagem do Jornal Atos esteve na tarde da última segunda-feira em frente ao prédio e presenciou um grupo de homens, que contava até mesmo com a ajuda de adolescentes, para levar uma grande quantidade de bloquetes do local.

Com o abandono do prédio, que ocupa espaço equivalente a quase meio quarteirão, moradores do Parque Mondesir denunciaram que o local passou a ser “visitado” diariamente por dependentes químicos. “Um monte de viciados que ficavam se drogando num lugar, conhecido como Cachoerinha, que tem uma entrada perto da Lagoa, migraram ali para a Dental Prev. No último sábado mesmo flagrei três homens e uma mulher, visivelmente drogados, entrando ali”, denunciou o operador de guindaste, Carlos Santos, 31 anos.

O operador afirmou que desde a desativação da fábrica, os moradores da região tiveram sua rotina alterada. “Ninguém mais tem coragem de fazer cooper ou caminhada ali perto da Dental Prev. É muito perigoso você estar passando ali e te puxarem para dentro para assaltarem. É vergonhoso o ex-proprietário não tomar nenhuma atitude para cercar aqui”.

Uma professora de educação infantil, de 37 anos, que pediu para não ser identificada, revelou o sentimento de insegurança das famílias que moram próximas à fábrica desativada. “Em primeiro lugar é um absurdo uma empresa ser saqueada deste jeito e ninguém fazer nada. Pior ainda é esse ponto, que é tão grande, ficar totalmente aberto assim. Na última sexta-feira, a minha empregada estava chegando para trabalhar de manhãzinha e viu dois homens drogados, que aparentavam serem moradores de rua, discutindo feio lá dentro da fábrica. A Prefeitura tem que multar o dono daqui, porque não é certo virarmos reféns desta situação”.

Posicionamento – Em nota oficial, a Prefeitura de Lorena informou que verificou a área e está tentando localizar o proprietário para que seja notificado visando o fechamento do local.

O Jornal Atos solicitou um posicionamento da Polícia Militar sobre o caso, mas até o fechamento desta edição nenhuma resposta foi encaminhada.

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