Projeto polêmico altera horário das sessões em Lorena
Proposta que passou com resistência entra em vigor nesta segunda-feira; ordinárias passam paras às 14h
Rafaela Lourenço
Lorena
Os vereadores de Lorena aprovaram um projeto de resolução que altera o horário das sessões das 18h para às 14h. A proposta recebeu três votos contrários e entrará em vigor nesta semana.
Aprovado por 13 parlamentares, o projeto da mesa administrativa teve três votos contrários dos vereadores Fábio Longuinho (PSC), Samuel de Melo (PTB) e Adevaldir Ramos (PRB). Presente na sessão, Fábio Matos (PC do B) não participou da votação, mas garantiu que seria contrário à medida, que tinha como justificativa a redução dos gastos com o dinheiro público, como na conta de energia elétrica e o pagamento de horas extras de funcionários; evitar que as sessões atinjam horários elevados que dificultam a participação da população, além de abranger o maior número de pessoas acompanhando os trabalhos da Casa.
O vice-presidente Maurinho Fradique (PTB) afirmou que o novo horário dará mais visibilidade do que o anterior. “Acho que estamos no caminho certo. Nos próximos dias esperamos ter uma divulgação maior, para que as pessoas que não puderem ter acesso ao vivo, seja por motivo de trabalho, possam acompanhar também logo mais, os trabalhos realizados”.
Durante a última sessão, o clima esquentou com a entrada de um requerimento em regime de urgência para a votação do projeto. O assunto causou polêmica no plenário. O vereador Anderson Aparecido Pinto, o Careca da Locadora (PV) apesar de ser favorável ao projeto, sugeriu a realização de duas sessões na semana, para que os projetos não sejam prejudicados. Já o Adevaldir Ramos justificou seu voto alegando que alguns vereadores possuem outras atividades profissionais (ele usou como exemplo Washington da Saúde-PPS, que trabalha como motorista de ambulância). Ramos ressaltou ainda que a população deveria ter sido ouvida primeiro antes do projeto ser debatido.
Para Longuinho, a mudança agravará o índice de participações públicas devido ao horário de trabalho e à resistência a participar da política. “Não é grande a participação atual, mas este horário impedirá ainda mais a população de acompanhar, como em algumas sessões noturnas em que o plenário esteve lotado. Acredito, queira estar errado, que isso não vai acontecer mais”, frisou.
A favor da mudança, Bruninho Ribeiro (PPS) defendeu o novo horário por trazer economia a Câmara. “Não vejo retrocesso e sim um avanço. Acredito 100% que as pessoas interessadas no que está acontecendo, seja na sua cidade ou onde for, vão buscar saber, independente do horário. Estamos aqui a favor da população e se for preciso, a gente muda de novo”.
Ao contrário do posicionamento do parlamentar, moradores de Lorena questionaram a postura dos vereadores. “Não concordo porque às 18h já é difícil, agora às 14h quem vai participar? As pessoas que trabalham nem vão lembrar do horário. Muito difícil”, opinou o taxista José Germano, de 52 anos.
Os comentários contrários prevaleceram. O vigilante Edvaldo Pedroso, 49 anos, contou que foi apenas uma vez na sessão e não voltou mais. “Fui para conhecer, mas a gente leigo e vê aquela bagunça. Não entendi nada e não fui mais, mas acho errado. Seria melhor duas sessões”.
Quem também questionou e defendeu a realização de duas sessões foi o comerciante Carlos Alberto, de 60 anos. Carioca, ele está há mais de duas décadas em Lorena. “Economia? Vai apagar a luz a tarde? Vão desligar o ar condicionado? Acho que não. Agora, tem que estender a sessão até de madrugada? Não tem necessidade. Tem que ser mais sucinto o assunto. É sim ou não. E não debater sem conhecimento”.
Para Carlos, a falta de participação é cultural. “Somos alheios a este tipo de atividade. Povo brasileiro não tem essa interação com o mundo político. Falha nossa”.