Marcondes questiona posicionamento da Câmara após excessos de ataques na tribuna
Prefeito aguarda posicionamento do STF sobre taxa dos Bombeiros e lamenta votação sobre Zona Azul
Da Redação
Lorena
Administrar Lorena não é tarefa fácil. O prefeito Fábio Marcondes (PSDB) teve no primeiro mandato uma leve prévia das dificuldades, mas nada perto do que ele enfrenta no segundo, iniciado em janeiro deste ano.
Com direito a uma oposição pesada, ele encara também dificuldades com a crise nacional e até mesmo ataques pessoais, enquanto tenta encaminhar projetos como a construção da escola do Sesi e negociações para novos empreendimentos na cidade.
Na última quarta-feira ele visitou os estúdios do Jornal Atos, onde participou do Programa Atos no Rádio. Em entrevista a Eder Billota e Milton Silva, Marcondes destacou a atenção com os Bombeiros após a decisão do STF (Supremo Tribunal Federal) que barrou a taxa que mantém o serviço, e a votação na Câmara que rejeitou a implantação do Zona Azul, um dos passos do Plano de Mobilidade Urbana.
Jornal Atos – O que chegou ao senhor com relação à decisão do STF sobre a taxa dos Bombeiros? Já há uma informação sobre como ficará o serviço na cidade?
Fábio Marcondes – Soube disso na tarde desta quinta-feira, mas o que há ainda é apenas a matéria, não houve a publicação desta decisão, com as informações de como vai ser e se vamos devolver taxa. Caso a Prefeitura tenha que fazer a devolução da taxa, não tenho a mínima ideia de como isso será feito.
Primeiro que investimos bastante dentro de um saldo e essa devolução tem que ser tratada orçamentariamente, para sabermos se será em forma de precatório, ação judicial ou determinação. Mas hoje não temos essa posição.
Atos – O quanto isso preocupa com relação ao atendimento dos Bombeiros?
Marcondes – A questão da devolução não preocupa tanto. O que mais preocupa é ficar sem o Bombeiros. O que deixamos claro é que a Prefeitura não tem recursos para manter essa estrutura. Hoje, em nosso convênio, o Estado entra com a mão de obra e ainda com os caminhões, que com o tempo será repassado a nós, enquanto a cidade tem um gasto alto com a compra de equipamentos, a manutenção do prédio muito bom que construímos, a alimentação dos bombeiros e o dia a dia. Então essa resposta quem terá que dar é o governador Geraldo Alckmin (PSDB).
Atos – Essa informação chegou à cidade até mesmo com gente dizendo que já era só para a população passar na Prefeitura para pegar o dinheiro. Houve algum problema devido a esse tipo de divulgação?
Marcondes – Infelizmente tem gente que ainda trata esse tipo de questão, que é séria, com anarquismo, falta de responsabilidade e respeito com à população. São pessoas irresponsáveis, que buscam o “quanto pior, melhor”, mandando as pessoas irem até à Prefeitura para receber, como se pudéssemos fazer um cheque. Isso é irresponsabilidade.
Atos – O senhor hoje trabalha em tempos difíceis, inclusive falando em âmbito federal com tudo que está acontecendo. Como isso influencia no dia a dia de um município como Lorena?
Marcondes – Primeiro precisamos falar a verdade. Não se pode criminalizar somente a questão política, até porque esta é uma questão da sociedade. Tanto é que começou com empreiteiros, frigoríficos e daqui a pouco, acredito que serão bancos. Hoje, o que acontece é uma promiscuidade da política e não podemos fazer isso, até porque nosso âmbito é o da democracia. O que acompanhamos diariamente é que a sociedade vem se corrompendo. Para mim, a saída democrática são as regras do jogo.
Essa instabilidade afeta a economia, afeta a tudo e a todos e chega às cidades. Há esse interesse de criminalizar e jogar tudo neste caldeirão. Isso em Lorena, por exemplo, que é uma cidade que está em ordem, em que a Prefeitura com toda a dificuldade tem conseguido prestar seus serviços, mas a situação no geral é gravíssima.
Atos – Essa crise compromete os recursos pragmáticos que chegam da União?
Marcondes – Ainda não aconteceu. O que há é a redução devido à atividade econômica menor, desde 2015, e essa redução está refletindo porque todos os repasses são feitos na média dos dois últimos anos, então ainda sentimos isso. Ainda é difícil saber se vamos cumprir o orçamento ou não, porque começo de ano sempre há a questão da arrecadação, mas tem que ter responsabilidade, porque tem prefeito que não tem e chega em novembro e dezembro e não se consegue pagar nem o 13º. Por isso estamos com os pés no chão. O que queremos é cumprir o orçamento.
Hoje, não podemos pensar grande e sim ter responsabilidade. Agora, com tudo isso, a máquina federal está funcionando. As verbas do asfalto estão chegando, as obras. Então o que vemos é que a parte administrativa do Governo Federal está funcionando.
Atos – Fazendo um paralelo com o que está acontecendo em Brasília, guardada as proporções e as motivações, essas ações que tentam mostram uma condição ruim, anarquizada, como se a cidade estivesse em uma condição ruim, dificulta quanto seu trabalho?
Marcondes – O que há é uma tentativa de me criminalizar, pegando qualquer tipo de erro e utilizando com uma má-fé, fora a questão de que temos hoje uma oposição anárquica, que tem um ódio pessoal contra mim. Isso prejudica a sociedade. Estava explicando isso ao Dom João (bispo da Diocese de Lorena), da necessidade da sociedade se mobilizar para analisar isso.
Há um foco em mim, de quem não aceitou duas derrotas, uma sede pelo poder, e com isso Lorena está vivendo um tipo de situação que não precisava viver, com agressões pessoais. Por exemplo, temos um vereador que estava com o carro estacionado em cima da calçada, dando um mau exemplo e foi multado. Na sessão seguinte, foi à tribuna e insultou o secretário de Trânsito, dizendo que ele era ladrão. Que sociedade é essa que estamos vivendo? Acho que a população não pode aceitar isso, até porque é de tanto falarem e fazem que essas pessoas trabalham como se fossem uma mensagem subliminar, que acaba colocando essas ideias nas cabeças das pessoas. Outro exemplo é a situação que aconteceu na garagem (em abril, o prefeito e vereadores de oposição se confrontaram na porta da garagem, quando o grupo de parlamentares tentava entrar no local para fazer filmagens, sem solicitação).
Uma pessoa me disse que a população ficou do meu lado, porque aquelas pessoas que tentaram entrar na garagem não tem crédito, mas que de tanto falarem podem tirar o meu crédito. Por isso que eu digo até que nesta mão, o presidente da Câmara precisa termais pulso. Está sendo muito ausente. Ele tem que articular mais, se manifestar. Não dá pra vereador ir a tribuna dizer que o secretário roubou tinta para comprar colchão, sem nenhuma base para isso. Tem que haver um limite.
Atos – Sobre mobilidade urbana, a Câmara vetou a criação da Zona Azul (leia texto na página 3). Como o senhor recebeu essa situação?
Marcondes – Estou respeitando toda a decisão, mas o que vimos foi que dois vereadores encabeçaram isso e que foi uma rejeição política. Para a votação, não se falou na parte técnica, na questão da mobilidade, Tanto é que o sujeito da internet disse “chupa prefeito”. O que nível! Ridículo para quem se diz representante do povo. Em outro caso, como o do vereador Samuel, chegou a mim e disse que não concordava com a Zona Azul. Tentei mostrar a ele a importância, mas ele não concordou. Neste caso eu respeito. Mas quem perde é a população, pois não seria tributar a população, mas sim um complemento ao trabalho de mobilidade, para minimizar dificuldades no trânsito, como o que acontece no fim da tarde, no momento em que as pessoas estão saindo do trabalho e as crianças das escolas.
Atos – O vereador Bruno Ribeiro lembrou na Tribuna que já existia um projeto de Zona Azul aprovado anteriormente no período Dr. Paulo Neme. Tem conhecimento?
Marcondes– Tem uma lei. Na verdade, quando você pega leis muito antigas, tem que mandar um novo projeto de adaptação e essa lei tinha um problema de um convênio com a Acial com relação a venda de cartelinha para o Zona Azul, pra ela (associação) ter uma comissão com aquilo. O Jurídico está levantando uma saída para implantarmos o Zona Azul com o estacionamento rotativo. Agora, se chegar em mim um abaixo assinado de todos os comerciantes que não querem, não vai ter. Mas a questão ficou meramente política. Eu estive com vários comerciantes nas discussões sobre a ciclovia, e tem vários comerciantes que se manifestaram a favor da Zona Azul, que tecnicamente é correta.